sábado, 31 de março de 2012

Águas de março transbordam no Oeste da Cidade

As águas de março que caem em Fortaleza em 2012, procuram seus leitos, seu solo, suas lagoas, açudes, rios e riachos e encontram asfalto, canais de cimento, lixos, esgotos e uma selva de pedra sem mais verdes e belezas naturais. 

imagem: prefeitura municipal

As consequências disso já podem ser sentidas com a primeira chuva prolongada que aconteceu na cidade dia 27 de março, causando transtorno no transito da Avenida Perimetral a altura do bairro Antônio Bezerra, local onde acontece o mesmo problema ao longo dos anos. Podemos ver também a represa das águas que invadem casas onde já foi leito de uma lagoa entre os bairros Autran Nunes e Antônio Bezerra à altura da Ponte do Pau da Veia.
 Os Meios de comunicação estão mostrando o alto volume d’água no sangradouro do açude da UFC no Campus do Pici invadindo os laboratórios da piscicultura e isso acontece devido os seus afluentes terem sofrido aterramento, virado canais com cimento, construções de casas onde já foi leito de riachos e agora são ruas asfaltadas dos bairros: Parque Universitário, Pan Americano e Bela Vista. 


Há uma situação curiosa também no lado Oeste relacionada com a convivência urbana de dois órgãos federais, UFC – Campus do Pici e CHESF pelo fato de serem um tanto quanto  descompromissados com a questão urbanística da cidade nos espaços que ocupam. Pois, estas duas instituições públicas federais, são responsáveis por alagamentos e aterro de mananciais hídricos, a princípio o linhão da CHESF que contribuiu para o aterramento da Lagoa do Autran Nunes e podemos ver isso nas imagens de televisão (Barra Pesada) onde os postes estavam no centro das águas represadas.  

foto: jangadeiro online

Enquanto isso, na área verde que fica em terreno da UFC – Campus do Pici entre a Av. Mister Hul e a Perimetral está instalada Estação da CHESF que aterrou parte do espaço verde e é também nesse trecho onde as águas do Riacho Alagadiço e o Sangradouro do Açude da Universidade se encontram e ao chegar na av. Perimetral e Rua Rui Monte transborda por cima da pista impedindo o tráfego de veículos e grandes engarrafamentos como fica visível nas matérias da TV Diário. Esse trecho já sofreu muitos aterramentos de particulares sem nenhuma intervenção dos órgãos fiscalizadores, mesmo com denuncias de moradores e matérias de jornais e televisivas.

foto jangadeiro on line
Isso tudo simboliza uma cidade sem planejamento, sem poderes constituídos, onde o público, o privado e o indivíduo determinam “leis” conforme os interesses da propriedade, do capital e da própria. Essa é a cidade em que vereadores, executivo e população cometem os maiores crimes ambientais quando trocam voto por asfalto em becos e ruas causando maior aquecimento e grandes enchentes. 
Mas afirmo que não é por falta de projeto para estes espaços, porque é exatamente neles onde lutamos pela elaboração do Projeto Parque Rachel de Queiroz e desde 1995 está no papel sem nenhum planejamento orçamentário para sua execução, o que impediria os crimes ambientais nas margens e leitos do Riacho Alagadiço e Riacho Cachoeirinha e beneficiaria a população de 21 bairros do lado Oeste da Cidade.  


Leonardo Sampaio: É escritor, poeta e educador popular. Militante do movimento sócio - cultural - ambiental de Fortaleza.

transcrito do site: http://www.parqueracheldequeiroz.org/


As águas de março em Fortaleza não podem ser cantadas em versos  nem são promessas de vida no coração dos moradores, como na bela canção do Tom Jobim. Pelo contrário, trazem prejuízos, desesperos e deixam muitos desabrigados. E o problema não se restringe a Zona Oeste da cidade, sim porque se estivesse restrito a um local poderíamos nos dar ao luxo de ter esperanças.  Mas como podemos ver, toda a cidade foi afetada. E vem sendo afetada todas as vezes que cai um toró. Cadê as providências, cadê os consertos, cadê as autoridades que ganham fortunas para administrar a cidade?
... É pau, é pedra, é o fim do caminho.

Um comentário:

Jonny Keys disse...

Eh, eu que sou de Brasília ainda me pergunto, que por** estou fazendo aqui.