domingo, 11 de março de 2012

História Edificada

Casa na avenida Santos Dumont em 1957 (Acervo IBGE)

O crescimento vertiginoso de Fortaleza da década de 1970 para cá, teve consequências devastadoras e irreversíveis para o patrimônio cultural edificado da cidade. Nos últimos 35 anos, Fortaleza passou por um processo de destruição de seu patrimônio construído.
As demolições atingiram principalmente as áreas onde a especulação imobiliária atuou com maior intensidade, como a zona leste, compreendida pela Aldeota e bairros vizinhos. O que sobrou, não se deve à atuação do poder público, mas à falta de interesse dos especuladores, como os casarões que ainda podem ser encontrados na Parangaba e no Jacarecanga, bairros que não tiveram interesse imobiliário nas últimas décadas. 

  Segundo Marciano Lopes, a casa pertenceu a Oscar Pedreira
O Bangalô de Aristides Capibaribe uma das mais imponentes construções do bairro Jacarecanga, está entre os espaços que possuem processo de tombamento em curso. Localizado na Avenida Filomeno Gomes, ainda abriga uma família. Marcado pela má conservação, o lugar vai se mantendo como pode. Mesmo com as paredes descascadas e janelas quebradas, o bangalô é um dos símbolos da história de Fortaleza.(fotos Arquivo Nirez e Diário do Nordeste)

Uma boa parte das edificações protegidas por leis de tombamento federais e estaduais está situada na área do centro, correspondente ao início da formação urbana de Fortaleza. Algumas exceções são o Farol do Mucuripe e a Casa de José de Alencar, no sítio Alagadiço Novo, nos arredores de Messejana, tombamento federal de 1964.  Já os bens tombados a nível municipal encontram-se em vários locais de Fortaleza.
Ainda que tombados, não significa que esses bens estejam sendo conservados, ao contrário, muitos estão incontestavelmente abandonados. Apesar de o tombamento ser a primeira medida que protege o patrimônio ambiental urbano, a preservação só poderia ser notada se as edificações se encontrassem em bom estado e se as pessoas pudessem usufruir plenamente das instalações.

Casa de Juvenal Galeno
O pedido de  tombamento da Casa de Juvenal Galeno partiu de Antônio Galeno, neto do poeta cearense. O processo foi aberto em julho de 2010. Segundo Antônio, o imóvel sendo um bem tombado e assim um patrimônio histórico e cultural os seus detalhes originais, história e memória estarão para sempre protegidos de destruições. “A Casa terá mais divulgação, mais atenção, assim como a cultura cearense”. Hoje, o local, que funciona há 93 anos, é considerado referência cultural no Estado, especialmente, com relação à literatura popular

Um bem material tombado não pode sofrer alterações sem antes estas serem permitidas por órgãos competentes. A iniciativa é uma ação legal, garantindo que o equipamento estará sob os olhos do poder público. A partir deste processo, os bens são considerados patrimônios histórico-culturais, heranças sociais.
Atualmente, 37 bens estão em processo de tombamento em todo o Ceará, pela Prefeitura e pelo Estado. Destes, 25 se situam em Fortaleza e aguardam avaliação ou do Conselho Municipal de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural ou da Coordenação do Patrimônio Artístico, Histórico e Cultural ligada à Secretaria da Cultura (Secult).

 A Chácara Flora é o exemplo mais recente do descaso com o patrimônio edificado de Fortaleza. Em pleno processo de tombamento, o imóvel foi demolido em dezembro de 2011.
 
jornal Diário do Nordeste
Revista Fortaleza

Um comentário:

Unknown disse...

Infelizmente, somos um povo sem memória.