terça-feira, 13 de março de 2012

Antônio Girão Barroso



Antônio Girão Barroso nasceu em Araripe (CE) aos 6 de junho de 1914 e morreu, em Fortaleza (CE) em 1990. Realizou a poesia, o conto, a crítica, sendo jornalista e professor universitário - graduado em Direito, fez doutorado em Economia. Foi membro do Grupo Clã,  movimento artístico que nos anos 1940, sedimentou as conquistas modernistas no Ceará, ao lado de Aluísio Medeiros, Artur Eduardo Benevides, Eduardo Campos, João Clímaco Bezerra e Moreira Campos, dentre outros.

As Três Pessoas

Eram três pessoas distintas mas uma só, na verdade:
eu, o Floro e o Assis.
Três corpos numa lama só.
(O povo dizia que nós éramos
três amizades perfeitas
e meninos de futuro, sim senhor.)
Depois veio o tempo mau
o tempo que tudo leva
e levou o Floro pro céu.
O Assis ficou na terra.
Eu não sei onde fiquei.



Obras:

Alguns poemas (poesia), 1938.
Os hóspedes (poesia), 1946.
Novos poemas (poesia), 1950.
30 poemas para ajudar (poesia, com Cláudio Martins e Otalício Colares), 1968.
Universos (poesia), 1972.
Modernismo e concretismo no Ceará (história e crítica), 1978.
Dois tempos (miscelânia com Inácio A. Almeida), 1981.
Poesia incompleta (poesia), 1994.
 Participou de antologia e colaborou em periódico.

da esquerda p/direita - Fran Martins, (não identificado), Aluízio Medeiros e Antônio Girão Barroso (foto de 1951)

Boêmio legítimo, costumava frequentar o Estoril na Praia de Iracema ou o Country Clube,  para lavar a alma numa cervejinha e, já no ponto, cantar versos de um velho bolero: porque não paras relógio?
Pois o poeta Girão era o mais distraído dos boêmios, desses que quando saía para viver a noite, se desligava de tudo o mais. Andava nas nuvens. Numa época, nos idos da década de 1960, o poeta ocupava o cargo de Diretor do Departamento de Cooperativas da Secretaria da Agricultura, e tinha um carro à sua disposição.
Ao chegar a noite, Girão encostava o carro num barzinho aconchegante e passava a tomar sua cerveja com os amigos de copo. 
Um dia ao se dirigir ao carro para voltar para casa, não mais o encontrou. Ficou desnorteado: então haviam roubado o veículo da repartição?
Foi aconselhado a prestar queixa, registrar na polícia o furto do bem público, quem sabe, agindo com rapidez a polícia poderia recuperá-lo. Foi o que fez. A Polícia entrou em ação, expedindo comunicados, controlando as divisas do Estado e pondo seus agentes na rua  numa grande operação policial.
Girão tomou um taxi, muito contrariado com o acontecido e foi para casa. Ao chegar, para sua alegria, avistou o carro na garagem: “então já o encontraram?”. Dona Alba, sua mulher, informou-o que ele não saíra de carro naquela tarde.

na Praça Pedro II, da esquerda p/a direita -  em pé: José Júlio Cavalcante, Otacílio Colares e Antônio Girão Barroso. Sentados: Stélio Lopes de Mendonça, Milton Dias, Murilo Luz, José Peroles Aires e Aluízio Medeiros. 

No dia seguinte, o poeta pegou o carro e dirigiu-se ao Cemitério São João Batista para o enterro de uma conhecida escritora cearense.  Ao passar pela Praça da Sé, foi cercado por um grupo de policiais, que grosseiramente lhe deram voz de prisão, sob a acusação de ter roubado o carro da Secretaria de Agricultura.
O episódio só ficou esclarecido na delegacia, depois de muitas explicações do boêmio distraído. 

fonte:
Porque hoje é Sábado, de Juarez Leitão
Jornal da Poesia disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/agirao.html#três

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