quinta-feira, 1 de março de 2012

Quando Fortaleza era Cidade Pequena


Foto de Amélia Eahart em 1937

Até o final do século XIX a cidade de Fortaleza compreendia um espaço de aproximadamente cinco quilômetros, com 34 ruas paralelas no sentido norte-sul e 27 no sentido Leste-Oeste. Das 15 praças já se destaca a Praça do Ferreira e a dos Mártires.

Praça do Ferreira - Café Iracema (acervo Marciano Lopes)

Por volta de 1814 a atividade comercial já se refletia na estrutura física da vila, com ruas onde se concentravam lojas de varejo e atacado, como a Rua Direita dos Mercadores e a Rua do Rosário. Ao longo dos anos, a capital vai desbancando Aracati e se transforma em centro exportador único, Fortaleza estava mais próxima das áreas produtoras e também concentrava um volume maior de bens para o mercado externo.

Passeio Público (Ah, Fortaleza!)

Todos os recursos da província passam a convergir para a cidade que por sua vez atraía mais pessoas. Estimulada pelo comércio com a Europa, a cidade cresce de forma desordenada, as casas eram construídas sem alinhamento e sem um projeto. Para tentar colocar uma ordem na forma como a cidade se expandia, o governo contratou o engenheiro Silva Paulet em 1812, para traçar um plano urbano da vila, com ruas e quarteirões definidos. Um traçado de ruas paralelas ficou pronto em 1818 contribuindo para a circulação de mercadorias e de pessoas. Havia saídas de Fortaleza para o Interior e rotas para as regiões do Mucuripe, Precabura e Jacarecanga.  


Logo um novo plano urbano precisou ser traçado, tarefa que ficou a cargo do arquiteto Adolfo Herbster, que estendeu o traçado de ruas paralelas até os subúrbios. Em meados do século XIX, transformações aconteciam: gás carbônico, linhas de bondes, rede de telégrafos para a Europa e para o sul do País.
Mas as melhorias na infraestrutura não acompanhavam o ritmo das mudanças na cidade, nas primeiras décadas do século XX, quase nada tinha sido realizado em Fortaleza que a  favorecesse de uma moderna estrutura urbana.


Em 1900 Fortaleza abrigava apenas 48.369 habitantes. Vinte anos depois a população já chegava a 78 mil.
Até 1930 Fortaleza guarda uma homogeneidade arquitetônica invejável, continuando a ser uma cidade pequena e aprazível. A partir daí os bairros mais pobres se espalharão ao longo da estrada de ferro, o Centro perderá seu caráter residencial e a cidade de dividirá em função das atividades econômicas.

Fonte
Revista Fortaleza, fascículo 3, página 5, de 23 de abril de 2006.

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