quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

As Construções de Madeira

Nos tempos primitivos e heroicos da Capital do Ceará,  era comum o uso de madeira em construções para fins diversos.  As chamadas casas de taipa caprichosamente construídas pelos pedreiros antigos, eram aptas a resistirem a qualquer tipo de impacto, tão bem fincadas estavam no solo. 


Praça Castro Carreira (Praça da Estação) e seu quiosque-mucambo (arquivo Nirez)

Vários estabelecimentos comerciais e algumas casas residenciais foram construções de taipa, a exemplo do Café do Pedro Eugênio, no fim da linha do bonde do Benfica, e de outro no Largo do Garrote, na Cidade da Criança; os da Praça do Ferreira, onde havia o Java, o  Elegante, e o Iracema.  No Café do Comércio – todo de madeira – servia-se aos fregueses apressados, o café de pegar bonde. Havia também, na mesma praça, um pequeno galpão de madeira, no ponto dos bondes.


Os cafés da Praça do Ferreira e o ponto de venda de passagens de bondes (arquivo Nirez)

Na Praça do Patrocínio (atual José de Alencar) havia quatro casinhas que foram destruídas durante as agitações de 1912. Existia na Praça da Assembleia o armarinho de miudezas do velho Martiniano Teodorico (em 1878), em frente ao sobrado dos Fonseca, e mais tarde, em 1908, no mesmo local, o botequim Napoleão.  


Café do Comércio, que servia aos apressados o café de pegar bonde (arquivo Nirez)

Em frente ao Banco Frota e Gentil havia outro café, que era redondo e tinha sótão. Servia água quente e bebida choca aos fregueses, e era também casa de jogo. Foi incendiado em 1912 e restaurado depois. Além deste e na mesma Praça, havia a célebre Garapeira do Bembém, na qual eram exibidos em gaiolas, grilos vestidos e tanajuras com saiotes de bailarinas. 


Café Fênix no qual foi assassinado um certo tenente de nome Heitor Ferraz.  (arquivo Nirez)

Na Praça da Estação,  sujando a praça, um antiestético café-mocambo.
No Passeio Público, quase escondido entre as arvores, encontrava-se o Café Caio Prado, que no ano agitado de 1912, foi invadido e depredado por populares. Era propriedade da prefeitura, que o embelezou junto com a reconstrução do Passeio Público. Na antiga Praça da Alfândega, havia o Café Floriano.
O prefeito Godofredo Maciel iniciou a demolição desse tipo de edificação, começando pelos da Praça do Ferreira. Gradativamente foram desaparecendo, até que só restasse o do Passeio Público. 
Mas de todas as construções a que mais se distinguia pela elegância das linhas, era o pavilhão da chácara de Alfredo Salgado,  chamado pelo proprietário de O Pombal. 


Itapuca Vila de Alfredo Salgado e seu pavilhão de madeira (arquivo Nirez)

Além destes, havia três sobradinhos notáveis em Fortaleza, o mais antigo ficava na Praça do Conselho (hoje Praça da Sé), no qual moraram alguns dos nossos governantes. Pelos idos de 1853 a Câmara Municipal adquiriu este sobrado e um correr de casas que havia, desde a Rua Direita dos Mercadores até o Arquivo Público, demolindo-as e abrindo espaço para a praça fronteira à Igreja da Sé, a Praça Caio Prado.
O segundo sobradinho ficava no terreno dos fundos do quintal do Palácio. Era a faustosa residência do capitão-mor Antônio José Moreira Gomes, rico e influente negociante português  que andou às turras com o governador Sampaio.  Pires da Mota mandou demolir este imóvel para alinhar o muro do fundo do quintal do palácio com a Rua do Cajueiro, hoje, Pedro Borges.


Praça Caio Prado e o famoso Cruzeiro de Frei Serafim de Catânia, demolido junto com a antiga Sé (foto Marciano Lopes)

A prefeitura resolveu adquirir, para construir o palácio da Municipalidade, a parte do quarteirão da Praça da Sé, compreendida entre a Rua do Sampaio, antigo Beco da Apertada Hora, a Rua São José, antigo Beco das Almas e um futuro prolongamento da rua da Aurora, hoje Rua Costa Barros. 
Dando frente para esta praça, existia ainda um sobradinho conhecido outrora por sobrado de Lucas Torres, nome do seu antigo proprietário. Em 1845 era todo de madeira. Pertenceu ao Visconde de Cauípe e por herança deste, ao Barão de Studart.


Extraído do livro
Fortaleza Velha, de João Nogueira

2 comentários:

Acaraú pra recordar disse...

Desde 2008 desenvolvo o resgate histórico de Acaraú-Ce através do Blog Acaraú pra recordar e comecei a me interessar por História, Literatura, Cultura, Livros, de Acaraú e também do Ceará.

Criei os Blogs Ceará de Fato e Acaraú Online onde publiquei matérias culturais, e agora resolvi resgatar o Blog Acaraú pra recordar,onde iniciou todo meu trabalho, peço a compreensão de todos os que acompanham este humilde espaço para conferirem as novas informações no blog: http://acarauprarecordar.blogspot.com/

Obrigado pela atenção

Totó Rios

Fátima Garcia disse...

apoio totalmente sua iniciativa Totó Rios, e já incluí o Acaraú p/Recordar na minha lista de blogs