Livraria Feira do Livro, na Rua Floriano Peixoto, 716 em 1983 (foto do livro Viva Fortaleza)
As livrarias e papelarias de Fortaleza ficavam na Praça do
Ferreira ou nas redondezas. Destas merecia destaque a Livraria Edésio, de
propriedade de José Edésio de Albuquerque. Edésio não era apenas um comerciante
de livros como tantos outros, empenhado tão somente na obtenção de lucros. Ele
era antes de tudo um difusor da cultura, um idealista. E nesse mister nunca
temeu arriscar a própria liberdade, desde que chegassem às mãos dos leitores,
os jornais, revistas e livros condenados pela censura policial.
Praça do Ferreira anos 1960 - arquivo Nirez
Era um homem encurvado, baixo e magro, sempre por trás do
balcão da sua livraria, a vender aos estudantes, os livros condenados pelo
obscurantismo do Estado Novo. Eram romances de José Lins do Rego, Jorge Amado e
Graciliano Ramos. Depois da entrega dos volumes, muito bem enrolados, vinha a
advertência: cuidado jovem, isto pode dar cadeia.
No limiar do Estado Novo Edésio tornou-se editor, passando
desta forma além de vender, a publicar livros. E foi graças ao Edésio editor
que estreantes nas letras, hoje escritores famosos como Fran Martins, Moreira
Campos, Braga Montenegro, Jáder de Carvalho, Abelardo Montenegro, tiveram suas
obras publicadas.
escritor Moreira Campos
Politicamente, o livreiro formava ao lado dos que lutavam por
um Brasil melhor, cabendo-lhe nos idos de 1935, a presidência do núcleo
estadual da Aliança Nacional Libertadora. Isto, entretanto, não constituía obstáculo
para afastá-lo do catolicismo.
Seguindo a trilha de Edésio – embora em situação menos embaraçosa – vem Manoel Coelho Raposo, fundador da Livraria Feira do Livro. Raposo montou uma filial em plena Praça, nas proximidades da atual banca de jornal do Bodinho, passando a comercializar, como acontece em todas as feiras, com revistas, livros e jornais. No local, Jáder de Carvalho lançou Aldeota, o seu discutido romance de costumes. Tempos depois Jorge Amado promoveu ali mesmo, uma noite de autógrafos.
Jáder de Carvalho e seu romance Aldeota, cujo lançamento ocorreu na livraria Feira do Livro, de Manoel Coelho Raposo
Seguindo a trilha de Edésio – embora em situação menos embaraçosa – vem Manoel Coelho Raposo, fundador da Livraria Feira do Livro. Raposo montou uma filial em plena Praça, nas proximidades da atual banca de jornal do Bodinho, passando a comercializar, como acontece em todas as feiras, com revistas, livros e jornais. No local, Jáder de Carvalho lançou Aldeota, o seu discutido romance de costumes. Tempos depois Jorge Amado promoveu ali mesmo, uma noite de autógrafos.
Extraído do livro
A Praça e o
povo (homens e acontecimentos que fizeram
a história da Praça do Ferreira.)
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