domingo, 24 de outubro de 2010

A Casa do Mincharia

foto:http://cearamoleque.com/album%20de%20imagens.htm

No calçadão da Praia de Iracema, há uma casa, um antigo bangalô, identificada como Casa do Mincharia. Num muro lateral, um painel colorido retrata um grupo de boêmios que bebem e conversam animadamente
Antonio Aurilo Gurgel Nepomuceno, conhecido por Mincharia, foi uma das figuras mais singulares das rodas de boemia de Fortaleza, por cerca de 25 anos a partir dos anos 1960.
Profissional do comércio, durante o dia encarnava a versão super executivo, primeiro em empresas do grupo Jereissati, e depois em seu próprio negócio.
Porém quando a noite caía sobre a cidade, ou chegava o fim de semana, liberto do terno e gravata, Mincharia vestia uma camisa colorida, larga, florida, espalhafatosa, para ultrapassando todas as fronteiras das formalidades, transformar-se na alegria da cidade.
O irreverente Mincharia era inquieto até em relação a moradia. Teve vários endereços,todos à beira mar: morou na Praia de Iracema, depois mudou-se para um apartamento no térreo do Iracema plaza Hotel; mais tarde se instalou numa casa na Praia das Goiabeiras. Retornou para um apartamento nas proximidades do Ideal Clube.
Solteiro, vivia livremente com a casa transformada num bar, e numa farra de 48 horas nos finais de semana. Era inimigo da solidão, e do silêncio. Querido pelos frequentadores da noite, transitava sem problemas em todos os ambientes, adaptando-se a todas as situações. Estava sempre bem fosse num boteco no Arraial Moura Brasil, fosse nos salões do Ideal Clube.
Não se submetia a julgamentos da sociedade. Era autêntico. Quem quisesse ser seu amigo, que se adaptasse ao seu jeito despachado. Topava qualquer parada e não hesitava em promover um bom escândalo em favor da sua boemia.
Em outubro de 1985, Mincharia compareceu a um churrasco com uns amigos na Praia do Futuro. Saiu por volta das seis da tarde. Foi para casa, dormiu cedo. Acordou as quatro da madrugada com uma bruta dor de cabeça. Telefonou para um médico seu amigo, dizendo que sua cabeça está se partindo de dor. O médico desconfiando de um derrame, passou num hospital, pegou uma ambulância e levou o Mincharia, já desfalecido para o hospital, onde já chegou sem vida. Um aneurisma fulminante.
À tarde no cemitério Parque da Paz, havia gente de todos os segmentos sociais, das amigas da vida noturna às colunáveis. Dos donos de botequins aos diretores de clubes elegantes. Dos trabalhadores braçais aos próceres politicos.
A última homenagem ao Mincharia era o mosaico social de Fortaleza.
A criação da Casa do Mincharia foi uma homenagem que os amigos prestaram ao boêmio após sua morte. Para tanto criaram uma sociedade privada, contando com inicialmente 86 sócios, com diretoria, estatutos, arquivos e tudo o mais. O imóvel foi adquirido pelos sócios, que assim, mantém viva a lembrança do grande boêmio da terra do sol.
A Casa do Mincharia fica na Rua Pacajus, n° 20, Praia de Iracema.

fonte:
LEITÃO, Juarez. Sábado, estação de viver. Histórias da Boemia Cearense. Fortaleza: Editora Premius, 2000.

8 comentários:

Anônimo disse...

Vcs sabiam que ele tem uma filha e que em novembro de 2009 sofreu tambem um aneurisma, foi dormi bem e acordou na uti de um hospital, só que ela sobreviveu sem nenhuma sequela...

Fátima Garcia disse...

desejo boa sorte à filha do Mincharia.

Anônimo disse...

Fátima Garcia é verdade que o Mincharia tem uma filha? Vc a conhece? Se ele tem uma filha pq ela nunca foi atrás dos direitos dela? É estranho....

Fátima Garcia disse...

Alguém comentou aqui no blog sobre a filha do Mincharia, mas não a conheço, nada sei sobre ela. Também não sei informar quanto aos direitos a que ela faz jus.

Anônimo disse...

Olá! Sou neta da irmã dele e gostei muito do seu relato. Tb não conheço essa história de filha.

jr Rivadávio disse...

olá sou musico cratense e na minha passagem por Fortaleza toquei na casa do mincharia entre 2002 e 2004.Lembro-me bem do Sr. LINCON sempre presente recebendo os amigos,também um garçon/gerente moreninho de óculos,acho que se chamava Francisco,um garçon chamado Frank,outro que era sr.Alves,sr.Osmar cozinheiro e uma senhorinha que fazia nosso jantar depois de tocarmos.Bons tempos.Abraço a todos

Unknown disse...

conheci e trabalhei la no ano 1989 todos sócios me chamavam de severino que de vez de garcom e tambem geren me lembro ate hoje tempo bom pretendo voltar me chamo de isnerio todos me conhecem da quele tempo

Anônimo disse...

O nome deste garçom é João, mais conhecido como Joãozinho. Tipo o prazer de trabalhar lá a muito tempo atrás. Eram épocas boas! A senhora que falou aí era dona de um papagaio que vivia na casa. Tentando lembrar do nome dela agora Talvez fosse dona Luiza. Tinha ainda um garçom chamado Beto. Na Época o presidente da sociedade era seu Aldizio. Lbrancas boas! Saudades!!