trecho canalizado do Riacho Pajeú entre a Rua 25 de março e a Avenida D. Manuel. Na gestão do prefeito Vicente Fialho (1971-75), foi cogitada a abertura de uma avenida(Avenida Pajeú) que margearia o que resta do histórico riacho. Não fizeram, lamentavelmente (foto do acervo do Blog)
Segundo o historiador Mozart Soriano Aderaldo, Fortaleza, a exemplo de Roma é uma
cidade construída sobre colinas. Além de assentar-se sobre uma planície que
varia de 15 a 20 metros acima do nível do mar, facilmente percebida em toda a
orla marítima, do Mucuripe ao Pirambu, existem ainda hoje, não obstante o
esforço de minimizá-las com o aplainamento de ruas, diversas elevações menores
que então dividiam os cursos d’água que desembocavam no mar ou reforçavam o
Pajeú e o Cocó.
Ladeira da Rua General Sampaio, que terminava na Praia Formosa (arquivo Nirez)
O riacho que partia da antiga Praça da Lagoinha (Praça
Capistrano de Abreu), e que seguia em direção ao Pajeú, alcançando-o na altura
do Mercado Central, era um deles. Outro curso d’água se dirigia da atual
Praça Clóvis Beviláqua em demanda da Lagoa do Garrote, atual Parque da
Liberdade onde se acha a Cidade da Criança, passando antes nas proximidades da
Praça do Carmo, antiga Praça do Livramento.
Rua no Bairro do Pirambu e a grande ladeira até a praia (foto do acervo do Blog)
Esses riachos serpenteavam entre
pequenos outeiros. Quando da pavimentação da cidade, as ondulações foram
amenizadas, razão por que em muitos trechos de ruas, justamente os aterrados, o
piso das antigas casas era mais baixo do
que o novo nível da artéria, enquanto em outros trechos se dava justamente o
contrário, formando-se as chamadas “calçadas altas”, resultantes do
rebaixamento do leito do logradouro, fenômeno esse ainda hoje percebido na Rua Senador
Pompeu, nos quarteirões entre as Ruas Senador Alencar e São Paulo e entre as
Ruas Guilherme Rocha e Liberato Barroso.
Antiga Rua Sena Madureira e o grande desnível entre o calçamento da rua e a calçada (foto do Arquivo Nirez)
Constituíam sério problema, principalmente para os cegos e
os velhos essas “calçadas altas”. Foi por isso que Ildefonso Albano, mais uma
vez prefeito de Fortaleza, mandou assentar no final da década de 1920 – o até
então para nós desconhecido – meio-fio, nivelando todas as calçadas e fixando
sua largura.
Essa iniciativa significou para Fortaleza um largo progresso,
apesar dos desacertos cometidos nessa mesma administração, que na mesma época
mandou substituir as mongubeiras, que sombreava nossos logradouros, com sua
copa frondosa e bela, pelo fícus-benjamim, que estragava as calçadas e era
viveiro de um inconveniente inseto que a população apelidou de “lacerdinha”.
extraído do livro de Mozart Soriano Aderaldo
História Abreviada de Fortaleza e crônicas sobre a cidade amada
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