Em 1918 foi fundada na Praça do Ferreira, a Sociedade dos Banquistas, ou seja, o Banco, pois os associados se apropriaram de um dos bancos situado em frente ao Cine Majestic-Palace. Ali se reuniam velhos respeitáveis - advogados, farmacêuticos, políticos, comerciantes, escritores, poetas, artistas de tatro, pintores e músicos.
À proporção que aqueles ilustres frequentadores iam desaparecendo, por doença ou morte, eram logo substituídos por outros, que prestavam fidelidade à estranha organização. Todos os assuntos eram ali abordados: críticas à administração municipal e a outras autoridades, questões da lingua portuguesa ou outras disciplinas, questões religiosas e reviravoltas políticas. Como sobremesa, o velho e apimentado prato da vida alheia.
Do Banco faziam parte o milionário Antônio Diogo de Siqueira, Raimundo Cícero, João Quinderé, Meton de Alencar, Vicente de castro, Tibúrcio Targino, Guilherme Moreira, João Nogueira e outros, os quais foram aos poucos, sendo substituídos por João Mac-Dowel, Manoel Lobo, Demócrito Rocha, João de Almeida, Demóstenes Brígido, Adolfo Siqueira, Carlos de Miranda, Luis Costa, Pires de Carvalho, e muitos outros.
O banco da Opinião Pública ficava em frente ao Cine-teatro Majestic-Palace
Com o decorrer do tempo, o grupo foi-se desfazendo sob o som barulhento das buzinas agudas e irritantes dos automóveis. O progresso sufocava, aos poucos, aquelas vozes. Os últimos remanescentes se mudaram para o Café Avenida, nos baixos do Palacete Ceará (hoje Caixa Econômica Federal) e, depois para o Café Globo, e a seguir para a Confeitaria Glória, situada nos baixos da antiga Prefeitura Municipal, esquina da Rua Pará com Floriano Peixoto.
No térreo da Antiga Intendência Municipal funcionava a Confeitaria Glória
Fechada a Confeitaria, passaram para a porta larga da Casa Dummar, onde havia uma placa com os dizeres - pede-se a fineza de não estacionar à porta - placas que eles fingiam não ver.
com o passar do tempo, o Banco desapareceu. Fora instalado na Praça do Ferreira em 1918 e foi retirado dali em 1968, já completadas as suas bodas de ouro.
O Banco foi mais uma tradição tipicamente de Fortaleza que desapareceu para sempre, engolida em nome do progresso e da modernidade.
fotos do livro Geografia Estética de Fortaleza e do Arquivo Nirez
texto extraído do livro de Otacílio de Azevedo
Fortaleza Descalça; reminiscências
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