Franco Rabelo foi eleito para o governo do Estado sucedendo
Antônio Pinto Nogueira Accioly. As eleições vieram logo após a revolta urbana
de 1912, mas o novo governante não ficaria mais do que 2 anos na direção do
poder estadual.
após a deposição do oligarca Accioly em janeiro de 1912, populares rabelistas voltam a se rebelar em novembro: cavam trincheiras em frente a Assembleia Legislativa, impedindo reunião de deputados aciolinos para depor o Presidente Franco Rabelo
Contando com o apoio da população da Capital que o concebia
como verdadeiro salvador, Rabelo procurou concentrar as atenções de sua gestão na governabilidade de
Fortaleza. No pouco tempo em que durou, Franco Rabelo realizou diversas
melhorias na cadeia pública, no intuito de torná-la mais cômoda, segura e
confortável e mostrou-se disposto a modificar o regime penitenciário, julgado
ultrapassado, através de uma reforma progressista. Demonstrando estar também
preocupado com o disciplinamento dos contingentes mais pobres para salvaguardar
a ordenação urbana, o Presidente Estadual investiu na formação de uma nova
guarda policial cívica, que deveria proceder a eliminação da mendicidade, da
vagabundagem nas ruas e praças da capital.
Com relação à saúde pública, procurou instaurar uma efetiva
polícia médica. Para tanto assegurou junto a Assembleia verbas mais amplas no
orçamento para tentar recuperar a saúde pública, principalmente através da
vacinação em larga escala para o combate à febre amarela, aquisição de
laboratórios, construção de isolamentos para os acometidos de varíola e
fiscalização de gêneros alimentícios.
Instituto de Proteção e Assistência à Infância, criado no governo de Franco Rabelo
A maior realização rabelista nessa área foi a instalação do
Instituto de Proteção e Assistência à Infância, onde diária e gratuitamente três
médicos consultavam crianças e distribuíam leite para as mais necessitadas.
A respeito do saneamento urbano, o governo Rabelo retomou o
projeto de abastecimento de água e esgoto e o confiou ao engenheiro Dr. João
Felipe. O rio Acarape foi o escolhido como reservatório e sua água enviada para
análise por Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, que a aprovou como sendo de boa
qualidade – desde que fervida e tratada por ozone.
Os vendedores ambulantes, na época já desafiavam a ordem urbana: o Intendente municipal proibiu a venda de qualquer produto que causasse sujeira nas ruas e praças.
Durante o governo de Franco Rabelo, a administração
municipal ficou a cargo do intendente Ildefonso Albano, igualmente apontado
como um dos que mais fizeram pelo progresso da cidade. Entre as obras que
realizaria através de empréstimo que a Câmara autorizara, (mas que foram interrompidas
pela Sedição de Juazeiro), incluíam-se as construções de um matadouro moderno,
um mercado de verduras com estrutura
metálica e uma vila operária para resolver o problema de moradia dos pobres, consideradas anti-higiênicas e de aluguel elevado.
Ao longo do seu governo, o intendente Albano ressalta em
várias passagens, que suas intervenções na cidade tinham, entre outros
objetivos específicos, a finalidade de torna-la mais higiênica e bonita. Nesse
propósito procurou trabalhar em estreita colaboração com o então Inspetor de
Higiene Pública, Dr. Abdenago da Rocha Lima. Contratou na Capital Federal o
engenheiro João Gualberto Marques Porto e um jardineiro especializado para as
obras municipais e os serviços de jardinagem e arborização.
Os quiosques que ocupavam os logradouros públicos e comercializavam alimentos passaram a ser fiscalizados. Na foto, o cafè Fênix, que funcionava na Praça Carolina (atual Praça Waldemar Falcão)
No campo da saúde pública, a Intendência, em conjunto com a
Inspetoria de Higiene, estabeleceu uma cruzada contra os quiosques que ocupavam
as praças. Na Avenida Bezerra de Menezes, obrigou a retirada de dois deles, sem
indenização. Os pequenos engenhos , que forneciam a popular garapa de cana
também não escaparam da fiscalização: zelando pelo asseio do Mercado Público,
proibiu o estacionamento das engenhocas.
Para viabilizar o serviço de limpeza pública, dividiu a
cidade em quatro distritos, ocupados por subinspetores subordinados à
inspetoria de Higiene, que por sua vez cuidaria apenas do perímetro central.
A obra mais dispendiosa da gestão do Intendente Ildefonso Albano foi a reforma da Praça General Tibúrcio. O ajardinamento da praça obedeceu ao estilo "Jardim Inglês", com caminhos e canteiros sinuosos; o velho gradil de ferro foi substituido por uma balaustrada artistica, encimada por combustores, jarros bronzeados e três estátuas de leões, autênticas obras de arte
Os vendedores ambulantes, que à época já desafiavam o poder
urbano, foram proibidos de comercializar qualquer produto que causasse sujeira
nas ruas. Quanto aos melhoramentos
urbanos, o Intendente criou uma Banda Municipal para, uma vez por semana, tocar
nas retretas dos logradouros públicos; recuperou calçamentos e realizou a
abertura da Avenida Senna Madureira, que considerou essencial, porque alargava
a única via existente entre a praia e o centro.
Rua Sena Madureira
Sua obra mais demorada e dispendiosa, entretanto, foi a
reforma da Praça General Tibúrcio, localizada na vizinhança do Palácio do
Governo, um dos pontos centrais da capital. Por sua localização, Albano se
indignava com o fato de vê-la transformada em depósito de materiais e de
pastagem para animais. O projeto da nova praça exigiu o recuo de oito casas do
lado ocidental do logradouro.
A energia elétrica finalmente chegou a Fortaleza em 1914,
através da Ceará Light and Power Co, eletrificando os bondes antes puxados por
burros que, entre outros contratempos, costumavam sujar as vias públicas. Os
bondes elétricos, mais compatíveis com a velocidade imposta pelo ritmo urbano
de então, passou a cobrir pontos mais distantes da cidade para atender a
crescente necessidade de mobilidade da população.
A chegada da energia elétrica possibilitou a modernização do transporte coletivo com o surgimento dos bondes movidos a eletricidade em substituição aos de tração animal. Na foto, o bonde do Outeiro percorre a Rua Floriano Peixoto
Por outro lado, os novos
bondes – juntamente com o aumento do número de automóveis que alteravam o
cotidiano da cidade desde 1910 – requereram polícia de trânsito e pavimentação
das ruas.
Tudo acabou em 1914, quando da região do Cariri veio um exército de sertanejos,
comandados por coronéis Acciolistas e abençoados pelo Padre Cícero, para depor
pela força das armas o governo de Franco Rabelo. A população se preparou para
mais um enfrentamento, o que acabou não acontecendo em face à intervenção do
Governo Federal, que substituiu Rabelo pelo Interventor Setembrino de Carvalho.
fotos do Arquivo Nirez
extraído do livro de Sebastião Rogério Ponte
Fortaleza Belle Epoque: reformas urbanas e controle social (1860-1930)
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