Pelas ruas corria a manchete no dia 15 de julho de 1958: um jornal ilumina sua cidade.
Não só o impresso, mas toda estrutura em volta do projeto impressionava. O prédio, ao lado da Igreja do Coração de Jesus, tinha o nome em neon, algo inédito em Fortaleza.
Era a única sede reestruturada para o funcionamento de uma redação, gráfica, setor comercial e administrativo. Cartazes espalhados pela cidade anunciavam a criação de O Jornal, impresso também conhecido como o jornal dos Pinheiro Maia.
O contexto era o despertar do empresariado cearense para o uso político dos meios de comunicação. Naquele ano Fortaleza já contava com nove jornais diários, entre matutinos e vespertinos e o jornal de Bonaparte e Salomão Pinheiro Maia teria que enfrentar concorrentes fortes e a falta de assinantes.
Todo o investimento necessário foi feito. O jornalista Carlos d’Alge, diretor de redação, havia ido à Europa para conhecer jornais vanguardistas. Bons profissionais, inclusive de outras mídias e de outros estados foram contratados.
Os salários pagos eram acima da média do mercado e a infra-estrutura era melhor. Quando necessário era disponibilizado até um avião para cobertura de eventos.
Um dos marcos foi a contratação de um diagramador Jaime de Almeida, vindo do Rio de Janeiro. Foi o surgimento oficial da diagramação. Antes não havia a preocupação de planejar o aspecto visual do jornal, era tudo feito na base da intuição.
Os jornais concorrentes logo passaram a sentir a necessidade de incorporar as inovações. E aí surgiram as imagens bens trabalhadas, os suplementos, os tabloides, as colunas sobre diversos temas, como uma coluna trilíngue, escrita em alemão, inglês e português.
A crônica social era escrita por Lúcio Brasileiro e tomava uma página diária. O jornal prosperava, com bom volume de publicidade e leitores.
Mas faltando dois dias para completar dez meses, veio a surpresa: o jornal parou de circular depois de 242 edições. Na última, do dia 12 de maio de 1959, a justificativa de que a suspensão era temporária. Os irmãos Pinheiro Maia haviam conquistado prestígio e posição política. Salomão foi eleito deputado estadual e Salomão deputado federal, mudando-se para o Rio de Janeiro, sendo este o motivo mais provável para o encerramento das atividades do O Jornal, que jamais voltou a circular.
Fonte:
Revista Fortaleza – fascículo 9
3 comentários:
PT, saudações, como diria um certo político. Objetivo atigido, pra que mais jornal!Lembro dos nomes dos donos, mas não me lembrava desse jornal meteórico...
Que matéria interessante, Fátima.
parece que o jornal tinha uma finalidade específica, no que cumpriu, acabou.
Alguém vêm com algo melhor e só assim os outros se instigam pra melhorar também. Tiro o chapéu pra todos dessa família, até hoje. Gente que não se acomoda, procura evoluir, sempre com muita honestidade.
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