segunda-feira, 2 de maio de 2011

O Jornal: belo e moderno

Pelas ruas corria a manchete no dia 15 de julho de 1958: um jornal ilumina sua cidade. 
Não só o impresso, mas toda estrutura em volta do projeto impressionava. O prédio, ao lado da Igreja do Coração de Jesus, tinha o nome em neon, algo inédito em Fortaleza. 
Era a única  sede reestruturada para o funcionamento de uma redação, gráfica, setor comercial e administrativo. Cartazes espalhados pela cidade anunciavam  a criação de O Jornal, impresso também conhecido como o jornal dos Pinheiro Maia.
 O contexto era o despertar  do empresariado cearense para o uso político dos meios de comunicação. Naquele ano Fortaleza já contava com nove jornais diários, entre matutinos e vespertinos e o jornal de Bonaparte e Salomão Pinheiro Maia teria que enfrentar concorrentes fortes e a falta de assinantes. 
Todo o investimento necessário foi feito. O jornalista Carlos d’Alge, diretor de redação, havia ido à Europa para conhecer jornais vanguardistas. Bons profissionais, inclusive de outras mídias e de outros estados foram contratados. 
Os salários pagos eram acima da média do mercado e a infra-estrutura era melhor. Quando necessário era disponibilizado até um avião para cobertura de eventos. 
Um dos marcos foi a contratação de um diagramador Jaime de Almeida, vindo do Rio de Janeiro. Foi o surgimento oficial da diagramação. Antes não havia a preocupação de planejar o aspecto visual do jornal, era tudo feito na base da intuição. 
Os jornais concorrentes logo passaram a sentir a necessidade de incorporar as inovações.  E aí surgiram as imagens bens trabalhadas, os suplementos, os tabloides, as colunas sobre diversos temas, como uma coluna trilíngue, escrita em alemão, inglês e português. 
A crônica social era escrita por Lúcio Brasileiro e tomava uma página diária.  O jornal prosperava, com bom volume de publicidade e leitores. 
Mas faltando dois dias para completar dez meses, veio a surpresa: o jornal parou de circular depois de 242 edições.  Na última, do dia 12 de maio de 1959, a justificativa de que a suspensão era temporária. Os irmãos Pinheiro Maia haviam conquistado prestígio e posição política. Salomão foi eleito deputado estadual e Salomão deputado federal, mudando-se para o Rio de Janeiro, sendo este o motivo mais provável para o encerramento das atividades do O Jornal, que jamais voltou a circular.

Fonte:
Revista Fortaleza – fascículo 9

3 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

PT, saudações, como diria um certo político. Objetivo atigido, pra que mais jornal!Lembro dos nomes dos donos, mas não me lembrava desse jornal meteórico...

Que matéria interessante, Fátima.

Fátima Garcia disse...

parece que o jornal tinha uma finalidade específica, no que cumpriu, acabou.

Anônimo disse...

Alguém vêm com algo melhor e só assim os outros se instigam pra melhorar também. Tiro o chapéu pra todos dessa família, até hoje. Gente que não se acomoda, procura evoluir, sempre com muita honestidade.