Rua Barão do Rio Branco (arquivo Nirez)
Na segunda metade do Século XIX, a Vila de Fortaleza era a Fortaleza de Nova Bragança.
Foi uma época de prosperidade para a província, em três décadas sem seca (1845-1877).
Na cidade o casario de palha passa a dar lugar a casas de tijolos, fabricados com material proveniente das lagoas próximas.
Rua Major Facundo (arquivo Nirez)
O areal é aos poucos coberto pela pavimentação com pedra tosca. Chega a iluminação pública e domiciliar a gás (1865), os bondes puxados a burro (1880), a ferrovia (1872) que permitem o gradual domínio da capital sobre os núcleos urbanos do interior, e também influi na expansão da cidade.
embarque de passageiros no bonde na Praça do Ferreira (arquivo Nirez)
A organização enxadrezada da vila, proposta por Silva Paulet, encontrou no presidente da Câmara Antonio Rodrigues Ferreira – o Boticário Ferreira, um grande entusiasta.
Por encomenda dele outros mapeamentos da cidade foram feitos, mas eram muito imprecisos.
A primeira representação precisa da organização urbana de Fortaleza, é a Planta Exacta da Capital do Ceará, de 1859, a primeira das três plantas feitas pelo pernambucano Adolfo Hebster. As outras viriam em 1875 e 1888.
Planta da Cidade de Fortaleza e Subúrbios, organizada pelo engenheiro Adolfo Hebster em 1875 (arquivo Ah, Fortaleza!)
Com um levantamento preciso de ruas e edificações, a planta de Hebster traz o esboço do que é hoje o Centro de Fortaleza, com as ruas configuradas de maneira semelhante ao desenho que se consolidou.
A Praça do Ferreira, coração da cidade, já estava nesta planta: era a Praça Pedro II, ou apenas, Praça Municipal. Arquiteto da Câmara Municipal, Hebster sucedeu Paulet na missão de planejar o crescimento da cidade.
A sua segunda planta, de 1875, reflete não apenas a situação real da cidade, mas o seu plano de expansão. A configuração do plano de Hebster persistiu até meados da década de 1930. Ele propõe os boulevards, as grandes avenidas circundando o espaço habitado.
Assim surgem o Boulevard Duque de Caxias (atual Avenida Duque de Caxias), o do Imperador (atual avenida com o mesmo nome) e o da Conceição, hoje Avenida Dom Manuel.
São cintas circundantes do espaço urbano já habitado, que tinha o mar complementando o quadrilátero.
Praça do Ferreira com grande movimentação de passageiros dos bondes. Era desse ponto que saía o maior número de linhas. Uma profusão de chapéus e ternos brancos (Arquivo Nirez)
Era o estilo Belle Epoque instalado na capital: tal como a moda, a literatura e o comportamento, o desenho da cidade também ganhava toques afrancesados. A organização proposta para Fortaleza guardava semelhanças com as idéias do Barão de Haussman, prefeito e remodelador de Paris, que era o centro cultural mundial.
Fonte:
Revista Fortaleza, fascículo 10, de 11 de junho de 2006.
Um comentário:
Tempo bom, em que as avenidas(boulevards) eram calçadas com paralelepidos...lembro muito bem da Duque de Caxias, por onde eu passava diariamente pra ir à escola dos vicentinos e depois no Justiniano de Serpa.Na volta,ficava pegando os oitis maduros, em plena avenida, com pouco movimento de carros,o asfalto veio muito tempo depois. As "cintas circundantes" eram bem arborizadas.
Rodear os quarteirões do "xadrex" era o passa-tempo das tardinhas...
...tudo passa, tudo muda...Pena!
Linda matéria!
Beijos, Fátima!
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