segunda-feira, 21 de março de 2011

A Folha do Rádio

Aíla Maria capa da Folha do Rádio 
(acervo Blanchard Girão)
Nos primórdios dos anos 50, considerados os anos dourados do rádio, no entendimento de quantos vivenciaram o período, a televisão, restrita a Rio de janeiro e São Paulo, apenas engatinhava. 
Imperavam absolutas as emissoras de rádio. Em Fortaleza havia a pioneira Ceará Rádio Clube, que encontrara afinal uma concorrente à altura – a Rádio Iracema, dos irmãos Flávio e José Parente. 
Pela metade da década, chegaram mais algumas: a Uirapuru, a Verdes Mares, a Dragão do Mar, e a Assunção. 
Nessa época uma publicação chamada Folha do Rádio, de Ciro e Neusa Colares, documentou, com fatos e fotos, a luminosa trajetória da radiofonia cearense. Surgiu em 1953, com o objetivo de trazer aquelas figuras que atuavam nas rádios cearenses, queridas e distantes, para mais perto de seus admiradores. 
Revista atraente, de visual moderno para a época, a Folha deu vida e agitação ao ambiente radiofônico da terra, promovendo nomes e suas atuações. 
João Ramos animador do Noturno Pajeú, no auditório da Ceará Rádio Clube  (acervo  Marciano Lopes)
Cantores, locutores, produtores, músicos, maestros, atores e atrizes de radioteatro, enfim, todo o vasto elenco responsável pelo sucesso do rádio cearense, ganhou notoriedade junto ao público, graças àquela publicação, única em nosso meio e provavelmente em todo o Nordeste. Mesmo diante do pouco caso que alguns artistas locais faziam, a revista promoveu a todos indistintamente. 
A Folha circulava mensalmente e chegava a milhares de pessoas em todo o Ceará. As tiragens alcançavam índices extraordinários para o seu tempo: 5000 exemplares, algo que nem todo jornal diário da cidade conseguia atingir. 
A revista dava cobertura aos programas de auditório que lotavam o Pajeú, da PRE-9 e o Guarany da Rádio Iracema na Praça José de Alencar. Trazia tudo fartamente ilustrado, revelando segredos de bastidores, trazendo detalhes que alimentavam a curiosidade do público leitor.
A Folha do Rádio influenciou sobremaneira no processo evolutivo da radiofonia cearense, tanto que durante a década em que circulou, de 1953 a 1962, Fortaleza ganhou nada menos de quatro novas emissoras de rádio: A Uirapuru, a Verdes Mares, a Dragão do Mar e a Assunção. 
festa de premiação dos melhores do Rádio, promovida pela Folha do Rádio  (acervo Marciano Lopes)
A Folha também promovia, com grande repercussão, reuniões festivas em homenagem aos radialistas, com coquetéis que ficaram famosos, e concursos anuais para escolha dos melhores do rádio, onde muitos profissionais eram premiados e laureados.
 A Folha do Rádio, cujo acervo foi guardado e conservado durante muitos anos por Dona Neusa Colares, é o documento chave para quem se dispuser a escrever a longa história do rádio no Ceará.

fontes:
Blanchard Girão, em Sessão das Quatro, cenas e atores de um tempo mais feliz
Marciano Lopes, em Coisas que o Tempo Levou - a era do rádio no Ceará  

Um comentário:

Andréa Colares disse...

Fantástico! Pena que ela não existe até hoje!