No bairro do
Jacarecanga, ficava o internato Bom Pastor, inaugurado em 1928, local onde eram confinadas as moças
que tinham desviado suas condutas e, para não causarem vergonha à família, eram
mandadas para lá e ali permaneciam até cair no esquecimento da sociedade.
As internas
do Bom Pastor eram, geralmente, moças
solteiras “de família” que engravidavam, e eram afastadas do convívio familiar, antes que a vizinhança percebesse o acontecido e começassem
os comentários maldosos, e as especulações sobre paternidade.
A mãe solteira ficava “falada”
e desonrada, dificilmente arranjaria um noivo ou teria novamente um
relacionamento sério. Assim o expurgo
familiar, evitava que tanto a moça quanto a família viesse a sofrer as consequências
da desonra, ou que o bom nome da família fosse maculado. Depois com o passar do tempo e purgado a
culpa, as internas retornavam aos lares, depois de terem recebido
cursos e aprendido trabalhos manuais sob orientação das irmãs religiosas, como
costurar, bordar, cozinhar e outras
atividades domésticas.
Antiga Praça Gustavo Barroso (Arquivo Nirez)
As moças
recolhidas ao Bom Pastor tinha uma maneira peculiar no trajar: se cobriam de preto, lenço na cabeça, e nas
ocasiões em que frequentavam missas, usavam um véu no rosto, evitando assim o
reconhecimento de pessoas que estavam na igreja e pudessem, porventura identifica-las.
Saíam do Bom Pastor como quem deixa o cárcere depois de ter cumprido pena pelo
mal cometido. A criança fruto desse amor clandestino, era dada em adoção, com a condição de jamais poder ser revelado quem eram os
verdadeiros pais, evitando manchar o nome da família ou dos pais do
inocente que não pedira para vir ao mundo e nem poderia pagar por erro
cometido.
fotos do arquivo Nirez
Um comentário:
Morei nesse lugar que me acolheu, por ser vítima de estrepo e aborto
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