terça-feira, 31 de julho de 2012

Bairros de Fortaleza: Mucuripe


Enseada do Mucuripe

Localizado na zona leste de Fortaleza, o bairro do Mucuripe limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico; ao Sul com a Varjota; a Leste com os bairros Serviluz e Vicente Pinzon e a Oeste, com o Meireles.  Sua origem remonta aos tempos  das grandes navegações e do descobrimento do Brasil, quando no ano de 1500, antes mesmo da expedição de Pedro Álvares Cabral, o local teria sido visitado pelo navegador espanhol Vicente Pinzon, que supostamente desembarcou na enseada do Mucuripe e batizou o local de Cabo de Santa Maria de La Consolacion. Por muitas razões acredita-se que o Santa Maria de La Consolacion é a chamada ponta do Mucuripe, e que Pinzon descobriu o Brasil tocando as praias do Ceará.

 Morro de Santa Teresinha

Até por volta do ano de 1930, havia no Mucuripe, não longe do farol e para o Poente, os restos de uma construção muito antiga. Acredita-se que essas ruínas fossem os últimos vestígios das três baterias que ali existiam em 1802, ( Baterias da Princesa Carlota,  de São João Príncipe e  de São Pedro Príncipe) citadas pelo Dr. Carlos Studart Filho, em uma matéria publicada na Revista do Instituto do Ceará.
Segundo historiadores,  foram construídos os seguintes fortes na ponta do Mucuripe:  Fortim de São Bartolomeu, Fortim de São Bernardo do Governador (Fortim de São Luis), Fortim da Bandeira, além das  três  baterias citadas, que foram erguidas para complemento da defesa da enseada de Mucuripe e seu ancoradouro. Provavelmente são contemporâneas,  erguidas a partir de 1802 por determinação do governador da Capitania do Ceará, Bernardo de Manoel de Vasconcelos.


Durante muitos anos o Mucuripe foi um bairro de pescadores, mas com a expansão da cidade, e a valorização dos terrenos do litoral a partir da abertura da Avenida Beira Mar, a orla marítima do bairro tornou-se uma das áreas de maior especulação imobiliária de Fortaleza.  

  Igreja de Nossa Senhora da Saúde

A Igreja Nossa Senhora da Saúde foi fundada pela própria comunidade de pescadores do Mucuripe. O padre José Nilson marcou a história do bairro por causa da relação próxima com a comunidade e da luta pelas melhorias do local.
Conforme conta o padre Alderi, responsável atual pela igreja, antes da chegada do antigo pároco, a comunidade do Mucuripe era esquecida e nenhum religioso ficava mais de dois anos no comando da paróquia. Em maio de 1950, padre Zé Nilson foi enviado ao Mucuripe por Dom Antônio de Almeida Lustosa, com a previsão de ficar somente dois anos, como seus antecessores. No entanto, o religioso acabou ficando por 50 anos na defesa da comunidade. “Ele estava sempre junto aos pescadores. Pescava com eles e escutava suas histórias”, revela o padre Alderi.


A Imagem de N. Senhora da Saúde, na praça da matriz,  é um trabalho do escultor Deoclécio Diniz, conhecido por "mestre Bibi" ou "Bibi Santeiro". Morador de Canindé, mestre Bibi ganhou fama produzindo imagens sacras de grandes dimensões. 


O Farol do Mucuripe foi construído entre 1840 e 1846, sendo desativado em 1957, por ter se tornado obsoleto. Foi restaurado pela primeira vez em 1982, para sediar o Museu de Fortaleza. Tombado como Patrimônio Histórico o antigo farol está localizado na Esplanada do Mucuripe próximo ao Cais do Porto.

Cemitério São Vicente de Paulo. Construído em 1912, foi  o segundo cemitério público de Fortaleza. É o menor cemitério da cidade ,e segundo dizem, encontra-se superlotado desde os anos 1970.

Praça Amigos da Marinha


O busto do Almirante Tamandaré ficou por longo tempo na Praça de Otávio Bonfim, até ser substituído pela estátua de Farias Brito, inaugurada em 1963.

  Porto do Mucuripe


O primeiro projeto relativo a instalação do porto do Mucuripe foi apresentado em 1870, por um engenheiro inglês, que recomendava o inicio das obras na enseada ali existente. Mas somente em 1886 os trabalhos foram iniciados. Apesar do conhecimento das condições do ancoradouro na ponta do Mucuripe, a quase ausência de arrecifes era apontada como um ponto desfavorável à instalação do porto naquele local.
Em pouco tempo a intensidade das ondas destruiu o que já havia de obras inclusive o próprio ancoradouro, o que foi determinante para o abandono do projeto. E as mercadorias continuaram sendo levadas em embarcações pequenas para os navios que ficavam a 500 metros da praia. Conta-se que as mercadorias chegavam molhadas e quem desembarcava não deixava de tomar um banho salgado.
Em 1908 foram feitos novos estudos e a construção do porto foi contratada e iniciada, Mas as obras federais em andamento no Nordeste foram suspensas ao final do governo do Presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), quando somente 250 metros de viaduto haviam sido construídos, de um total de 800 metros projetados.
A morosidade da obra passou a fazer parte do anedotário popular, segundo o qual havia três sinfonias inacabadas em Fortaleza: a catedral, o cine São Luis e o porto do Mucuripe.
O porto foi sendo inaugurado por partes, e com grande espaço de tempo entre a finalização de cada etapa. 


Entre o inicio do segundo projeto e o final das obras, a construção do porto do Mucuripe durou mais de setenta anos, num monumental atestado de incompetência, passado por diversos governos estaduais, consumiu recursos incalculáveis e de quebra, destruiu a Praia de Iracema.
O Porto tornou-se um obstáculo para o fluxo de areias do litoral leste para o oeste, causando a drástica diminuição da faixa de praia na região da Praia de Iracema e o progressivo abandono das atividades portuárias e comerciais na área.

fotos de julho/2012
por Rodrigo Paiva e Raquel Vianna 

Pesquisa
Fortaleza Velha, de João Nogueira
Geografia Estética de Fortaleza, de Raimundo Girão
Verso e Reverso do Perfil Urbano de Fortaleza, de Gisafran Nazareno Mota Jucá
Wikipédia

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