terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Matadouro Público de Fortaleza

O primeiro matadouro da cidade, ou melhor, lugar de abate de reses para o consumo público em Fortaleza, foi sem dúvida, o chamado “cajueiro do Fagundes”, no local hoje correspondente à Rua dos Pocinhos, esquina com a Rua Sena Madureira. O açougue do Fagundes está associado a  uma controvertida história, na qual o açougueiro teria se atritado com o capitão-mor Governador Luís de Mota Feo e Torres resultando daí um conflito que envolveu “meia cidade”.

Matadouro público de Otávio Bonfim, que funcionou até 1926 

João Brígido nos fala de  outro matadouro público, situado no terreno do prédio n° 50 da Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco)e não longe de outro açougue, este no primeiro quarteirão, lado oeste, da Rua da boa Vista (Floriano Peixoto). 

Neste terreno da Rua Formosa está hoje o Palacete Guarani, na esquina noroeste das Ruas Barão do Rio Branco com a Rua Senador Alencar.  Este mesmo imóvel, na década de 1940, esteve ocupado em seu andar térreo, pela Associação Comercial do Ceará, e nos altos pelo Clube dos Diários, fundado em 1913. 

Palacete Guarani, já com o telhado modificado
 
De 1910 a 1925, na parte térrea funcionou o London Bank, e depois o Banco dos Importadores. Outrora pertenceu ao Comendador Luís da Cunha Ribeiro, que ali residiu e faleceu.  Incendiado em 1902, foi adquirido e reconstruído por aquela sociedade, graças à ação do seu presidente, o Barão de Camocim. Neste mesmo local residiu em 1845, José Maria Eustáquio Vieira, antes deste, o negociante português Joaquim José de Sousa Pimentel, que construiu sua morada no local do antigo matadouro.

A casa da Rua da Boa Vista n° 20, como sendo a do segundo açougue a que alude João Brígido, está localizada mais ou menos no meio do quarteirão, da atual Rua Floriano Peixoto, entre as Ruas Dr. João Moreira e Castro e Silva. 

vista interna do matadouro público de Otávio Bonfim

Daí o matadouro passou-se para a atual Praça Clóvis Beviláqua, então Praça do Encanamento, localizada a uns 60 metros ao sul da casa de comércio Formiga & Irmão.  Liquidada esta firma, a casa ficou sendo residência do proprietário Sr. Formiga, localizada na esquina nordeste das Ruas General Sampaio e Clarindo de Queirós. Deslocou-se posteriormente para a Avenida Bezerra de Menezes, próximo à estação de Otávio Bonfim, onde funcionou até 1926.

Construído por uma empresa de que eram sócios os capitalistas Antônio Diogo de Siqueira Abel Ribeiro e Artur Temóteo, foi inaugurado em 18 de julho de 1926, o Matadouro Modelo, para o qual passaram os serviços de abate dos animais para o abastecimento da cidade. Ocupando vasta área e dispondo de modernos equipamentos para a efetivação de sua finalidade, ficava situado na esquina da atual Rua Jorge Dumar com a também atual Avenida Borges de Melo, Acha-se ali instalado o Colégio Paulo VI.


O novo Matadouro Público, localizado no bairro Jardim América no local onde hoje está o Colégio Paulo VI (foto MIS)

Por Decreto de 4 de abril de 1931, no governo interventorial do Dr. Manuel do Nascimento Fernandes Távora, ficou o prefeito de Fortaleza autorizado a rescindir amigavelmente o contrato firmado com a mesma empresa, mas não tendo havido acordo entre as partes, novo decreto foi baixado pela interventoria, em 28 de abril, autorizando o prefeito a rescindir compulsoriamente dito contrato e, assim autorizada, a prefeitura, sob protesto dos empresários, toma posse do Matadouro Modelo em 4 de maio seguinte, passando ele a ser administrado pelo Sr. Manuel Freire de Andrade. 

Continuou sendo administrado pelo município até ser fechado em virtude da criação do Frigorifico Industrial de Fortaleza (Frifor), situado no município de Caucaia, na BR-222.  


fonte:
Raimundo Girão
fotos: 
Arquivo Nirez  

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