A partir da década de 1950, aconteceu uma importante mudança no que diz respeito aos restaurantes em Fortaleza. Até então, toda atividade comercial estava no centro, inclusive os raros restaurantes existentes, alguns remanescentes de década passadas, como o tradicional A Gruta, frequentadíssimo pelo pessoal do comércio.
Excelsior Hotel, no cruzamento das ruas Major Facundo e Guilherme Rocha (arquivo Nirez)
Os demais restaurantes estavam localizados nos poucos hotéis: Excelsior, Palace, Astória e Brasil. Havia também o restaurante do Ideal Clube, o único cinco estrelas da cidade, com o inconveniente de estar localizado muito longe do centro. Naqueles tempos, tudo era medido a partir do centro, o polo canalizador de todos os eventos da cidade.
Palace Hotel localizado na esquina da Rua Dr. João Moreira com Major Facundo (imagem Ah, Fortaleza!)
O restaurante do Palace instalado no seu belo palacete de linhas neoclássicas, na Rua Major Facundo, com vista para o mar através das filigranas do imenso baobá do Passeio Público, era muito bem frequentado, principalmente por sediar os elegantes jantares do Rotary Clube. O Excelsior já estava em decadência nos anos 50 e seu restaurante não era dos mais frequentados.
Libaneses no Palace Hotel (imagem: Ah, Fortaleza!)
O Astória que em teve seu singelo prédio demolido em 11 de abril de 1962 para dar lugar ao Romcy Magazine, a exemplo do restaurante do Hotel Brasil, sobrado de três andares na Praça dos Leões, eram frequentados pelas classes mais simples: o pessoal que trabalhava no centro, os pracistas, os caixeiros-viajantes, os bancários.
Na Rua Castro e Silva, entre as ruas Senador Pompeu e Barão do Rio Branco, tinha o Restaurante Olinda, que tinha uma particularidade: atendia os motoristas de caminhões e ônibus que faziam ponto nas imediações.
os caminhoneiros eram os principais frequentadores do restaurante Olinda (arquivo Nirez)
O Cascatinha, na Rua Major Facundo entre as Ruas Guilherme Rocha e São Paulo, também era muito frequentado por populares e era famoso por servir uma sopa de cabeça de peixe. Na Rua Guilherme Rocha, quase chegando à Praça José de Alencar, em frente ao Bar Americano, ficava o restaurante A Baiana, de propriedade de uma crioula natural da Terra de Todos os Santos. Era também preferido pelas classes de menor poder aquisitivo.
Sem dúvida, Fortaleza necessitava de novos e modernos restaurantes, condizentes com seus novos ares de cidade em franco desenvolvimento, com clubes elegantes e pessoas que procuravam ambientes distintos.
Dois detalhes notáveis no restaurante chique: apenas homens, de paletó e gravata (arquivo Marciano Lopes)
O francês Charles Delleva abriu na Praia de Iracema, adaptando a antiga casa de praia da família Markan, o revolucionário Restaurante Lido, uma novidade no ramo em Fortaleza. O novo restaurante além de amplo e altamente simpático, oferecia um cardápio inovador, principalmente no que concerne aos peixes e demais frutos do mar. Foi a cozinha do Lido o laboratório experimental da lagosta. Foi ali que nasceu o nobre crustáceo para os cardápios locais.
O Lido tinha um salão imenso, com decoração onde se mesclavam o rústico praiano cearense e detalhes que remetiam à França, inclusive tabuletas de ruas e praças famosas de Paris. Usava uma iluminação em penumbra, que tornava tudo muito suave. Na década de 1970, o Lido começou a entrar em declínio, quando passou para outras mãos e em declínio continuou, até fechar e dar lugar a um luxuoso edifício de apartamentos.
Clube Náutico no dia da inauguração (imagem Ah, Fortaleza!)
O Náutico Atlético Cearense, recém-inaugurado, abriu seu elegante restaurante, com um serviço de alta categoria, como nunca se vira por aqui. O centro, que estava perdendo sua força centralizadora, reagiu abrindo a Churrascaria Las Vegas, o primeiro estabelecimento do gênero em Fortaleza. Funcionava numa original palhoça na Rua General Sampaio, mesmo local onde depois funcionou a Mesbla e hoje está a Loja Insinuante.
Ainda como opção de restaurantes finos nos anos 50, aconteceu a badaladíssima Boite Alabama, no local onde depois se instalou o Esplanada Hotel. A Alabama era um conglomerado de palhoças interligadas, um requintado trabalho de artesanato. Ambiente muito requintado, frequentado pela elite da sociedade fortalezense, apresentava pratos sofisticados de inspiração francesa e americana.
Fontes:
Marciano Lopes
Nirez
8 comentários:
Maravilhoso!!!
Olá Ana Chris, obg pela visita. volte sempre
Tudo indica que no Excelsior vai ter um restaurante de comidas típicas...
Enfim, temos agora um novo restaurante no velho Excelsior...
Restaurante Paidégua
E o Trapiche?
Adorei conheçouitos deles o Cascatinha foi de um tioerqie se chama Pedro mas era chamado de Pidoca
Por favor postem algo sobre a churrascaria Barrio!
E kd o bola branca e o kabuletê na praia do futuro???
Postar um comentário