quarta-feira, 15 de junho de 2011

Ruas de Fortaleza – os nomes e as mudanças

Rua Formosa - Rua Barão do Rio Branco (Arquivo Nirez)
Nos primórdios da história de Fortaleza, de sua afirmação como cidade, os nomes dos logradouros mudavam de acordo com as motivações políticas. E dos modismos. Houve casos em que uma mesma praça mudou de nome seis vezes, no caso da atual Praça Waldemar Falcão, que agora não passa de uma pequena porção de terreno encravado entre os prédios do Banco do Brasil e o Palácio do Comércio. 
Praça Carolina - Praça da Assembléia - Largo do Mercado - Praça José de Alencar - Praça Capistrano de Abreu - Praça Waldemar Falcão (arquivo Nirez)
No século passado aquele logradouro compreendia vasta área, estendendo-se desde o local onde está o Prédio dos Correios até o Palácio Senador Alencar, sede da assembleia e onde hoje funciona o Museu do Ceará.  Os nomes: Praça da Carolina, Praça da Assembleia, Largo do Mercado, Praça José de Alencar, Praça Capistrano de Abreu, Praça Waldemar Falcão.  
 Rua como a Floriano Peixoto, tinha nomes diferentes a cada trecho: do Passeio Público até a Praça do Ferreira era Rua da Boa Vista. Na parte que correspondia a Praça do Ferreira recebia o nome de Rua Del Rei. E era chamada Rua da Alegria a partir da Rua Pedro Borges. 

Largo do Palácio - Pátio do Palácio - Praça do Palácio - Praça General Tibúrcio - Praça 16 de Novembro - Praça General Tibúrcio, conhecida popularmente como Praça dos Leões  (arquivo Ah, Fortaleza!)
Também houve um período em que as  ruas eram numeradas, consequência do delírio de um intendente fascinado pela cidade de Nova York. Usando ainda a Rua Floriano Peixoto, ela recebeu duas numerações: Rua 7 em toda a extensão, exceto para o trecho que passava na Praça do Ferreira que era Rua n° 5. 
Peixeiro na Rua Almirante Barroso, única foto a mostrar uma placa de rua com numeração foto de 1910  (arquivo Nirez)  
Essa maneira de identificar as ruas durou pouco tempo, provavelmente pela necessidade de nominá-las homenageando indivíduos que em muitos casos, nada tinham a ver com a história da cidade, que nada contribuíram para a evolução de Fortaleza.  A partir dessa mudança, quando nomes românticos foram substituídos por números, as esquinas  deixaram de ostentar tabuletas com os antigos nomes: Rua das Flores, Rua do Sol,  Rua do Cajueiro,  Rua das Belas, Rua da Palma, Rua Formosa, Rua das Hortas.  
Ou nomes curiosos como Rua da Cachorra Magra, Rua do Fogo, Campo da Pólvora, Travessa da Misericórdia ou Beco da Apertada Hora.  
          Rua da Palma - Rua do Fogo - Rua Major Facundo (Arquivo Nirez) 
 Naqueles velhos tempos , quando quase tudo era importado ou copiado da França, não só a moda e os modismos, até as largas avenidas eram pomposamente chamadas de boulevards, como era o caso da Avenida Duque de Caxias  que era o Boulevard do Livramento, em razão da Igreja Nossa Senhora do Livramento, no lugar da atual Igreja do Carmo, localizada na Avenida. 
Ou o Boulevard da Jacarecanga, que hoje é a Avenida Coronel Philomeno Gomes ou o Boulevard da Conceição, atual Avenida Dom Manuel. 
É da competência da Câmara de Vereadores a escolha de nomes dos logradouros  públicos. Mas essa escolha tem alguns critérios que não vem sendo observados, e o que temos visto são vias de grande importância nesta capital que ostentam nomes que nada representam para a comunidade, ou o que é relativamente comum, uma mesma pessoa nominando mais de uma artéria, e até pessoas vivas (políticos, é óbvio) que dão nomes e praças e ruas num flagrante desrespeito a códigos e leis municipais.
Campo d'Amélia - Praça da Via Férrea - Praça Castro Carrera - conhecida popularmente como Praça da Estação - foto de 1918 (arquivo Ah, Fortaleza!)
É comum ver no tecido urbano de Fortaleza que nomes de alguns logradouros empregados pela população local, divergem e lançam em desuso, as denominações oficiais. A Praça Castro Carreira, que homenageia destacado médico e político do século XIX, foi batizada pelo povo de Praça da Estação, por causa do terminal ferroviário.
Na história de Fortaleza há inúmeros casos de lugares públicos que resistem às deliberações do poder. Um exemplo dos mais antigos é a popular Praça da Lagoinha que oficialmente nunca teve essa denominação e atualmente ostenta o nome de Praça Capistrano de Abreu, um importante historiador Brasileiro. 
Praça Comendador Teodorico - Praça XVI de Novembro - Praça Capistrano de Abreu, popularmente chamada de Praça da Lagoinha - foto de 1930 (Arquivo Nirez) 
Em meados do século XIX, havia no local uma pequena lagoa, posteriormente aterrada para a construção da praça. As deliberações municipais deram-lhe ao longo do tempo, as denominações de Coronel Teodorico  e XVI de Novembro, nomes solenemente ignorados pela população, para quem pouco importa que importante personalidade empresta seu nome ao logradouro – no cotidiano da cidade, há mais de cem anos, continua sendo a Praça da Lagoinha.
Praça do Patrocínio - Praça Marquês do Herval - Praça do Patrocínio - Praça José de Alencar - Praça Marquês do Herval - Praça José de Alencar (foto de 1910 - Arquivo Nirez) 
O fenômeno da não adesão dos habitantes locais à toponímia consagrada nas placas constitui uma das mais notáveis manifestações da criatividade anônima e coletiva da história urbana de Fortaleza. Sugere ainda um modo peculiar de produzir outras memórias da cidade, renomeando lugares, contestando a hegemonia das leis e do jogo político.

Fontes:
Fortaleza antiga: praças, ruas e esquinas de Marciano Lopes
Fortaleza: imagens da cidade de Antônio Luiz Macedo e Silva Filho

6 comentários:

family group disse...

uma viagem inesquecível nos tempos encantados de nossa querida Fortaleza. Francisco da Cunha Silva, ali nascido em julho de 1943 e vivendo desde 1966 em Santa Catarina (São José, na área metropolitanda de Florianópolis)

Fátima Garcia disse...

Olá Francisco, a cidade se transformou muito nos últimos anos, umas coisas p/melhor, outras p/pior. obrigada por visitar o blog, volte sempre.
abs

jose cunha disse...

ESTOU INDO CONHECER ESTA BELISSIMA CIDADE EM DEZEMBRO PROXIMO , GOSTEI MUITO DE VER UM POUCO DA HISTORIA DA MESMA ATRAVÉS DESTAS FOTOS , ESPERO CONHECER ALGUNS DESTES PONTOS ,GOSTARIA DE SABER SE AINDA EXISTE ESTES PREDIOS ANTIGOS , E PARABÉNS PELO TRABALHO.
ABRAÇOS (JOSE CUNHA /MACAPÁ-AP)

Fátima Garcia disse...

José Cunha, você vai encontrar uma cidade bem diferente dessa mostrada nas fotos antigas. A maioria dos prédios antigos ou foram demolidas ou estão irreconhecíveis. Em compensação você verá uma cidade moderna, com várias opções de passeios e lazer. Boa estada em Fortaleza

Anônimo disse...

Não sei por que não consigo ver os prédios modernos com tanta beleza quanto os antigos!!! As cidades brasileiras mudaram muito, a arquitetura moderna não fazem as cidades tão belas.

Unknown disse...

Corvadia ter mudado os nomes acho bem mais bonitos e bem mais atrativo por lembra da história da nossa cidade