segunda-feira, 6 de junho de 2011

Rua Senador Pompeu, a rua dos mascates

Rua D'Amélia, (Senador Pompeu) a partir da Rua Dr. João Moreira, trecho predominantemente residencial. Destaque para os ficus-benjamins recortados em forma de meia esfera. A pavimentação era de concreto. (arquivo Marciano Lopes)

Até por volta de 1877 a Rua senador Pompeu era chamada de Rua D'Amélia. Depois passou a ser a rua n° 5, quando em 1890, por resolução do Conselho de Intendência Municipal, todas as ruas e avenidas de Fortaleza, passaram a ter números em lugar de nomes. 
O modismo durou alguns meses até que tudo voltasse ao que era antes e as ruas retomassem seus antigos nomes.   Mais tarde ganhou a denominação que ostenta até hoje.
Desde a década de 1920, 30 até 60, era um logradouro misto reservado a pequenos negócios e  a residências de mascates, vendedores ambulantes que percorriam as ruas centrais da cidade com objetos, joias e cortes de tecidos, a oferecer de porta em porta, mercadorias vindas do Sul e de outras partes do Brasil, adquiridas com outros conterrâneos. Assim eram os mascates, comerciantes de descendência árabe. 


Prédio do Cine Popular na Rua senador Pompeu, na Praça Clóvis Beviláqua. Ao fundo a Igreja do Coração de Jesus - foto de 1935 (Nirez)

 Os mascates ou galegos, como eram também chamados, não demoravam a se tornar prósperos comerciantes, dentro de padrões normais dos negócios, mas com estratégias de vendas que só eles sabiam utilizar com eficiência. 
 Residiam quase sempre nos imóveis situados no quadrilátero central da cidade, que ia desde a  Rua Dr. João Moreira (antiga Rua da misericórdia) até o Boulevard Duque de Caxias,    apontados como os mais valorizados, porque eram muito procurados tanto para moradia quanto para o comércio. 
Na  Rua Senador Pompeu os árabes, turcos ou galegos, viviam em simples ou suntuosas casas residenciais de grande estilo arquitetônico como as das famílias Asfor, Jacob, Elias Romcy, Vicência Rabbay, Wadih Ary, Amélia Nasser,  Aziz, Dibe, Otoch, Hissa, Rabbi e outras. 

Casas na Rua Senador Pompeu (arquivo Marciano Lopes)

A colônia árabe, a (composta em sua maioria de sírios e libaneses) cresceu rapidamente à proporção que os filhos foram se casando, de preferencia com membros da própria colônia. 
As primeiras edificações da Rua Senador Pompeu, obedecia a regularidade no alinhamento, com a maioria das fachadas pintadas de amarelo, com salientes cornijas brancas, parapeito também emoldurados de alto relevo, ao qual saíam biqueiras com formato de cabeças de serpentes, jacarés, e dragões, feitos de zinco e destinados a esgotar os telhados durante as chuvas.  O uso desses artefatos para escoamento do telhados foi proibido pelo Código de Posturas do Município de Fortaleza  de 1932.

O cordão das Coca-Colas foi criado logo depois da 2a. guerra por um grupo de sargentos da Aeronáutica, como uma sátira as moças que namoravam os soldados americanos. (arquivo Marciano Lopes)

Na década de 1940 era também na Rua Senador Pompeu que desfilavam todos os blocos carnavalescos, pois era lá o corredor da folia durante o período do carnaval.  Ali desfilavam os blocos de foliões dos sujos, dos papangus, maracatus e escolas de samba numa efusiva e despreocupada alegria momina, num tempo onde a violência e a insegurança eram apenas vocábulos de dicionário.

Extraído do livro O Bonde e outras recordações, de Zenilo Almada.

Nenhum comentário: