quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

A Vida Social e o Carnaval



Fortaleza moça, embora comportada, gostava de festas. O Carnaval, por exemplo. Em 1830, brincava-se o entrudo; cuias e mãos lançavam água, zarcão e farinha de trigo nos passantes. Dessa maneira perdurou até 1880, quando se limitou a água de cheiro, confetes e as serpentinas. O boticário Ferreira, na Feira Nova, era conhecido folião.


O carnaval se fazia também pelos papangus, mascarados que cirandavam nas ruas. As fantasias alugavam-se na loja do Areias, à Rua da Palma. Quase todos optavam pela fantasia de dominó, espécie de batina com capuz, ornada de guizos e de cores variadas. Os maracatus também ensaiavam aparecer. Formados só de homens vestidos de mulher, saias brancas e cabeções de renda, traziam o corpo e o rosto pintados de preto. Não dançavam, andavam lentamente. 

foto do site: http://www.nacaofortaleza.com/bra/marace.htm

Havia uma outra espécie de maracatus imitando índios, com tangas e cocares de penas. Marchavam num passo de dança selvagem, saltando para todos os lados, abaixando-se e levantando-se bruscamente. Na década de 1890, o carnaval é dos importados (pierrots, colombinas e arlequins). 
Ruas e clubes disputam o título de maior ostentação. No corso e nos salões desfilam vistosas fantasias, cada um portava seu vidro de Cloretil, espalhando no ar ondas perfumadas. Entre 1912 e 1930 os carnavais eram de extraordinária beleza e grande animação. Na rua desfilavam caminhões artisticamente decorados, imitando cisnes, gôndolas e navios. 

 foto do livro Ah, Fortaleza!

O carnaval de luxo não se misturava com o popular quando se encontravam nas praças. Na Praça do Ferreira cabia aos ricos a exiguidade da Avenida 7 de setembro – uma alameda especialmente ajardinada – pelo receio de contato imediato com os populares à solta por todo o restante do logradouro.

fonte:
Revista Fortaleza, fascículo 9


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