Segundo Mozart
Soriano Aderaldo, nossa capital, a exemplo de Roma, é construída sobre colinas.
As elevações repartiam os cursos d’água que iam ter com o mar, o Pajeú ou o Cocó.
O riacho que partia da Praça do Ferreira em direção ao Pajeú, alcançando-o na
altura do Mercado Central, era um eles. Outro curso d’água se dirigia da Praça
Clóvis Beviláqua em demanda da lagoa do
Garrote, passando nas proximidades da Praça do Livramento (atual Praça do
Carmo). Esses riachos serpenteavam entre os outeiros.
Lagoa do Garrote, hoje um lago canalizado dentro da Cidade da Criança (Parque da Liberdade)
O caminho das
águas foi interrompido pelas ruas. O forte, contíguo ao quartel da Guarda
Nacional, serviu de parâmetro, daí surgindo a rua do Quartel, hoje General
Bezerril, e a rua de Baixo, à margem esquerda do Pajeú ou dos Mercadores, ou
Rua Direita (atuais Avenida Alberto Nepomuceno, e ruas Sena Madureira e Conde D’Eu.
Os bairros apareciam identificando a cidade: do Outeiro, da Prainha e do
Comércio, este último representando a cidade propriamente dita.
estrada Fortaleza-Parangaba, em 1929 (foto O Povo)
Sendo Fortaleza
meia dúzia de ruas, duas praças e um par de becos (o Beco das Almas, que
cresceu Rua São José e o Beco da Apertada Hora, renomeado Rua Governador Sampaio).
Distantes as estradas de Messejana, Parangaba e Jacarecanga. Até a metade do
século XIX, a cidade se via nas ruas: era a Rua da Amélia, Praça do Ferreira,
Praça Carolina, Rua das Flores (Castro e Silva), pelo rastro dos mortos.
Travessa da Municipalidade (Rua Guilherme Rocha), por ladear o prédio da
Intendência Municipal; da Misericórdia (Dr. João Moreira), por conta da Santa
Casa; São Bernardo (Pedro Pereira), devido a Igreja de São Bernardo; Rua do
Cajueiro (Pedro Borges). As travessas da Assembleia (São Paulo) do Gasômetro
(Senador Jaguaribe) e do Chafariz (José Avelino) são autoexplicativas.
Em 1817 os vereadores determinaram o uso de placas com o nome dos logradouros. Mas o povo continuava a se orientar pelos nomes conhecidos e pelo cotidiano de flores, almas, trincheiras e chafarizes. O costume era tão arraigado entre a população que até os responsáveis pelas procissões davam ciência dos itinerários através de publicações na imprensa, comunicando que a procissão passaria em frente à casa de pessoas conhecidas da população.
Ladeira do Gasômetro, sentido praia/sertão com o prédio da Santa Casa no alto
Em 1817 os vereadores determinaram o uso de placas com o nome dos logradouros. Mas o povo continuava a se orientar pelos nomes conhecidos e pelo cotidiano de flores, almas, trincheiras e chafarizes. O costume era tão arraigado entre a população que até os responsáveis pelas procissões davam ciência dos itinerários através de publicações na imprensa, comunicando que a procissão passaria em frente à casa de pessoas conhecidas da população.
Um
exemplo desse hábito corrente na Capital é o anúncio publicado no jornal “A
Constituição” pelo vigário interino da catedral sobre o percurso da procissão
de encerramento do
mês mariano de 1864:
Hoje
às 4h da tarde sairá em procissão a imagem da Santíssima Virgem conduzida pelos
fiéis, cuja direção será a seguinte:
Sairá
da Catedral pela Rua de Baixo, entrará
na Rua do Garrote pela travessa que existe diante da casa do Sr Cônsul Gouveia, e
daí prosseguirá em direção à Praça da Municipalidade, passará
na frente da casa do Sr. Feijó, em
cuja travessa entrará em direção ao Palácio Episcopal, prolongando-se
pela rua abaixo, voltará
na quina do Senhor Cônsul Rocha Júnior, em
procura da frente do Senhor Barbosa, e
daí entrará na travessa mais próxima, que é a do Senhor Santos, encaminhando-se
à casa da Carolina, passará
na frente do Senhor Paes Pinto, onde
voltará para a Catedral da Sé.
Assinado:
João Leite de Oliveira – vigário interino.
fontes:
Revista Fortaleza, fascículo 9
Fortaleza Velha, de João Nogueira
fotos do Arquivo Nirez
fotos do Arquivo Nirez
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