Era Fortaleza uma vila muito acanhada, quando
acompanhando o governador Manuel Inácio de Sampaio, aqui chegou o Tenente
Coronel de Engenheiros, Antônio José da
Silva Paulet. Chegaram ambos no dia 19
de março de 1812, Paulet como Ajudante de Ordens do governador. Tomaram posse no dia 19 de março e formaram
uma dupla de peso para a disciplinarização da cidade.
Primeira planta da Vila de Fortaleza, de 1730, feita pelo capitão-mor Manuel Francês. O traço forte do Pajeú divide em duas a futura cidade.
O modelo seguido é
o das cidades ortogonais, ou mais particularmente, em retângulo ou xadrez, com
as ruas cortando-se em ângulo de 90°, na época, quando não havia a ciência
urbanística, o modelo dominante – como as
cidades hispano-americanas.
Ideias desta ordem dominaram o século XIX, porque os
alinhamentos e os ângulos retos eram os mais convenientes para o traçado das
ruas e construção dos prédios, sobretudo se levado em conta a pouca importância
que o tráfego urbano representava para a cidade.
Rua Floriano Peixoto, antiga Rua da Boa Vista, quase no cruzamento com a Senador Alencar. à esquerda, estão as duas estruturas metálicas que compunham o Mercado de ferro, inaugurado em 1897, na Praça Carolina.
A primeira rua em linha reta, baliza das futuras que se
desdobrassem de norte a sul, do mar para o sertão, fez-se a partir da
fortaleza, tomando-se como referência a Praça Carolina (atual Praça Waldemar
Falcão) e aproveitando-se os arruados conhecidos como Rua das Belas, Rua da
Pitombeira e Rua da Alegria, correspondendo os três à Rua da Boa Vista, atual
Floriano Peixoto, compreendidos, respectivamente, o primeiro entre a fortaleza
e a Rua São Paulo, o outro daí até o lado sul da Praça do Ferreira, e o
terceiro deste ponto até o final.
Praça Carolina, atual Praça Waldemar Falcão
A Praça Carolina fora o resultado do reajuste e
alinhamento do pátio ou campo situado ao norte e ao poente da casa que serviu
de morada aos governadores e onde, após 1809, por troca com o Palácio da Luz,
teve sede a Câmara Municipal, que a vendeu a Vitoriano Augusto Borges. Ai
funcionou a Comissão Militar presidida pelo Coronel Conrado Jacó de Niemeyer. Também ali esteve a Junta da Fazenda, um edifício
construído com a frente para a Rua da Matriz, Rua de Baixo ou Conde D’Eu , em nível
bem acima da grade da rua. O aproveitamento daquela espaçosa área se dez de
modo a deixar-se por trás da casa da Câmara um vasto pátio ou terreno, cercado
até a Rua das Belas. Com o tempo, nele foi construído o Mercado Público, e toda
sua extensão se acha hoje tomada pelos edifícios dos Correios e do Banco do
Brasil.
O Boticário Antônio Rodrigues Ferreira seria o maior
entusiasta do plano urbanístico de Silva Paulet. Assim como o Governador
Sampaio, Ferreira teria também o seu grande auxiliar – o Engenheiro Adolfo
Herbster, cuja ação diretiva e técnica iria constituir o melhor instrumento de
disciplinação no crescimento de Fortaleza.
planta do Porto e Villa da Fortaleza, elaborada por Silva Paulet, em 1813
Na planta de Paulet, não se nomeiam as edificações, a cidade
aparece dividida em blocos, como o primeiro indício do traçado xadrez que a
capital viria a ganhar – e até hoje marca a configuração de sua malha urbana.
Nas plantas que desenhou Paulet traçou ainda que vagamente, o futuro axadrezado
do desenho da vila. Desde Paulet, o
risco de ruas paralelas passou a ser uma constante na cidade, de modo que os
primeiros sobrados fortalezenses, erguidos a partir daquela época, observaram o
alinhamento em ângulo reto.
fontes:
Geografia Estética de Fortaleza, de Raimundo Girão
Fortaleza Belle Epoque - Reformas urbanas e controle social - 1860-1930, de Sebastião Rogério Ponte
fotos Arquivo Nirez
fotos Arquivo Nirez
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