terça-feira, 17 de setembro de 2013

A Formação Urbana

Rua da Praia, atual Avenida Pessoa Anta com o prédio da Alfândega

Capital do século XIX, Paris foi molde para as cidades que se formavam.  Feita por linhas tortas à época, seguindo  o curso dos rios, a então Vila de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção remodela-se à imagem e semelhança de Paris. A cidade não se instalou por acaso, seguiu um traçado urbano, a reforma urbana que aconteceu em Paris serviu de modelo para Fortaleza. Mas a cidade demorou a crescer. O Ceará é de colonização tardia devido a fatores diversos como o difícil acesso, o mar de vagas traiçoeiras, o terreno arenoso das dunas, rios que desaparecem no meio do curso, e o clima semi-árido, quente com areias escaldantes.


Construído na primeira metade do Século XIX, foi adquirido pela Tesouraria da Fazenda em 1886 e transferido em 1892 para o Bispado de Fortaleza. 

A cidade vista dos seus outeiros cabia no espaço de uma janela. A Fortaleza de 1861 era um arremedo de cidade. Situava-se entre as ruas da Praia atual Avenida Pessoa Anta e da Misericórdia atual Dr. João Moreira (Norte), de Baixo, atual Rua Conde D'Eu, (Oeste), Dom Pedro, atual Pedro I (sul) e Amélia (Oeste). Fora deste circuito, excetuados o Palácio do Bispo, (atual Paço Municipal) o Colégio das Irmãs (da Imaculada Conceição), e o Seminário da Prainha, tudo eram areias, casas de palha, uma ou outra casa de tijolo com sofrível aparência. 


o Colégio da Imaculada Conceição foi inaugurado em 1865, pelo bispo Dom Luis Antônio dos Santos    

Considerava-se uma loucura edificar para além destes limites, tão longe se ficava da cidade.
Por volta de 1887, a capital do Ceará apresentava praticamente as mesmas características da cidade colonial de 20 nos antes. Para além das cinco ruas limítrofes, apenas sítios que demorariam a serem os bairros – Outeiro, Otávio Bonfim, Jacarecanga, Tauape, Alagadiço, Calçamento de Messejana – naqueles tempos tomados de cajueiros esgalhados, de coqueiros esbeltos e copadas mangueiras.


Praia Formosa, na foto considerada a mais antiga de Fortaleza, datada de 1892

Só com o algodão,  Fortaleza, então uma das cidades mais inexpressivas na história urbana do Brasil, consegue se inserir no cenário comercial. A exportação do produto torna a vila a sétima capital brasileira em fins do século XIX. Esse período foi o máximo do aformoseamento e de um processo civilizatório que modifica costumes e construções. Na medida em que Fortaleza tem acumulação do capital, vai ter o glamour correspondente: surgimento dos clubes, de uma elite, de tudo que está ligado a um padrão francês de qualidade – que é a manifestação do modus vivendi da burguesia copiando o padrão da nobreza europeia. 

O Passeio Público foi o simbolo do glamour e do afrancesamento de Fortaleza  

Paris era o modelo cultural, mas não se pode esquecer a presença britânica. O capital e as técnicas eram ingleses. Comerciantes franceses e ingleses, colonizadores portugueses e religiosos alemães, holandeses e italianos dão um toque  a um lugar feito à base de farinha, carne-de-sol,  peixe moqueado, manteiga de garrafa. Apesar de ser forte essa cultura de sertão, o estrangeiro influencia a classe média alta da cidade, que sempre copiou os maneirismos dos visitantes.  


fontes:
Revista Fortaleza - fascículo 9 - extraído do artigo Cidade "A La Belle Maniere"
História Abreviada de Fortaleza e crônicas sobre a cidade amada, de Mozart Soriano Aderaldo. 
fotos do arquivo Nirez

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