Rua da Praia, atual Avenida Pessoa Anta com o prédio da Alfândega
Capital do século XIX, Paris foi molde para as cidades que se formavam. Feita por linhas tortas à época, seguindo o curso dos rios, a então Vila de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção remodela-se à imagem e semelhança de Paris. A cidade não se instalou por acaso, seguiu um traçado urbano, a reforma urbana que aconteceu em Paris serviu de modelo para Fortaleza. Mas a cidade demorou a crescer. O Ceará é de colonização tardia devido a fatores diversos como o difícil acesso, o mar de vagas traiçoeiras, o terreno arenoso das dunas, rios que desaparecem no meio do curso, e o clima semi-árido, quente com areias escaldantes.
Construído na primeira metade do Século XIX, foi adquirido pela Tesouraria da Fazenda em 1886 e transferido em 1892 para o Bispado de Fortaleza.
A cidade vista dos seus outeiros cabia no espaço de uma
janela. A Fortaleza de 1861 era um arremedo de cidade. Situava-se entre as ruas
da Praia atual Avenida Pessoa Anta e da Misericórdia atual Dr. João Moreira (Norte), de Baixo, atual Rua Conde D'Eu, (Oeste), Dom Pedro, atual Pedro I (sul) e Amélia
(Oeste). Fora deste circuito, excetuados o Palácio do Bispo, (atual Paço Municipal) o Colégio das
Irmãs (da Imaculada Conceição), e o Seminário da Prainha, tudo eram areias, casas de palha, uma ou outra casa de
tijolo com sofrível aparência.
Considerava-se uma loucura edificar para além destes limites, tão longe se ficava da cidade.
o Colégio da Imaculada Conceição foi inaugurado em 1865, pelo bispo Dom Luis Antônio dos Santos
Considerava-se uma loucura edificar para além destes limites, tão longe se ficava da cidade.
Por volta de 1887, a capital do Ceará apresentava
praticamente as mesmas características da cidade colonial de 20 nos antes. Para
além das cinco ruas limítrofes, apenas sítios que demorariam a serem os bairros
– Outeiro, Otávio Bonfim, Jacarecanga, Tauape, Alagadiço, Calçamento de Messejana
– naqueles tempos tomados de cajueiros esgalhados, de coqueiros esbeltos e copadas
mangueiras.
Praia Formosa, na foto considerada a mais antiga de Fortaleza, datada de 1892
Só com o algodão,
Fortaleza, então uma das cidades mais inexpressivas na história urbana
do Brasil, consegue se inserir no cenário comercial. A exportação do produto
torna a vila a sétima capital brasileira em fins do século XIX. Esse período
foi o máximo do aformoseamento e de um processo civilizatório que modifica
costumes e construções. Na medida em que Fortaleza tem acumulação do capital,
vai ter o glamour correspondente: surgimento dos clubes, de uma elite, de tudo
que está ligado a um padrão francês de qualidade – que é a manifestação do modus
vivendi da burguesia copiando o padrão da nobreza europeia.
O Passeio Público foi o simbolo do glamour e do afrancesamento de Fortaleza
Paris era o modelo cultural, mas não se pode esquecer a
presença britânica. O capital e as técnicas eram ingleses. Comerciantes franceses
e ingleses, colonizadores portugueses e religiosos alemães, holandeses e
italianos dão um toque a um lugar feito
à base de farinha, carne-de-sol, peixe
moqueado, manteiga de garrafa. Apesar de ser forte essa cultura de sertão, o
estrangeiro influencia a classe média alta da cidade, que sempre copiou os
maneirismos dos visitantes.
fontes:
Revista Fortaleza - fascículo 9 - extraído do artigo Cidade "A La Belle Maniere"
História Abreviada de Fortaleza e crônicas sobre a cidade amada, de Mozart Soriano Aderaldo.
fotos do arquivo Nirez
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