Siqueira Gurgel/Usina Ceará, frente voltada para a Avenida Bezerra de Menezes
As indústrias instaladas no Ceará, no período que vai do
final do século XIX até a década de 50 e que compreende a primeira fase de
implantação industrial estiveram voltadas, principalmente para o aproveitamento
da produção agrícola regional. A indústria têxtil foi a primeira a se instalar
em Fortaleza, como nos demais centros urbanos nordestinos, para onde convergia
a produção algodoeira. Aliás, esta é a primeira indústria a se desenvolver nos
chamados países subdesenvolvidos, não só pela presença de mercado, mas também
por ser tecnicamente mais simples.
No caso específico de Fortaleza, a presença da matéria-prima favoreceu sua instalação, tendo em vista o desenvolvimento da cultura do algodão, principal produto agrícola do Estado.
No caso específico de Fortaleza, a presença da matéria-prima favoreceu sua instalação, tendo em vista o desenvolvimento da cultura do algodão, principal produto agrícola do Estado.
Ligada à têxtil, desenvolveu-se a indústria de óleos
vegetais, aproveitando o caroço de algodão. Também visando a produção de óleo,
foram industrializados a mamona, a oiticica, e o babaçu, destacando-se a
capital cearense como um dos principais centros produtores de óleos vegetais no
Nordeste.
Fábrica Progresso, na Avenida do Imperador
O marco inicial do processo de implantação industrial no
Ceará foi a fundação em Fortaleza, em fins do século XIX, da Fábrica Progresso.
Esta posição se justifica pelo fato de que antes da instalação da Fábrica
Progresso, a única atividade equipada com máquinas foi a tipográfica. Ainda em
fins da década de 1920, surgiu em Fortaleza um novo empreendimento industrial
de significativa importância, visando o aproveitamento do óleo de oiticica. A
iniciativa partiu de comerciantes locais que instalaram uma pequena usina de
prensagem para obtenção do óleo ,
acreditando nas possibilidades do emprego da oiticica como matéria-prima para a
indústria de óleos secativos. Entretanto, devido a problemas técnicos e
financeiros, a indústria só veio a funcionar regularmente em 1934, quando foi
encampada por capitais estrangeiros.
Fábrica de Tecidos São José, no Jacarecanga, na Avenida Philomeno Gomes esquina com a Rua Tenente Lisboa.
As
indústrias de maior vulto que surgiram em Fortaleza no período que vai da
instalação da Fábrica Progresso até 1930, estavam voltadas para um maior
aproveitamento do algodão, como a Siqueira Gurgel, fundada em 1925, e a
Philomeno Gomes, instalada em 1926.
Nos anos 40, o maior número de fábricas instaladas em
Fortaleza foram nos ramos de beneficiamento da cera de carnaúba, produção de
óleos vegetais e sabão, além de indústrias têxteis de beneficiamento do algodão
e de fiação e tecelagem.
embalagens de produtos fabricados pela Siqueira Gurgel e Usina Ceará, no bairro Farias Brito
Data do começo
da década a fundação da Fábrica de Tecidos Santa Cecilia do Cotonifício Leite Barbosa.
Já na segunda metade da década de cinquenta, proliferou a instalação de
pequenas unidades fabris, sobretudo do gênero alimentar, como as panificadoras,
entre outras, para atender a população crescente da capital cearense.
Entretanto, muitas destas pequenas unidades de bens de
consumo de primeira necessidade, foram instaladas em condições precárias e a
rigor nem poderia ser consideradas como indústrias.
Padaria Ideal, inaugurado no dia 1° de abril de 1925, na Rua Barão do Rio Branco.
A implantação industrial nessa fase, processou-se
espontaneamente e foi realizada por grupos locais que conseguem mobilizar os
recursos financeiros disponíveis na região, adquiridos, sobretudo, através das
atividades agrícolas e comerciais. A propriedade industrial manteve-se até a
década de 50 nas mãos de grupos familiares.
Não só surgiram indústrias de
beneficiamento de produtos agrícolas para exportação, como também aquelas
voltadas para o atendimento do mercado criado pela própria economia
exportadora.
O comportamento da
indústria e dos serviços numa economia voltada para a exportação de produtos
primários, é uma função direta da situação desse setor, ou seja, o mercado
criado pela produção dos bens exportados. Daí terem sido criadas, em centros
como Fortaleza, indústrias tradicionais, mais precisamente têxteis, que
produziam tecidos grosseiros para atender um mercado regional de baixo poder
aquisitivo. Em outras palavras, a estrutura econômica vigente no Nordeste,
contribuindo para a manutenção de baixos salários condicionou a implantação de indústrias tradicionais de baixa produtividade, produtoras de bens de consumo
simples e de baixo preço.
Fábrica da Brasil Oiticica, na Avenida Francisco Sá (foto IBGE)
Extraído do artigo Aspectos Históricos da Industrialização
no Ceará,
de Zenilde Baima Amora
Publicado no livro História do Ceará, coordenadora Simone
Souza
fotos NIREZ
Um comentário:
sou Andréa Ribeiro e trabalho com produção de vídeos, gostaríamos de utilizar uma ilustração da fabrica brasil Oiticica que esta aqui nesse blog, como posso obter autorização? favor entrar em contato 85 989701104 andreaproduz@gmail.com
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