segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Praça dos Mártires (Passeio Público) – Origem e Evolução

Estátua Menino com um ganso 

O Passeio Público, nome pelo qual também é chamada a Praça dos Mártires, foi idealizado pelo governador Dr. Fausto Augusto de Aguiar (1848-1850) e teve sua edificação iniciada em 1864, com a participação do comerciante português Tito Antônio da Rocha, que entre os equipamentos da praça construiu o rinque de patinação onde alugava patins para os jovens (1878), construiu o chafariz central e a caixa d’água que ainda se encontra no primeiro plano. O logradouro era animado pelas bandas de música do 15° Batalhão de 1ª Linha, da Escola de Aprendizes Marinheiros e Batalhão de Segurança do Estado.

O Passeio Público com os 3 planos: 1 - 1° plano; 2 - 2° plano; 3 - 3° plano e o lago; 4 - gasômetro; 5 - praia de Maceió 
planta da Cidade de Fortaleza de 1888 de Adolfo Herbster 

Passeio Público. Em destaque, a área atual da Praça. Em tracejado, os antigos 2° e 3° planos. Planta Cadastral da Cidade, PMF 2001-2002  

O espaço correspondente ao antigo Passeio Público ia da atual Rua Dr. João Moreira (antiga Rua da Misericórdia) até a Praia denominada Maceió, onde funcionava o ancoradouro desde 1649; depois da construção do primeiro plano, a área restante foi cercada pela Câmara e arrendado para plantio de hortaliça e capim.

Baigneuse menor no alto da coluna do Chafariz. Ao fundo a caixa d'água  foto do Álbum de Vistas do Ceará, 1908

Entre os anos 1879/1880 houve a remodelação da praça reestruturando-se  os três planos, separados por paredões:  o 1°plano: Avenida ou Alameda dos Mártires media 73x141 m de área e os passeios batizados com os nomes dos Mártires. Em 1880 foi construída uma avenida separando o 1° do 2° plano – Avenida Caio Prado – homenagem ao ex-governador do Ceará falecido antes do término do mandato. Recebeu estátuas (réplicas de esculturas clássicas) jardim, café, bar, coreto e iluminação. Ali se reunia a elite.

Avenida Caio Prado, ao fundo a Santa Casa antes da ampliação 
foto Álbum de Vistas do Ceará, 1908.

2° plano: chamado de Rocha Lima ou também de Carapinima, media 47x96m de área, bastante arborizado, possuía cascata artificial e repuxos, um lago com a estátua de Diana no centro, um cassino com bilhares e bar – chamado de Cassino Cearense. Anos depois essa parte do Passeio Público foi transformada em praça de esportes e depois garagem da 10ª Região Militar. Nessa ala se reuniam as pessoas de classe média.

Estátua de Prometeu (Álbum de Vistas, 1908)

3° plano: chamado de Tito Rocha ou Avenida Mororó, com área de 86x79m, espaço atualmente cortado pela Avenida Presidente Castelo Branco, possuía um lago artificial alimentado por um braço do riacho Pajeú. No centro havia uma estátua de Netuno colocada em 1881. O local era uma espécie de mini zoológico com animais soltos – veados, cutias, emas, cisnes, patos. Havia dois pavilhões para atividades comerciais e recreativas como nas outras alas. Essa ala era frequentada por pessoas de classe baixa, soldados, prostitutas e pessoas humildes.

Avenida Mororó, com a estátua de Ceres, à direita
foto do Álbum de Vistas do ceará, 1908

A Alameda Caio Prado foi a única a resistir, sintetizando a história da Praça mais antiga de Fortaleza. No início do século XX surgiram novas praças e a população do centro passa a ocupar os bairros como Jacarecanga, Benfica, Praia de Iracema e Aldeota, surgem novas opções de lazer.
A Praça dos Mártires foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 13 de abril de 1965. Abriga a melhor tradição humana e poética pelo que já representou como local de congraçamento da comunidade e pela posição de frente para o mar.

Vista do mar a partir da Avenida Caio Prado. (foto Álbum de Vistas, 1908)

Apesar desta característica recente da Praça, não se pode esquecer que o local funcionou por muito tempo como local de execuções sumárias, quando no Brasil existia a pena de morte. Ficaram registrados com maior ênfase dois acontecimentos: o fuzilamento dos Mártires da Confederação do Equador e a execução de seis escravos maranhenses, autores de crime de morte e roubo no brigue Escuna Laura II, quando navegava em águas cearenses com  destino a Pernambuco. A execução aconteceu em 22 de outubro de 1839.

Fontes:
Caminhando por Fortaleza, de Francisco Benedito
Passeio Público: espaços, estatutária e lazer, de José Liberal de Castro

2 comentários:

Unknown disse...

Eu amo Fortaleza e sempre indico a todos para conhecer.... Grande abraço.

Tinally disse...

Agradecida por contribuir com a memória da cidade!