segunda-feira, 21 de maio de 2012

Na Sessão Matinal do Cine Diogo


Portaria do Cine Diogo

Além da consagrada “sessão das quatro” o Cine Diogo oferecia uma outra, às dez da manhã,  que geralmente ficava lotada, apesar da concorrência natural das piscinas e das praias ensolaradas. (Nos anos 1950, só havia duas piscinas em Fortaleza: a do Ideal Clube e da Escola de Aprendizes Marinheiros).  
A sessão matinal do Diogo era frequentada por famílias,  casais acompanhados de filhos, que depois da obrigação religiosa – a missa no domingo – saiam em busca de um divertimento sadio. Os filmes exibidos eram compatíveis com o público, comédias leves, histórias românticas, dramas açucarados.

 Edificio Diogo na Rua Barão do Rio Branco, onde funcionou o cinema (foto Fátima Garcia) 

Por essa época houve uma florescência no cinema de jovens atrizes italianas, mulheres de formas abundantes como Silvana Mangano, Gina Lollobrígida, Sophia Loren, e outras, de singular beleza e que não se furtavam em exibi-la a qualquer pretexto.
Um dia entrou em cena na matinal do Diogo, a beleza luminosa de uma daquelas estrelas italianas de apenas relativo sucesso, chamada Rossana Podestá.  Branca, loira, de curvas perfeitas, rosto bonito, Rossana não era um símbolo sexual, estando mais para um tipo de mulher pura, virginal, ingênua. 

 Rossana Podestá, atriz italiana, nascida em Trípoli - Líbia, em 20 de junho de 1934

De súbito, algo que não estava nas previsões do distinto público. A doce Rossana arranca a parte superior do vestido, exibindo um busto que nada ficava a dever ao da sua conterrânea Lollobrígida. 
Foi um escândalo! Juram que houve quem mandasse os filhos fechar os olhos. E, sem muita demora, o cinema foi-se esvaziando.  Ao final do filme, a matinal do Diogo esta com apenas alguns poucos espectadores. A maioria batera em retirada, num protesto silencioso da família cearense contra o desrespeito, em defesa da moral e dos bons costumes, vigentes na ainda provinciana Fortaleza.

Extraído do livro
Sessão das quatro cenas e atores de um tempo mais feliz
De Blanchard Girão   

2 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Assisti a muitos filmes no Diogo,lembro-me da Rossana Podestá, mas dessa cena... não!
Haviam corredores, nas laterais do Cine Diogo, as portas todas se abriam, como no Cine São Luis, para entrar e sair. Não havia ar condicionado.
Pena, que os cines do centro se acabaram...

Fátima Garcia disse...

Olá Lúcia,
Rossana Podestá atuou em diversos filmes na década de 50, filmes épicos principalmente, dos quais o mais famoso foi Helena de Tróia. O cronista não falou o nome da fita referenciada no post. Lembro do Diogo, dos corredores laterais, do calorão e dos bons filmes que assisti lá. Bons tempos.