quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

O Cinematógrafo Júlio Pinto

O Cinema de Julio Pinto, inaugurado em 1909, foi o segundo cinema fixo de Fortaleza e funcionava na antiga Rua da Palma, atual Major Facundo. Tinha quatro portas de frente, duas para a sala de espera e as outras abriam para o escritório de uma fábrica de mosaicos. O salão de projeção ficava atrás, na mesma largura das quatro portas de frente. 
A Rua Major Facundo e um fantástico conjunto de sobrados e casas térreas. 
(Arquivo Marciano Lopes)
Do lado esquerdo de quem entrava, ficava o aparelho projetor, marca Pathé, com um condensador cheio de água que era usada para refrescar a objetiva e impedir a combustão das fitas que eram de celulose e altamente inflamável.
Do lado direito ficava a tela; na sua frente, uma enorme cacimba coberta por grossas tábuas, sobre as quais ficava a pequena orquestra que tocava à noite durante as sessões: Pilombeta (piano), João Brandão (flauta), Manuel Nunes Freire (violão) Pedro Nanim (piston) e mais um músico que tocava rabeca.
O cinema empregava dois pintores de tabuleta, um dos quais reproduzia à tinta com cola os retratos dos artistas preferidos: Tom Mix, Charles Chaplin, Theda Bara, Asta Nielsen, Max Linder, Buster Keaton, e outros, além dos emblemas das fábricas patrocinadoras: Monogram, Nordisk, Pathé, Biograph.
Os cinemas ainda eram mudos: Júlio Pinto, Polytheama, Amerikan Kinema e o Di Maio. Foi Júlio Pinto o pioneiro do cinema falado. Um dia apareceu ali, um aparelho com o sistema “vitaphone”. O som era gravado em discos, que começavam a rodar no inicio da fita. Quando a fita quebrava, era preciso contar os quadros perdidos e intercalar pedaços de fita preta. Se não se fizesse essa substituição, o som ficava fora de sincronia com a imagem. Comumente as fitas eram divididas em quatro partes. Havia cinco minutos de intervalo entre as partes, espaço de tempo que se traduzia em grande algazarra. A platéia impaciente batia os pés e assobiava estridentemente. Quando o espectador sentava para assistir a uma fita, já sabia dos principais lances da história, pois tinha lido o programa resumido, distribuído à entrada ou mesmo na rua, de casa em casa. Os programas, porém, não contavam o final do filme o que não fazia muita diferença, já que todos sabiam que a mocinha casava com o herói e o bandido era castigado.    
Todos os cinemas daquela época expunham grandes cartazes que anunciavam os próximos filmes. Estas tabuletas eram postas nas esquinas da Praça do Ferreira e adjacências. Quanto a fita era muito boa, o preço era aumentado, de duzentos para quinhentos Réis. – uma exorbitância, diziam, só no Ceará se vê isso! – mas os cinemas estavam sempre lotados...
o primeiro automóvel a circular em Fortaleza foi este Rambler pertencente a Meton de Alencar e Júlio Pinto (Arquivo Nirez)
Foi Júlio Pinto que trouxe para Fortaleza o primeiro automóvel, em 1912. Seu motorista era um português chamado Rafael Dias Marques.

Fonte:
Fortaleza Descalça, de Otacílio de Azevedo.

2 comentários:

Lúcia disse...

Muito interessante! Nunca tinha ouvido falar dete Cinematógrafo, nem conhecia o termo, rsrsrs....
Nossa Fortaleza, tinha tanta coisa boa !

Muito legal!
Ano novo de muita produção!

Anônimo disse...

Parabéns pelo artigo! Se me permite divergir apenas de um ponto. Creio haver um pequeno engano no último parágrafo que trata sobre o primeiro automóvel a chegar ao Ceará, pois há livros históricos e muitas matérias que afirmam que quem trouxe o primeiro carro ao Ceará foi o Engenheiro João Tomé que governou o Ceará de 1916 a 1919. Ele trouxe um automóvel Piccolo em 1907, portanto antes do Rambler que só chegou ao Ceará dois anos depois.
http://coisadecearense.com.br/engenheiro-joao-tome/