quarta-feira, 20 de abril de 2011

A Cidade dos Clubes


Em 1950, o Náutico Atlético cearense trocou sua minúscula sede da Praia Formosa pela monumental sede da Praia do Meireles. O fato chamou a atenção dos demais clubes, que até então não haviam pensado em mudar, oferecendo mais conforto e diversão aos seus associados.  

Sede do Náutico na Praia Formosa, que teve como primeiro presidente Pedro Coelho de Araujo - 1929 (arquivo Nirez) 

Sem estilo definido, ao que parece, o objetivo do projetista era a suntuosidade pura e simples. Ocupando uma área considerável, numa região ainda pouco valorizada, à beira mar, o Náutico sentia orgulho de seu palácio alviverde, e os abriam seus salões para os visitantes de todos os lugares do Brasil e até do exterior.
As demais agremiações sócio-esportivas não quiseram ficar atrás, e cada uma cuidou de modernizar suas sedes sociais. 

nova sede do Náutico Atlético Cearense, projeto do arquiteto Emilio Hinko (arquivo Ah, Fortaleza!). 

O Clube Líbano Brasileiro, que ocupava um velho casarão na Avenida Santos Dumont, tratou de iniciar a construção de uma nova sede, na ladeira da Rua Tibúrcio Cavalcante.
 O velho Clube Iracema, o pioneiro de todos os clubes sociais de Fortaleza, com suas origens fincadas no século passado começou a erguer sua sede moderna, que nunca chegou a concluir, numa quadra da Aldeota.
O Clube dos Diários, também muito antigo funcionava de forma precária, embora muito elegante, nos altos do Palácio Guarani, em pleno centro da cidade. Tratou de se aproximar da orla marítima, construindo sua sede na Praia de Iracema. 
O Maguary que nascera como clube de futebol, embora ocupando um belo imóvel no final da Rua Barão do Rio Branco, investiu nas suas estruturas. Construiu até piscina para poder atrair os associados e emparelhar-se aos demais. E passou a animar as noites de Fortaleza, com a instituição das suas tertúlias, que fizeram história nas noites de Fortaleza. 

fachada do clube Líbano Brasileiro na Rua Tibúrcio Cavalcante - 1956 (arquivo Ah, Fortaleza!)

Na década de 1950 o Circulo Militar era uma agremiação sem expressão, ocupando um chalezinho na esquina da Avenida Aquidaban com a Rua Ildefonso Albano. Também entrou na onda, embora tenha se instalado não muito próximo ao mar, em duas quadras, numa das áreas mais nobres da Capital, entre a Avenida Desembargador Moreira e a Rua Oswaldo Cruz. 
Até o acanhado Comercial Clube, que funcionava numa casa de sobrado, pertinho do Círculo Militar, construiu bem depressa a sua nova sede, por ali mesmo, na Avenida Aquidaban. A colônia de Massapê, à frente a família Arruda, ergueu o simpático centro Massapeense. Tudo na Praia de Iracema.
 
no Ideal Clube  (arquivo Marciano Lopes)

Tudo de repente, como um surto. Os velhos e tradicionais clubes em novas e confortáveis sedes, a criação de novas agremiações, com piscinas de águas esverdeadas, quadras de esportes, bares e restaurantes. Uma moderna e diferente forma de viver, com mais alegria, mais descontração, mais charme. 
Só o tradicional Ideal Clube, com seu conservadorismo e sua elegância não se abalou: foi o primeiro clube a fazer sua sede na praia, ocupava uma quadra inteira, além de ter construído a primeira piscina do Ceará. 

nas piscinas dos clubes elegantes, jovens desfilavam as ultimas criações da moda em maiôs, saídas de banho e toucas (arquivo Marciano Lopes)

Com o advento dos clubes elegantes, as famílias de Fortaleza mudaram seus hábitos e passaram a encontrar nas agremiações a continuação do seu próprio lar, com a vantagem dos banhos de piscina, das práticas esportivas, do conforto dos bares e restaurantes.
Dentro de pouco tempo o Brasil inteiro comentava o gritante contraste entre a conhecida pobreza do Estado e a suntuosidade dos seus clubes, onde a elite risonha e franca nem via o tempo passar.
Decorridos 50 ou 60 anos desse boom os clubes sociais estão em franca decadência. Com raras exceções, estão em vias de extinção, seja pela dificuldade em captar novos sócios, seja pelo grande número de alternativas que os centros urbanos oferecem. 
Serviços melhores e mais diversificados ocuparam seus lugares.      

Fonte: Os Anos Dourados, de Marciano Lopes           

2 comentários:

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Frequentei muitas matinais nos clubes da praia do Meireles. Lembro-me bem do Clube Coemercial e do Massapeense.
Era muito bom....foram se acabando...se acabando. Pena!
Esses concursos, eram bacanas.
Usei muito, esse modelos de maiôs.
Tenho fostos, nas pedras de Iracema, q nem miss....a gente olha e...kkkkkkkkk

Beijos
Boa Páscoa

Fátima Garcia disse...

Aê Lúcia, até eu queria ver essas fotos, nas pedras da Praia de Iracema.
bjs