Fortaleza - 285 anos
homenagem ao Boticário no espaço ocupado pela fonte e pela cacimba, descoberta em 1991, quando da última reforma pela qual passou a Praça do Ferreira, na gestão do prefeito Juraci Magalhães.
Antonio Rodrigues Ferreira nasceu em Niterói, capital da então província do Rio de Janeiro, filho de Antonio Rodrigues Ferreira e Marcolina Rosa de Jesus.
Comprometido com questões de terras, foi obrigado a deixar sua cidade e refugiar-se num país do Rio da Prata. Quando retornou empregou-se na Corte, em uma farmácia francesa, de onde saiu recrutado e preso, por conta de desavenças políticas do seu patrão.
Em 1825 chega a Fortaleza, trazido pelo negociante e cônsul português, Manuel Caetano de Gouveia, que o convidou para ser caixeiro. Mais tarde, utilizando seus conhecimentos adquiridos como prático de farmácia, salvou a mulher de Gouveia, que quase faleceu devido a complicações de parto.
O local está em péssimas condições de conservação, sujo e quebrado. Justo no local onde homenagearam o Boticário Ferreira, que se notabilizou pela administração caprichosa, pelo embelezamento, e pelo zelo no trato com o logradouro.
Não foi difícil depois disso, conseguir uma licença especial para o exercício da profissão. Instalou-se com o nome de Farmácia Ferreira, na casa térrea de três portas no largo da Feira Nova, assim chamada porque ali se reuniam semanalmente os feirantes, e dessa casa nunca se mudou, até falecer.
O boticário foi logo convertido em médico. A procura por seus serviços aumentava a cada dia, porque além da confiança, a certeza de que ele nada cobrava pelos curativos, nem dos pobres pelos remédios, sobretudo em casos de maior gravidade.
De tão divulgados, os favores do farmacêutico levaram-no a evidência da vida pública, a contar da nomeação para suplente de delegado de polícia na capital, em 1842. Nesse ano recebeu o mandado de vereador, e começava então a trajetória do boticário que passaria a ser de grande importância no desenvolvimento ordenado de Fortaleza.
Antonio Ferreira, se entrosou sem dificuldades em um dos dois partidos políticos então existentes. Além de vereador foi vice-presidente e por fim, presidente da Câmara, acumulando naquela época, as funções do executivo, o que ensejou que, por muitos anos, pudesse administrar superiormente a cidade e aplicar com inflexibilidade o Plano Diretor de Fortaleza, elaborado por Silva Paulet, não permitindo que interesses particulares o deformassem.
A Feira Nova tomaria com Ferreira um acelerado desenvolvimento, o que determinou que o centro da cidade fosse deslocado da Praça da Sé e do Passeio Público para a futura Praça do Ferreira.
Ruas no entorno da catedral, área por onde passa a história de Fortaleza
Ali o boticário promovia o entrudo, o carnaval daqueles tempos, e imaginava inúmeros eventos a fim de chamar a atenção de todos para o seu logradouro, porque a Feira Nova naquela época se localizava em mero arrabalde da capital do Ceará.
Para que se faça uma idéia da distância entre a futura Praça do Ferreira e o centro da acanhada capital de meados do século XIX, no local onde hoje se instala a Caixa Econômica, no encontro das Ruas Floriano Peixoto e Guilherme Rocha (esquina sudoeste da praça) foi construído um modesto prédio onde passou a funcionar uma sala de aula, mas os moradores foram protestar junto às autoridades pela escolha de lugar tão ermo para o ensino das crianças.
Pelo esforço empregado em favor da urbanização de Fortaleza, o boticário Ferreira merece o reconhecimento e a homenagem que lhe prestou a cidade, vinculando seu nome ao daquele logradouro. É a ele que Fortaleza deve o grande serviço de não permitir, naquela época, que no perímetro central da cidade, que era o que havia então, se abrissem becos estreitos e ruas tortuosas, no que não foi seguido por muitos de seus sucessores.
Antonio Rodrigues Ferreira faleceu no dia 29 de abril de 1859. A cidade chorou convulsivamente no acompanhamento de seu enterro no Cemitério de São Casimiro. Em 1935 foi construído um jazigo no Cemitério São João Batista, pelo engenheiro João Nogueira, que lá depositou restos mortais do boticário Ferreira.
Ferreira casou-se com uma cearense D. Francisca Áurea de Macedo, e do casamento não houve filhos. Nem outro algum ilegítimo que pudesse legitimar – declarou no seu testamento, datado de 27 de abril de 1859.
fotos de março/2011
Fontes:
Girão Raimundo. Geografia Estética de Fortaleza. Imprensa Universitária do Ceará, 1959.
Aderaldo, Mozart Soriano. História Abreviada de Fortaleza e crônicas sobre a cidade amada. Fortaleza: Programa Editorial da Casa de José de Alencar, 1998.
Nenhum comentário:
Postar um comentário