O Traçado Urbano
Em 1818, o engenheiro Antônio da Silva Paulet imaginou a
cidade como um tabuleiro de xadrez. Assim surgiu a “Planta da Villa”, 92 anos
depois do esboço de Manuel Francês, para organizar o espaço urbano de Fortaleza
– que crescia desordenada, entre à margem direita do Riacho Pajeú e a praia –
estabeleceu uma reta, ao largo da parede sul do Forte; e a partir dela, a 90º,
deveriam iniciar-se as ruas de sentido norte-sul – dessa forma implantam-se as ruas Formosa/Barão do Rio
Branco, da Palma/Major Facundo e das Belas/Floriano Peixoto. A estas incidiram
octogonalmente as ruas de sentido Leste-Oeste.
A cidade xadrez em vista aérea nos anos 60
O traçado de Paulet foi mantido
por Adolfo Herbster, arquiteto que em 1875, propõe a Planta Topográfica da
Cidade de Fortaleza e subúrbios. Como o nome indica, considera além do que se
tinha como cidade, anexando-lhe três bulevares (à semelhança das reformas do Barão de Haussmann) do
Imperador, Duque de Caxias e da Consolação (D. Manuel) – em redor do centro,
facilitam o tráfego. A planta de Herbster disciplinaria a expansão de Fortaleza
até 1930: corrigia becos, desvios e ruas desalinhadas que facilitavam motins
urbanos, substituindo-os por vias alinhadas, longas e cruzadas em ângulo de 90°
que favoreciam a vigília do poder sobre as cidades.
As modificações no desenho de ruas e praças devem não apenas
traduzir no espaço os ideais de progresso e civilização, mas se prestam a
disciplinar o comportamento dos habitantes. Herbster reforça o projeto de 1875
com a "Planta da Cidade de Fortaleza Capital da Província do Ceará" em 1888.
Em par com a ação preventiva de ocupação do
solo, considera a obsessão higienista do século XIX com a necessidade de amplos
logradouros para facilitar a passagem das correntes de vento, porquanto se
acreditava que o ar contaminado pela estagnação dos aglomerados urbanos era uma
das terríveis causas de epidemias e mortalidades.
O Abastecimento de Água
Aguadeiros se preparam para a distribuição de água em lombos de burro. Este poço ficava na antiga Rua da Cachorra Magra, atual marechal Deodoro, no Benfica
O memorialista Raimundo de Menezes conta que, até 1827,
Fortaleza não tinha ideia do que fosse abastecimento de água. A água era de
poço, trazida por aguadeiros em lombo de burro. Em setembro daquele ano, leis
provinciais autorizam o início do serviço por chafarizes. Antes, em 1812, o Conselho da Vila de
Fortaleza acertou com o tenente-coronel João da Silva Feijó o aproveitamento de
uma das nascentes do seu sítio, na Rua do Quartel, para a construção do
primeiro chafariz público.
Praça Clóvis Beviláqua, a antiga Praça do Encanamento
Somente nos anos de 1860, estuda-se um projeto de distribuição de água. Dessa vez, com as bênçãos de D. Luiz Antônio dos Santos e encanamento do sítio de José Paulino Hoonholtz, no Benfica, para quatro chafarizes espalhados pela cidade: nas praças da Municipalidade (do Ferreira) Capistrano de Abreu, do Patrocínio (José de Alencar) e Garrote (Cidade da Criança). O caneco custava 40 réis. Cacimbas na Lagoa do Garrote, no Passeio Público e na Lagoinha também abasteceram a cidade até cerca de 1920, quando se ampliou o sistema subterrâneo.
Progresso e Lazer
Cuida dos calçamentos, reforma a Praça General
Tibúrcio, dando-lhe a paisagem de cássias imperiais, jacarandás, casuarinas, araucárias e palmeiras; um coreto e 49 combustores; apresenta às calçadas altas o
meio-fio; e forma a banda municipal, que uma vez por semana, toca nas retretas
dos logradouros públicos.
fonte: Revista Fortaleza, fascículo 9
fotos do Arquivo Nirez
fotos do Arquivo Nirez
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