sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Aspectos da Formação do Espaço Urbano

O Traçado Urbano


Rua das Belas - atual Floriano Peixoto - no início do século XX

Em 1818, o engenheiro Antônio da Silva Paulet imaginou a cidade como um tabuleiro de xadrez. Assim surgiu a “Planta da Villa”, 92 anos depois do esboço de Manuel Francês, para organizar o espaço urbano de Fortaleza – que crescia desordenada, entre à margem direita do Riacho Pajeú e a praia – estabeleceu uma reta, ao largo da parede sul do Forte; e a partir dela, a 90º, deveriam iniciar-se as ruas de sentido norte-sul – dessa forma  implantam-se as ruas Formosa/Barão do Rio Branco, da Palma/Major Facundo e das Belas/Floriano Peixoto. A estas incidiram octogonalmente as ruas de sentido Leste-Oeste. 


A cidade xadrez em vista aérea nos anos 60

O traçado de Paulet foi mantido por Adolfo Herbster, arquiteto que em 1875, propõe a Planta Topográfica da Cidade de Fortaleza e subúrbios. Como o nome indica, considera além do que se tinha como cidade, anexando-lhe três bulevares (à semelhança  das reformas do Barão de Haussmann) do Imperador, Duque de Caxias e da Consolação (D. Manuel) – em redor do centro, facilitam o tráfego. A planta de Herbster disciplinaria a expansão de Fortaleza até 1930: corrigia becos, desvios e ruas desalinhadas que facilitavam motins urbanos, substituindo-os por vias alinhadas, longas e cruzadas em ângulo de 90° que favoreciam a vigília do poder sobre as cidades. 
As modificações no desenho de ruas e praças devem não apenas traduzir no espaço os ideais de progresso e civilização, mas se prestam a disciplinar o comportamento dos habitantes. Herbster reforça o projeto de 1875 com a "Planta da Cidade de Fortaleza Capital da Província do Ceará" em 1888.  
Em par com a ação preventiva de ocupação do solo, considera a obsessão higienista do século XIX com a necessidade de amplos logradouros para facilitar a passagem das correntes de vento, porquanto se acreditava que o ar contaminado pela estagnação dos aglomerados urbanos era uma das terríveis causas de epidemias e mortalidades.

O Abastecimento de Água


Aguadeiros se preparam para a distribuição de água em lombos de burro. Este poço ficava na antiga Rua da Cachorra Magra, atual marechal Deodoro, no Benfica 

O memorialista Raimundo de Menezes conta que, até 1827, Fortaleza não tinha ideia do que fosse abastecimento de água. A água era de poço, trazida por aguadeiros em lombo de burro. Em setembro daquele ano, leis provinciais autorizam o início do serviço por chafarizes. Antes, em 1812, o Conselho da Vila de Fortaleza acertou com o tenente-coronel João da Silva Feijó o aproveitamento de uma das nascentes do seu sítio, na Rua do Quartel, para a construção do primeiro chafariz público. 


Praça Clóvis Beviláqua, a antiga Praça do Encanamento

Somente nos anos de 1860, estuda-se um projeto de distribuição de água. Dessa vez, com as bênçãos de D. Luiz Antônio dos Santos e encanamento do sítio de José Paulino Hoonholtz, no Benfica, para quatro chafarizes espalhados pela cidade: nas praças da Municipalidade (do Ferreira) Capistrano de Abreu, do Patrocínio (José de Alencar) e Garrote (Cidade da Criança). O caneco custava 40 réis. Cacimbas na Lagoa do Garrote, no Passeio Público e na Lagoinha também abasteceram a cidade até cerca de 1920, quando se ampliou o sistema subterrâneo.

Progresso e Lazer


Praça General Tibúrcio, antigo Largo do Palácio

Um dos nomes mais relacionados ao “progresso” de Fortaleza é o de Ildefonso Albano. Assumindo a gestão em 1912-1914 (intendente) e 1923-1924 (vice-governador) idealiza o matadouro modelo, o mercado de verduras, a vila operária (casas asseadas e ajardinadas) para criar no proletariado o gosto pela intimidade do lar, a tempo em que não se comprometia nas tentações nocivas e licenciosas das ruas, bares e bordéis. 
Cuida dos calçamentos, reforma a Praça General Tibúrcio, dando-lhe a paisagem de cássias imperiais, jacarandás, casuarinas, araucárias e palmeiras; um coreto e 49 combustores; apresenta às calçadas altas o meio-fio; e forma a banda municipal, que uma vez por semana, toca nas retretas dos logradouros públicos. 

fonte: Revista Fortaleza, fascículo 9 
fotos do Arquivo Nirez
     

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