domingo, 27 de outubro de 2013

Um Jeito de Morar

As primeiras moradias de Fortaleza foram sendo erguidas por ali, nas cercanias da fortaleza, da matriz e do Riacho Pajeú: a segurança, a religiosidade, a água. Assim, a Vila foi se consolidando até atingir foros de cidade. As casas sempre naquelas paragens, que ninguém se atrevia a avançar mata adentro, havia o perigo de cobras, onças, raposas e índios belicosos em incursões ao território dos brancos.

Rua Barão do Rio Branco

O desenvolvimento da cidade e o surgimento de famílias mais abastadas, de castas mais altas permitiram um novo padrão de moradia. E entre as simplórias casas de palha e taipa, foram sendo edificadas residências de maior porte, de alvenaria. Tudo sem requintes, sem ornamentos nas fachadas, sem platibandas, todas com beira-e-bica.

Casa do Governador das Armas do Ceará, na Rua Sobral, em frente a atual Praça da Sé

A evolução lenta da província, aqui e ali ia permitindo alguma construção de maior vulto, até atingir o período em que senhores de vastas posses, às vezes detentores até de títulos e brasões, se davam ao luxo de trazerem da Europa os projetos para suas moradias.
Com o gradativo crescimento, a cidade começou a ser dividida em bairros onde pontificavam casas de grande porte, verdadeiros palacetes, belas mansões.

Casa da família Gentil, no Benfica, construída em 1918 e atual sede da Reitoria da UFC

Alguns desses proprietários até se permitiam o luxo de trazer do Velho Mundo, os materiais necessários às suas construções, sem falar nos acabamentos. Foi quando as rústicas telhas de barro produzidas nos arredores da cidade passaram a ser substituídas pelas delicadas telhas de Marselha e até por ardósia importada da Franca, para as construções mais suntuosas. E os telhados ganharam status de obras de arte, motivo de admiração de uma população desacostumada a essas regalias. 

Casa do Intendente Municipal Guilherme Rocha, incendiada na revolta popular de 1912, que depôs a oligarquia Nogueira Accioly

Da Inglaterra vinham as louças sanitárias (os vasos, as banheiras, os lavatórios);  Portugal mandava entre outras peças, as pinhas, os jarrões, as estátuas e os ladrilhos de faiança. Algumas casas utilizavam até madeiras europeias e o precioso e agora raro pinho de Riga, servia para assoalhos, portas, janelas e bandeirolas. Em muitos casos, importavam até o cimento. 

fonte:
Marciano Lopes  
Fotos do Arquivo Nirez

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