O ano de 1940 revelou-se como um ano de grandes novidades no
setor do cinema local. Além do surgimento do circuito independente – Clóvis
Janja e Cia, que inaugura os cinemas Christo Rei e Rex, a cidade é presenteada
pela Empresa Luiz Severiano Ribeiro que deixando de lado o projeto do Cine São
Luiz, monta o melhor e mais belo cinema da cidade: o Cine Diogo.
São instalados ou reaparecem também pequenos cinemas,
apelidados de “poeiras” que preenchem a função de oferecer bom entretenimento
aos moradores de bairros e subúrbios. Nesse contexto, de tantas novidades para
os cinéfilos, reaparece, a 18 de junho de 1940, o Cine Odeon, localizado na
Praça de Otávio Bonfim. A nova fase é feita com o cinema integrado à empresa
Clóvis Janja, e o filme da reabertura foi “O Querido Vagabundo”, uma versão
francesa do primeiro filme que Maurice Chevalier realizou na Europa, após sua
transferência para Hollywood. A programação trouxe a seus frequentadores uma
sequência de filmes de cowboy.
cartaz do filme exibido na reinauguração do Cine Odeon, localizado na Praça de Otávio Bonfim, estrelado por Maurice Chevalier
Há, entretanto, poucas informações sobre a vida anterior do
Cinema Odeon, propriedade de José Marcelino de Souza, um cidadão empreendedor,
que decidira investir no ramo de cinema, os recursos auferidos em sua atividade
comercial, como talhador de carne, no antigo Mercado São Sebastião.
A sua estreia como exibidor teria ocorrido em 1933, localizando-se o cinema no Grêmio Familiar, no bairro de Joaquim Távora. Em seguida transferiu-se para a Praça de Otávio Bonfim, em junho de 1939, onde se instalou com o Cine Odeon. Vem então a fase do grupo Janja, aberta a 18 de junho de 1940.
A sua estreia como exibidor teria ocorrido em 1933, localizando-se o cinema no Grêmio Familiar, no bairro de Joaquim Távora. Em seguida transferiu-se para a Praça de Otávio Bonfim, em junho de 1939, onde se instalou com o Cine Odeon. Vem então a fase do grupo Janja, aberta a 18 de junho de 1940.
Cine Popular no Benfica, ao fundo a Igreja do Coração de Jesus
A experiência de exibidor contagiou também seu filho
Francisco Marcelino de Souza, barbeiro de profissão, que se transformou em
técnico em eletrônica e operador de cinema. Pai e filho tornam-se responsáveis
pela implantação de dois outros cinemas: o Cine Nazaré, em Otávio Bonfim, e o
Cine Ventura, em prédio construído pelo empresário Júlio Ventura, na Aldeota.
O Cine Odeon era localizado próximo aos trilhos do trem da Rede
Viação Cearense e da Estação de Otávio Bonfim. Durante as sessões era comum que
o barulho da passagem do trem invadisse a sala de exibição. Cinema de linha
popular e independente provocou o surgimento, na mesma praça, de outro cinema,
este de orientação religiosa, pertencente aos frades franciscanos da Igreja de
Nossa Senhora das Dores: o Cine Familiar.
Cine Familiar, inaugurado em 1937, no bairro Otávio Bonfim, pertencente à Paróquia de Nossa Senhora das Dores
Ainda na Praça do Otávio Bonfim, existira em 1932, um
esquecido Cine Circo, sobre o qual não se acham muitas informações. E seguindo
a disputa da questão moral entre os cinemas Familiar e Odeon, o bairro conheceu
em 1942 mais um cinema nos arredores da Praça, o Cine Nazaré, na Rua Padre
Graça, n° 65.
Outros bairros também tinham seus cinemas. Nesse ano
reaparece o Cine Benfica, no Boulevard Visconde de Cauípe, 1023, atual Avenida
da Universidade, e onde fora instalado a 2 de dezembro de 1925 o Cine Recreio.
O antigo cinema passa a ser conhecido a partir de 1931 como Benfica. É bastante
lembrado por sua localização, em frente ao ponto final dos bondes elétricos da
Light no Benfica.
Fachada do Cine Nazaré, em Otávio Bonfim (foto do livro A Tela Prateada)
Porangaba, um dos polos de concentração populacional da
cidade, orgulhava-se do seu Cine teatro Porangaba. Era um salão de propriedade do
Padre José Hortêncio de Medeiros. A sua inauguração datada de 16 de janeiro de
1938, quando exibiu “Tango Bar”, um filme hispânico com Carlos Gardel, Rosita
Moreno e Manuel Peluffo.
Em 1940 surge o Cine Ideal que teria sido instalado ainda
por Francisco Marcelino de Souza, ao retirar-se da Praça de Otávio Bonfim. Funcionou
no bairro de Santa Teresinha, região localizada por trás da Santa Casa de Misericórdia,
Cadeia Pública e Estação Central das ferrovias cearenses, área habitada por
gente humilde, que se tornou popularmente referida como cinzas e vista
preconceituosamente como zona do baixo meretrício.
Mas o público que deveria prestigiar o Cine Ideal já fora atraído pelo antigo Cine Luz, na Praça Castro Carrera. Inaugurado em 1931, o Luz foi depois adquirido e reinaugurado em 1939, com instalações melhoradas, pela Empresa Luiz Severiano Ribeiro.
O Cine Luz surgiu no dia 28 de março de 1931, na Rua Castro e Silva esquina com General Sampaio na Praça Castro Carreira (Praça da Estação) numa dependência da antiga Fábrica Proença. Era de propriedade de Bernardino Proença Filho e José Bezerra da Silva.
Mas o público que deveria prestigiar o Cine Ideal já fora atraído pelo antigo Cine Luz, na Praça Castro Carrera. Inaugurado em 1931, o Luz foi depois adquirido e reinaugurado em 1939, com instalações melhoradas, pela Empresa Luiz Severiano Ribeiro.
Devem ser lembrados ainda, outros pequenos cinemas surgidos
nos anos 30, como o Cine Paroquial (1930), o Cine Popular (1932), o São Gerardo
(1931) e o navegantes (1938).
Todos esses pequenos cinemas de bairro preencheram um espaço
de nova configuração populacional urbana e atenderam a necessidade de lazer
descentralizado pelos bairros da cidade.
fotos do Arquivo Nirez
Extraído do livro de Ary Bezerra Leite
Extraído do livro de Ary Bezerra Leite
A Tela
Prateada
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