terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A Primeira Sessão de Cinema

A primeira sessão cinematográfica no Brasil teria ocorrido em 1896, no Rio de Janeiro. Projeções itinerantes aconteceram por esse período país afora, inclusive em Fortaleza – os filmes eram exibidos como curiosidades nos intervalos das apresentações de circo ou em locais públicos, a exemplo de praças, cafés e parques de diversões. Depois, surgiram as salas fixas de exibições. 
Cinema Rio Branco
O primeiro cinematógrafo de Fortaleza teria surgido em 1908, instalado pelo italiano Vitor di Maio, vindo do Rio de Janeiro – onde também inaugurara o primeiro cinema brasileiro. A seguir, outros cinematógrafos surgiram na capital cearense, como o Rio Branco, do italiano Henrique Mesiano, e o popular Cassino Cearense, de Júlio Pinto, ambos de 1909. 

Júlio Pinto, nascido em Icó, foi um comerciante e industrial dos mais ativos no Ceará no começo do século passado, parente de Nogueira Accioly. Em 1911 aparecia o Cine Polytheama, de José de Oliveira Rola. Havia outras pequenas salas de exibição pela periferia. 

Durante a apresentação dos filmes, que eram mudos, um pianista tocava. Em 1932 chegava à cidade o cinema falado. De início os filmes eram voltados para as camadas populares, como uma diversão barata. O público, sobretudo o masculino, lotava as pequenas salas de exibição. Depois a diversão tornou-se mais elitizada, direcionada para os setores abastados e com filmes dirigidos também para as mulheres. Deixou de ser mera curiosidade para virar um negócio lucrativo. Apesar das salas terem se tornado um espaço elitizado, eram comuns as reclamações quanto à gritaria e molecagens do público, além do forte cheiro de cigarro durante as sessões. 

Cine teatro Majestic Palace 
foi construído pelo comerciante Plácido de Carvalho, com endereço na Rua Major Facundo. Encerrou suas atividades em 1968, quando um grande incêndio destruiu a sala de projeção. 

Cine Moderno
Ficava na Rua Major Facundo vizinho ao Majestic. Foi construído por Plácido de Carvalho, inaugurado em 1922 e explorado comercialmente por Luiz Severiano Ribeiro. Também encerrou as atividades em 1968, em decorrência de um incêndio em suas instalações. 

Em 1917 surgiria o Majestic Palace, o primeiro grande e moderno cinema da capital, situado na Praça do Ferreira. Também ocorria ali a apresentação de peças teatrais, de artistas e até luta de boxe! No ano de 1921 apareceu o Cine Moderno. Somente em 1940 e 1958 surgiriam cinemas de igual porte, o Diogo e o São Luiz respectivamente. Eram prédios luxuosos, visando atender ao bom gosto das elites em seu lazer. Os citados cinemas e luxo foram criados por um dos negocistas mais conhecidos no País no ramo de exibições cinematográficas: Luiz Severiano Ribeiro.


Nascido em Baturité, no ano de 1895, Luiz Severiano Ribeiro conseguiu destaque no comércio de Fortaleza como proprietário de livrarias e papelarias. Buscando diversificar os negócios, entrou para a atividade de exibição de filmes – em 1915 inaugurava o Cine Riche, em parceria com Alfredo Salgado, rico comerciante local.

Cine Diogo 
Instalado no térreo do Edifício Diogo, foi inaugurado em 1940, na Rua Barão do Rio Branco. Era propriedade de Luiz Severiano Ribeiro.

Cine São Luiz
 inaugurado em 26 de março de 1958, construído por Luiz Severiano Ribeiro. Foi o maior e o mais luxuoso cinema do centro.  

Fundou vários cinemas, especialmente os luxuosos, que eram uma tendência da época em outras cidades do mundo – com um público mais abonado. Os lucros também seriam maiores. Os cinemas concorrentes acabaram falindo e Severiano Ribeiro passou a monopolizar a atividade, não só de exibição, mas também de distribuição de filmes nos anos 1920. Chegava a pagar aos concorrentes para manterem suas salas fechadas. 

Logo expandiu os negócios e o monopólio para outros estados do País – mudou-se para o Rio de Janeiro em 1926. Em sociedade com empresas cinematográficas dos EUA, conseguiu o direito de exibir com exclusividade os lançamentos de filmes em seus cinemas (depois, as películas iriam para outras salas de exibições). Nesse lucrativo esquema, edificou um verdadeiro império de cinemas. Faleceu em 1971.

Extraído do livro 
História do Ceará, de Airton de Farias. 
fotos do Arquivo Nirez 
       

Nenhum comentário: