terça-feira, 19 de março de 2013

Seminário Episcopal da Prainha

Seminário da Prainha em foto de 1905 (Arquivo Nirez)

Até a segunda metade do século XIX e início do século XX o bairro Outeiro da Prainha abrigou famílias aristocratas – Boris, Franco Rabelo, Mister Hull (engenheiro inglês gerente da Light e cônsul inglês), Araripe Júnior, um dos maiores críticos literários do século XIX, o poeta José Albano e o Dragão do Mar.
Do lado direito do prédio da biblioteca pública havia o solar do coronel Solon da Costa e Silva – proprietário da companhia de bondes puxados a burro.  Ali funcionava a garagem e era local de adestramento dos animais, chamado de Academia do Solon. Quando se queria chamar alguém de burro, dizia-se que veio da Academia do Solon.  Na esquina da antiga Rua Franco Rabelo (atual Avenida Presidente Castelo Branco) com Almirante Jaceguai ficava a residência de Mister Hull (já demolida). Os bondes elétricos vinham até o pé do morro (Ladeira da Conceição).

Casa do Mister Hull, ficava na esquina da antiga Rua Franco Rabelo com a Almirante Jaceguai. Foi demolida para alargamento da Rua Jaceguai e a entrada do centro Dragão do Mar. 

No dia 7 de setembro de 1860, o primeiro bispo do Ceará Dom Luís Antônio dos Santos, inicialmente recebeu o prédio que servia de quarentena na lagoa Funda, o qual não foi aceito.  O edifício atual começou a ser construído em 1860, e deveria servir de colégio para as órfãs da Irmandade da Igreja de N.S. da Conceição. 


Ladeira da Conceição

O bispo negociou com a congregação, e o projeto inicial foi abandonado, dando lugar a um novo projeto para abrigar o seminário. Com a instalação do seminário e a incorporação da obra ao patrimônio do mesmo, o Governo Imperial autorizou o pagamento do aluguel em favor das órfãs, de janeiro de 1865 até a extinção do regime monárquico. 
O seminário iniciou suas atividades em 8 de dezembro de 1861, tendo como objetivos, a  formação do Clero, o ensino das ciências e letras e a educação religiosa.  Funcionou por muitos anos como um dos pilares da educação no Ceará passando por ele figuras como o Padre Cícero, Austregésilo de Athaide, Capistrano de Abreu, Dom Helder Câmara, Dom Eugênio Sales, entre outros que, saindo do seminário fundaram igrejas e realizaram inúmeras obras assistenciais e religiosas em todo o Brasil. 


Avenida Monsenhor Tabosa, antiga Rua do Seminário(foto de fevereiro/2013)

No dia 6 de junho de 1854, o Papa Pio IX cria a Diocese do Ceará, desmembrando-a da de Olinda.  Cinco anos depois, em 1859, o Imperador D. Pedro II nomeia o Padre Luiz Antônio dos Santos, Bispo do Ceará. Em 1861 D. Luís Antônio dos Santos assume o bispado e instala a Diocese do Ceará. O Seminário foi inaugurado no dia 18 de outubro de 1864, com parte da obra que já estava pronta, tendo o bispo se transferido para lá com dois padres e dezoito seminaristas.  Antes o Bispo residia à Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco) esquina com a Guilherme Rocha. Para formar o corpo docente do seminário, o bispo contou com a ajuda de quatro padres lazaristas (vicentinos). O primeiro reitor foi o Padre Pedro Augusto Chevalier, de nacionalidade francesa.


Vista do Porto a partir da torre da Igreja de N. S. da Conceição

Na madrugada do dia 7 de julho de 1894, ocorreu o desabamento do pavilhão do Curso de Teologia, atingindo 17 seminaristas que dormiam, espalhando terror em todo o resto do prédio, alguns saíram com ferimentos leves, não havendo vitimas fatais. Os alunos receberam três meses de férias, enquanto o pavilhão era reconstruído, o que só foi possível com a ajuda do governo e da população que doaram recursos.

Instituições originárias do Seminário

Conferências Vicentinas – envolvendo os leigos com atividades religiosas, sociais e assistenciais.
Fundação da Casa das Missões São José – Igreja dos Remédios, com a missão de preparar em Fortaleza, serviço espiritual, e uma escola noturna para meninos pobres.
Criação de jornais e revistas – permitindo a ampliação da influência dos padres do Seminário em todos os campos da vida no Ceará. O Jornal O Nordeste foi criado por D. Manuel em 1922.
No campo social – atuação do Padre Francisco Hélio Campos, vigário da Jacarecanga, lutou pelos moradores do Pirambu, acabou com os prostibulos  e criou uma consciência crítica no bairro.
Criação da Cooperativa de Crédito Popular – órgão de poupança dos operários para a compra da casa própria, mais tarde, Banco Popular de Fortaleza. 


fonte:
Caminhando por Fortaleza, de Francisco Benedito
fotos do Arquivo Nirez

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