Seminário da Prainha em foto de 1905 (Arquivo Nirez)
Até a segunda metade do século XIX e início do século XX o
bairro Outeiro da Prainha abrigou famílias aristocratas – Boris, Franco Rabelo,
Mister Hull (engenheiro inglês gerente da Light e cônsul inglês), Araripe
Júnior, um dos maiores críticos literários do século XIX, o poeta José Albano e
o Dragão do Mar.
Do lado direito do prédio da biblioteca pública havia o solar do coronel Solon
da Costa e Silva – proprietário da companhia de bondes puxados a burro. Ali funcionava a garagem e era local de
adestramento dos animais, chamado de Academia do Solon. Quando se queria chamar
alguém de burro, dizia-se que veio da Academia do Solon. Na esquina da antiga Rua Franco Rabelo (atual Avenida
Presidente Castelo Branco) com Almirante Jaceguai ficava a residência de
Mister Hull (já demolida). Os bondes elétricos vinham até o pé do morro
(Ladeira da Conceição).
Casa do Mister Hull, ficava na esquina da antiga Rua Franco Rabelo com a Almirante Jaceguai. Foi demolida para alargamento da Rua Jaceguai e a entrada do centro Dragão do Mar.
No dia 7 de setembro de 1860, o primeiro bispo
do Ceará Dom Luís Antônio dos Santos, inicialmente recebeu o prédio que servia
de quarentena na lagoa Funda, o qual não foi aceito. O edifício atual começou a ser construído em
1860, e deveria servir de colégio para as órfãs da Irmandade da Igreja de N.S.
da Conceição.
Ladeira da Conceição
O bispo negociou com a congregação, e o projeto inicial foi
abandonado, dando lugar a um novo projeto para abrigar o seminário. Com a
instalação do seminário e a incorporação da obra ao patrimônio do mesmo, o
Governo Imperial autorizou o pagamento do aluguel em favor das órfãs, de
janeiro de 1865 até a extinção do regime monárquico.
O seminário iniciou suas atividades
em 8 de dezembro de 1861, tendo como objetivos, a formação do Clero, o ensino das
ciências e letras e a educação religiosa. Funcionou por muitos anos como um dos pilares
da educação no Ceará passando por ele figuras como o Padre Cícero, Austregésilo
de Athaide, Capistrano de Abreu, Dom Helder Câmara, Dom Eugênio Sales, entre
outros que, saindo do seminário fundaram igrejas e realizaram inúmeras obras
assistenciais e religiosas em todo o Brasil.
Avenida Monsenhor Tabosa, antiga Rua do Seminário(foto de fevereiro/2013)
No dia 6 de junho de 1854, o Papa
Pio IX cria a Diocese do Ceará, desmembrando-a da de Olinda. Cinco anos depois, em 1859, o Imperador D.
Pedro II nomeia o Padre Luiz Antônio dos Santos, Bispo do Ceará. Em 1861 D.
Luís Antônio dos Santos assume o bispado e instala a Diocese do Ceará. O Seminário
foi inaugurado no dia 18 de outubro de 1864, com parte da obra que já estava
pronta, tendo o bispo se transferido para lá com dois padres e dezoito
seminaristas. Antes o Bispo residia à Rua Formosa (atual Barão do Rio
Branco) esquina com a Guilherme Rocha. Para formar o corpo docente do
seminário, o bispo contou com a ajuda de quatro padres lazaristas (vicentinos). O
primeiro reitor foi o Padre Pedro Augusto Chevalier, de nacionalidade francesa.
Vista do Porto a partir da torre da Igreja de N. S. da Conceição
Na madrugada do dia 7 de julho de 1894, ocorreu o
desabamento do pavilhão do Curso de Teologia, atingindo 17 seminaristas que
dormiam, espalhando terror em todo o resto do prédio, alguns saíram com
ferimentos leves, não havendo vitimas fatais. Os alunos receberam três meses de
férias, enquanto o pavilhão era reconstruído, o que só foi possível com a ajuda
do governo e da população que doaram recursos.
Instituições originárias do Seminário
Conferências Vicentinas – envolvendo os leigos com atividades
religiosas, sociais e assistenciais.
Fundação da Casa das Missões São José – Igreja dos Remédios,
com a missão de preparar em Fortaleza, serviço espiritual, e uma escola noturna
para meninos pobres.
Criação de jornais e revistas – permitindo a ampliação da
influência dos padres do Seminário em todos os campos da vida no Ceará. O
Jornal O Nordeste foi criado por D. Manuel em 1922.
No campo social – atuação do Padre Francisco Hélio Campos,
vigário da Jacarecanga, lutou pelos moradores do Pirambu, acabou com os prostibulos e criou uma consciência crítica no bairro.
Criação da Cooperativa de Crédito Popular – órgão de
poupança dos operários para a compra da casa própria, mais tarde, Banco Popular
de Fortaleza.
fonte:
Caminhando por Fortaleza, de Francisco Benedito
fotos do Arquivo Nirez
fotos do Arquivo Nirez
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