Rua Major Facundo, fins do século XIX/início do século XX (arquivo Nirez)
No século XIX não havia sábado sem sarau em Fortaleza. O
pequeno mundo social se reunia em cada semana numa casa, ocasião em que se
declamavam versos, cantavam ao piano ou ao violão. Nessas reuniões familiares
nasciam os casamentos, os negócios, as nomeações políticas.
Em A Normalista,
Adolfo Caminha cita as reuniões noturnas de amigos para o jogo de víspora, o
licor de jenipapo e a atualização dos mexericos políticos e amorosos.
Casa do Barão de Ibiapaba, na esquina das ruas Major Facundo com Senador Alencar (arquivo Nirez)
Gustavo Barroso, em Coração de Menino, fala do Barão de
Ibiapaba - Joaquim da Cunha Freire - que recebia, sábado sim, sábado não, a sociedade
fortalezense em seu palacete, que ficava na esquina das ruas Major Facundo e
Senador Alencar. O Barão era homem de grande fortuna e de muita influência
política no tempo do império, e apesar da fama de sovina, dava recepções com
músicas, danças, e certamente, alguns comes e bebes.
Na casa de João Lopes, diretor do Jornal O Libertador, que
ficava na Rua Floriano Peixoto esquina com Pedro Pereira, funcionava uma
reunião de jovens intelectuais, como Farias Brito, Justiniano de Serpa, José
Carlos Ribeiro Junior, Antônio Dias Martins, Oliveira Paiva, Antônio Bezerra,
Martinho Rodrigues, José Olímpio e Antônio Sales. A casa era pequena, mas Dona
Menininha, a esposa de João Lopes, sempre tinha um refresco ou um aluá com
biscoito para servir aos frequentadores.
Gramofone antigo (foto do site Mercado Livre)
Em 1914, o comerciante José Praxerdes Viana, adquiriu um
gramofone, estranha geringonça mecânica que reproduzia músicas gravadas, o
primeiro que Fortaleza conheceu. A novidade abalou a cidade e logo se
constituiu uma sociedade de amigos para, aos sábados, participar da
privilegiada audiência musical na casa de Praxerdes.
O costume das audições musicais e literárias, atravessou gerações, e a ilustrada
confraria musical se perpetuou através dos filhos e netos de seus
fundadores. Com o avanço da tecnologia
os aparelhos de som foram sendo substituídos, mas o apurado gosto musical
permaneceu.
Casa de Juvenal Galeno na Rua General Sampaio em foto antiga.
No início do século XX, por volta de 1916, as irmãs Henrique e
Julinha Galeno, filhas de Juvenal Galeno, começaram a promover serões
literárias e musicais na casa do velho poeta, à Rua General Sampaio, centro de
Fortaleza. A partir de 1936, o festejado salão da família Galeno passaria a se
chamar Casa Juvenal Galeno, acentuando o
trabalho de divulgação dos valores artísticos e culturais do Ceará e promovendo
congraçamento de poetas e literatas. O Salão
Juvenal Galeno foi visitado por muitas figuras de renome nacional da política,
das artes e da literatura.
extraído do livro de Juarez Leitão
Sábado, Estação de Viver
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