terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O Incêndio do Hotel Avenida

Cruzamento da Rua Barão do Rio Branco com a Guilherme Rocha. O prédio de três andares à esquerda é provavelmente onde funcionou o Hotel Avenida, e que ocupava o mesmo lugar onde agora está a Loja A Esmeralda. Os dois sobrados a seguir estão no lugar que hoje é das Lojas Americanas (acervo Marciano Lopes) 

O Hotel Avenida funcionava na Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco), esquina com a Rua da Municipalidade (atual Guilherme Rocha), de propriedade de um comerciante chamado Abílio, que morava lá com a mulher. 
Eram três andares: o térreo, mais dois, onde ficavam os quartos e um mirante.  Ao lado do hotel ficava o Café Poty.  Em setembro de 1929, irrompeu um grande incêndio a partir do térreo. O fogo começou de baixo para cima e rapidamente tomou conta de todo o prédio.
O prédio não tinha nada de hotel, era na verdade uma casa de cômodos. Na época não servia nem café, e os quartos que acolhia os hóspedes eram separados por tabiques de madeira. O incêndio começou de madrugada, enquanto todos dormiam e o proprietário saiu batendo de porta em porta, alertando os hóspedes.  Na época não havia luz elétrica nas ruas, a iluminação pública era a gás carbônico.

a mesma esquina (Barão do Rio Branco com Guilherme Rocha) em 1910 - arquivo Nirez

O poeta Antônio Girão, conta que havia chegado recentemente  de Iguatu, e foi ficar com o irmão mais velho, que era hóspede do hotel Avenida. Na noite do incêndio acordou com a confusão, no escuro, e desceram as escadas correndo (ele, o irmão e mais o Humberto Teixeira, que também morava no hotel e mais tarde tornou-se famoso e conhecido compositor).  Antônio Girão e o irmão Magdaleno, que ocupavam um quarto no terceiro andar, perderam tudo no incêndio.  Depois foram todos morar numa pensão na Rua Major Facundo, que pertencia ao pai de Humberto Teixeira, Sr. Euclides Teixeira, conhecido por João Ferrer.

      Quartel do pelotão de Bombeiros da Força Pública atual Corpo de Bombeiros na Rua Oto de Alencar na Praça do Liceu em 7 de setembro de 1934 - arquivo Nirez

O incêndio do hotel Avenida foi o maior incêndio que houve até então em Fortaleza, e não havia corpo de bombeiros na época, que só foi criado depois, e por causa desse incêndio.  Além do Hotel Avenida foram atingidos a Casa Primor, a Fascinadora, a Alfaiataria Job e a Relojoaria Cancão, deixando anda grandes prejuízos na Casa Zenith e em A Samaritana. O local é onde hoje funciona a Loja A Esmeralda.

Fonte:
Um Certo Contato com a Lua, depoimento de Antônio Girão Barroso

6 comentários:

Cecília Reis disse...

Que legal o seu blog, rainha!! Ainda não conhecia. Adorei! Também me interessam muito as fotos antigas, prédios históricos.. essas coisas que no nosso país são muitas vezes esquecidas. Acontece que, como se diz, "quem não sabe de onde veio, não pode saber para onde vai" né!! Observo com tristeza, sobretudo quando vou ao centro, lindos prédios antigos totalmente esquecidos e cabe a cada um de nós ser uma voz ativa na luta contra essa desvalorização do nosso patrimônio histórico e cultural. O seu blog sem dúvidas é uma ação nesse sentido. Parabéns!

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Interessante, o enredo desse incêndio, principalmente por ter sido criado o Corpo de Bombeiros, a parti dele.
Lembro-me de uma Relojoaria Cancão e da loja A Samaritana, que devem ter sido remontadas pelos donos, em outro local, depois do tal incêndio. A Samaritana era na Rua Liberato Barroso...isso já na década de 1950...

Anônimo disse...

Fatima, boa noite. O seu trabalho é sumamente interessante e importante para nós cearenses. Suas pesquisas parecem ressuscitar fatos e paisagens.Sinto-me viajando por tudo isso, sobretudo relembro fatos narrados por minha avó (a partir de 1912) e, meu pai que foi, inclusive, gerente do cine rex, e como lembro dos domingos que ele me levava nas matinais. - Engraçado, eu sinto saudades de um tempo em que eu nem nascido era (risos). Parabens. Vou continuar estudando minha Fortaleza do jeito que voce ensina. Um forte abraço. Francisco Rocha Oliveira Filho.

Anônimo disse...

Boa noite Fatima. Fiz um comentário há pouco, mas o mesmo apareceu e apagou... Bem. Eu quero dizer que o seu trabalho é dos mais louváveis, pela importância e conteúdo histórico-social. É como se eu estivesse vivendo nesse contexto histórico. Sei muitos fatos sobre Fortaleza, inclusive, minha avó paterna contava sobre a deposição do gov. Nogueira Acioly e outros acontecimentos.Meu pai também comentava a época da Segunda Guerra, foi gerente do então Cine Rex, nos idos de 1950. Parabens. Francisco Rocha Oliveira Filho.

Fátima Garcia disse...

Legal mesmo é encontrar voce por aqui, minha linda amiga!. Bom que voce tenha gostado e compartilhe com a nossa peleja pela manutenção do que resta do nosso patrimônio histórico e cultural. bjs

Fátima Garcia disse...

Quando postei a matéria, não tinha certeza de que aquele prédio de 3 andares das fotos, fosse o mesmo do incêndio e que foi totalmente destruído. Agora sei que foi aquele, confirmei a informação nos comentários de Raimundo Girão no livro Descrição da Cidade de Fortaleza. Pois é Lúciam algumas lojas foram reinauguradas em outros locais, a Samaritana existe até hoje.
bjs