quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Histórias da Fortaleza antiga - O Cajueiro do Fagundes

Por volta do ano de 1797, no tempo do Brasil - Colônia, o Ceará era governado pelo oficial da marinha portuguesa Luiz da Mota Féo e Torres. Fortaleza era ainda uma pequena aldeia, muito embora tivesse o status de capital do Estado.
À época existia um frondoso cajueiro no cruzamento das Ruas Pedro Borges, Major Facundo e Liberato Barroso. No local onde hoje se encontra a Praça do Ferreira, havia uma vila de casas conhecida por Beco do Cotovelo, de cuja extremidade partiam três ruelas.
Na saída de uma delas estava o cajueiro, à sombra do qual ficava o açougue do Fagundes, que morava numa casinha em frente. Certa feita, ao passar o governador em seu cavalo, um galho baixo da árvore arrancou-lhe o chapéu, lançando-o ao solo.
Como o açougueiro descansava por ali, o governador ordenou-lhe que apanhasse o chapéu.
O Fagundes nem se alterou. Não gostava de ser mandado, muito menos quando o pedido não era feito com educação.
O governador insistiu colérico, mesmo assim, foi ignorado pelo açougueiro.
Irritado o governador foi embora, ameaçando mandar cortar a árvore.
Do palácio, na Rua Conde d’Eu, partiu a ordem de deitar abaixo o cajueiro. O açougueiro, com a ajuda dos seus magarefes, não deixou que os soldados executassem a ordem. É que o Fagundes já lançara por toda cidade o seu grito de revolta: vieram em seu auxílio outros açougueiros, flandeiros, merceeiros, ferreiros, até os pescadores da Prainha, todos armados com cacetes e facões, que fizeram a tropa recuar.
Levantaram-se então trincheiras na encruzilhada das três ruas perpetuando o episódio: Rua do Cajueiro (Pedro Borges), Rua das Trincheiras (Liberato Barroso) e Rua do Fogo (Major Facundo). Depois do episódio, o governador desistiu de derrubar o cajueiro.
Venceu a coragem de um povo que tinha dignidade e brio.

Extraído do livroHistória Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade Amada
Autor: Mozart Soriano Aderaldo

4 comentários:

cássia disse...

Não se fazem mais cidadãos como antigamente. Hoje constroem predio e shopping dentro do manguezal e fica tudo por isso mesmo. Tá faltando um Fagundes

Prof. Nandinho disse...

Gostei muito do teu blog no entanto corrija a data pois em 1887 nos ja viviamos o 2º reinado brasileiro e a data não confere

Fátima Garcia disse...

Ola prof. Nandinho
A data foi corrigida. Obg pela dica e benvindo ao blog

Anônimo disse...

Com certeza!!! Precisa um em Brasília, para enfrentar a empáfia do Xandão!!!