quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Fortaleza no tempo dos lampiões

No tempo em que os casais/podiam mais se namorar
Nos lampioes de gás/sem os ladroes atrás
Tempo em que o medo se chamou
 jamais
(Sivuca/ Paulinho Tapajos)


Até meados do Século XIX, para andar nas ruas escuras de Fortaleza depois que o sol se punha, era necessário levar um ou dois escravos, lamparina na mão, clareando o caminho. A história começou a mudar em 1834, quando veio a ideia de iluminar Fortaleza.

O Conselho da Província propôs esse melhoramento ao presidente Inácio Correia de Vasconcelos; a obra incluiria as principais ruas e travessas da cidade, para tanto, seriam necessários cem lampiões.

A ideia não prosperou no momento, só vindo a se concretizar 14 anos depois. A iluminação foi iniciada em 01 de março de 1848. O trabalho foi contratado com Vitorino Augusto Borges, que se obrigava, entre outras coisas, a instalar 44 lampiões, que deveriam ser mantidos sempre limpos e brilhantes, e a conservá-los acesos entre as 6 horas da tarde até o raiar do dia seguinte, ou até que saísse a lua.

O privilégio da concessão foi transferido, com autorização do governo para a companhia inglesa Ceara Gaz Company Limited. No ano de 1848 foram colocados nas ruas de Fortaleza 25 lampiões pendentes com iluminação de azeite de peixe. Nas noites de lua os lampiões não eram acesos, o que levou alguns cronistas da época a denominarem o acordo de "contrato com a lua".

Os lampiões tinham 4 faces, eram mais estreitos em baixo do que em cima, com tampa e fundo de metal. Ficavam suspensos de uma armação de metal, cravados nas esquinas de modo que iluminassem tanto as ruas como as travessas. Pendiam de uma corda, que passavam por duas roldanas que permitia que descessem até a altura necessária a que se pudesse limpar e acender.

Cada lampião continha uma caixinha cheia de azeite de peixe com pavio de algodão. O encarregado de limpar e acender os lampiões era um tal de Chico Lampião.



A era do azeite de peixe sucedeu a do gás carbônico que começou em 17 de setembro de 1866 com a iluminação de algumas ruas, do clube cearense e de alguns edifícios. Os combustores de gás foram instalados em ziguezague, com distância de 30 metros entre cada um e colocados do mesmo lado da rua.

A iluminação pública era excelente devido a pouca distância entre os combustores, a pouca altura (cerca de 2,40m), a tampa pintada de branco por dentro, servindo como refletor , espalhando a luz pelas calçadas e ruas. Os combustores eram todos numerados e ficavam em cima de uma coluna de férreo fundido, canelada e elegante.

combustor na rua floriano Peixoto - foto arquivo Nirez


Com a guerra de 1914 o fornecimento do carvão de pedra tornou-se deficiente, pelo que a companhia apagou metade dos combustores da cidade. E para atender melhor a iluminação da Praça do Ferreira e de outras, transportou para lá alguns dos combustores que estavam nas ruas. E assim ficou a outrora iluminada Fortaleza: praças iluminadas, ruas e travessas escuras.
A era do gás carbônico sucedeu a de eletricidade com fios. Em 10 de maio de 1933 foram instaladas, a titulo de experiência, quatro lâmpadas de cem velas na Rua Formosa (atual Barão do Rio Branco), e finalmente, em 08 de dezembro de 1934, foi inaugurada a iluminação geral, começando com a colocação de algumas lâmpadas na Praça do Ferreira.



Fonte:

Nogueira, João. A Iluminação de Fortaleza. Revista do Instituto do Ceará. Disponível http://www.institutodoceara.org.br/Rev-apresentacao/RevPorAno/1939/1939-Iluminacao_da_Fortaleza.pdf

Menezes, Raimundo. Coisas que o Tempo Levou: crônicas históricas da Fortaleza antiga. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2000.

2 comentários:

Anônimo disse...

esse site ta ótimo.Eu adorei por que ele me ajudou muito para o meu trabalho.

Fátima Garcia disse...

olá anônimo,
voce encontra mais sobre o assunto em:
http://fortalezaemfotos.blogspot.com.br/2011/08/o-percurso-da-energia-no-ceara.html

http://fortalezaemfotos.blogspot.com.br/2011/01/iluminacao-gas.html
abs