segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Histórias de Fortaleza: Os Gatos Pingados

Na Fortaleza antiga, os enterros eram solenes e a pé. A frente do cortejo, a cruz alçada e o padre paramentado. O caixão do falecido era carregado por amigos, parentes ou pelos “gatos pingados”, homens contratados para levar o defunto ao cemitério. Vestiam-se com casacas compridas e negras, uma fita amarela a tiracolo, calças com listas vermelhas, cartolas altas de oleado, de abas enroladas.
O esquife era equilibrado sobre duas tábuas, em cujas pontas haviam aldravas seguras pelas mãos enluvadas dos Gatos-Pingados, e transportado num ritmo cadenciado, subindo e descendo, num caminhar lento e silencioso.
Somente homens, todos de preto, acompanhavam o féretro. Se o defunto era pessoa importante, o cortejo terminava com uma banda de música tocando peças fúnebres.
Durante um mês, a família só saía de casa para assistir as missas, de sétimo e trigésimo dia. Só escrevia cartas tarjadas de preto e usava luto fechado: os homens, camisa e terno pretos, as mulheres vestido comprido totalmente negro, a cabeça coberta por um véu. Os viúvos usavam luto fechado pelo resto da vida.


Fontes:
 História Abreviada de Fortaleza e crônicas sobre a cidade amada de Mozart Soriano Aderaldo

Fortaleza Descalça de Otacílio de Azevedo

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