sexta-feira, 22 de abril de 2016

O Bairro de Fátima já foi chamado de Redenção


No final dos anos 30/início dos 40, em um arrabalde de Fortaleza, no encontro da atual Avenida Visconde do Rio Branco (antiga Estrada de Messejana) com a Avenida Pontes Vieira, havia um ponto de parada de dezenas de comboieiros vindos do interior, que ficavam ali para descanso e organização das tropas. A este ponto de encontro os nativos deram o nome de Tauape, que significa “caminho de barro”. No local foi erguida uma capela por invocação a São João, surgindo o nome São João do Tauape.  
  
Avenida Visconde do Rio Branco, antigo Calçamento de Messejana

Os mercadores já se encontravam próximo ao centro da cidade, mas não podiam seguir adiante, pela Avenida Visconde do Rio Branco, com cargas em carros de bois e carroças conduzidas por cavalos e mulas. Dizia-se que a passagem das caravanas gerava tumulto e confusão entre os moradores, atrapalhava os carros e o bonde que percorria toda a avenida até o fim da linha, que ficava próximo de onde funcionou o Cine Atapu. O crescimento da cidade impunha uma nova ordem. Já não era permitido o ingresso de animais por vias principais, a sujar a avenida e o centro.

Avenida Treze de maio, década de 40 

Surgiu então a ideia de abrir uma nova via que unisse o São João do Tauape ao antigo Prado, mais tarde Benfica.  O caminho já existia, só que bastante precário. Planejaram então transformar esse caminho numa avenida que desse acesso aos mercados e a algumas ruas já existentes, facilitando o acesso entre os bairros.

Todos os meios de transporte seriam beneficiados, especialmente os comboieiros, que seguiriam com suas mercadorias por toda a avenida, sem impedimentos, até o Prado ou Benfica. Por essa época aquela região compreendida entre os atuais bairros de Fátima e Benfica, era cheia de bangalôs e chácaras com grandes jardins e amplos quintais.

Em 1948, o então prefeito Acrisio Moreira da Rocha (1948-1951) fez um acordo com o empresário Eugênio Porto, proprietário de terrenos na área, que se estendiam da atual Rua Joaquim Magalhães até a Avenida Treze de Maio. Teria sido discutida a criação de uma grande rua que beneficiasse toda a região.  A prefeitura demarcaria as demais vias de acesso com calçamento e fio de pedra, e em troca, o latifundiário venderia os terrenos. Estava aberto o caminho para a construção da via inicialmente chamada de Avenida Flor do Prado.

Quando abriram a avenida um cidadão identificado como Pergentino Ferreira, proprietário de um terreno na região, doou uma quadra para a construção da Igreja de Fátima e do Colégio Santo Tomás de Aquino. O templo foi construído no ponto mais alto de uma elevação de terra, do que talvez tenha sido uma extensa vegetação. O Colégio Santo Tomás de Aquino foi criado em 07 de março de 1963, pelo então pároco da Igreja de Fátima, Monsenhor Gerardo de Andrade Ponte, tendo como mantenedor o Conselho Paroquial de Nossa Senhora de Fátima.


A ideia de construção da igreja estava ligada a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima que percorreu vários países da Europa e alguns Estados do Brasil.

Em 9 de outubro de 1952, a imagem chegou a Fortaleza. A recepção foi a maior demonstração de fé, jamais vista em terras cearenses. Faixas, ruas enfeitadas, casas ornamentadas com flores, para saudar a Virgem de Fátima em seu trajeto.  Baseado nessa manifestação de fé, Pergentino Ferreira doou o terreno para a construção da Igreja e do colégio. O doador também visava a valorização daquela parte da cidade. A partir daí, o bairro que era chamado de Redenção, ganhou o nome de Fátima. 

Campo do Prado em dia de clássico do futebol

Após a construção da igreja, a ocupação da área foi intensificada, com a construção de residências de alto padrão, e a chegada de novos moradores. No entanto, algumas áreas próximas já eram ocupadas, antes mesmo da construção da igreja de Fátima. Havia um grande espaço construído, conhecido por Campo do Prado, onde havia um estádio de futebol e uma pista de corrida de cavalos. Em 1938, o então interventor federal no Ceará Francisco Pimentel, cedeu parte do terreno do Prado para a instalação do 23° BC, que antes estava localizada na Avenida Alberto Nepomuceno, no local onde hoje se encontra a 10a. Região Militar. 

 visão panorâmica da área do 23° Batalhão de Caçadores
 (foto:http://www.legiaodainfantariadoceara.org)

Mais tarde, em 1940, o restante da área do Prado foi cedida para a construção da sede do atual IFCE, uma vez que o Campo do Prado estava desativado em razão da iminente inauguração do Estádio Presidente Vargas. 

A Avenida ganhou o nome de Treze de Maio em 1960, quando tinha pouco mais de três quilômetros de extensão e ainda não mantinha ligação com a Avenida Jovita Feitosa. Hoje ela começa na Rua José Jatahy e termina no viaduto da Avenida Pontes Vieira. 

Avenida Treze de Maio, trecho do atual IFCE
O Bairro de Fátima nasceu em consequência da abertura da Avenida Treze de Maio e em torno da igreja de Fátima. Localizado na zona sul de Fortaleza, limita-se ao Norte pelas Ruas Saldanha Marinho e Coronel Solon; a Leste pela Avenida Visconde do Rio Branco e a BR 116, ao Sul pela Via Férrea e Avenida Borges de Melo e a Oeste, pela Avenida dos Expedicionários e Rua Senador Pompeu. Fica entre os bairros do Benfica, Parreão, José Bonifácio, Joaquim Távora, e São João do Tauape. De acordo com o IBGE, censo demográfico de 2010, o bairro tem uma população de 23.309 habitantes: 10.091 são homens e 13.218 mulheres.

Fontes:
As Pouco lembradas Igrejas de Fortaleza, de Eduardo Fontes
Cronologia Ilustrada de Fortaleza, de Nirez
Jornais O Povo, Diário do Nordeste
fotos do arquivo Nirez

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