sexta-feira, 4 de abril de 2014

O Nascimento de uma Cidade


No dia 10 de abril de 1649, os holandeses iniciaram a construção de um forte, que chamaram de Schoonenborch, às margens de um curso d’água permanente chamado por eles de Marajaik, e mais tarde também denominado Ipojuca, Telha e hoje, Pajeú.
Supôs Matias Beck que à sombra do seu forte e ao longo do riacho era possível crescer uma cidade. O Capitão-Mor Álvaro de Azevedo Barreto em 20 de maio de 1654 se apossa do forte dos holandeses e passa a chama-lo de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.

 Mapa  de Fortaleza, atribuído ao capitão-mor Manuel Francês. O traço forte do Pajeú divide em duas a Vila da Fortaleza de N. S. da Assunção.

À época o Ceará estava subordinado à jurisdição de Pernambuco, passando a Vila do Ceará ou de São José de Ribamar em 1656 e a Vila de Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção em 13 de abril de 1726, sob o comando do Capitão-mor Manuel Francês.
O forte se manteve por quase um século em estado bastante precário, sendo remendado diversas vezes, até que em 12 de outubro de 1812, em homenagem à data de aniversário do príncipe D. Pedro de Alcântara, inicia-se a construção da fortaleza, quando passa a ter o desenho que tem atualmente. Foi projetada originalmente com quatro baluartes, em estrela, dos quais somente dois foram executados, o baluarte norte, denominado Nossa Senhora da Assunção, e o nordeste, chamado de Dom João Príncipe Regente. 

 O que restou da fortaleza de N. S. da Assunção foi incorporado ao quartel da 10a. RM, e somente os militares tem acesso às dependências internas da edificação histórica.

Obsoleta desde sua construção, não somente pelo seu traçado renascentista, mas também por não obedecer a nenhuma regra de construção para obras de novas fortificações. O projeto foi do engenheiro Silva Paulet executado na administração do então Governador Manoel  Inácio de Sampaio.
São poucos os relatos sobre a Fortaleza do final do século XVIII. Henry Koster visitou a cidade em 1810 e focalizou como problema central a sua construção em terreno arenoso e a ausência de rios e cais, além de suas praias possuírem vagas violentas, tornando difícil o desembarque.  Suas residências eram térreas e as ruas e praças não eram calçadas. A então Vila de Fortaleza tinha 1.200 habitantes, quatro ruas centrais e um pequeno comércio.

 Praça General Tibúrcio, 1912

Visitando Fortaleza em 1865, chefiando a missão científica Thayer Expedition, Mr. João Luiz Rodolfo Agassiz, suíço, acompanhado da mulher e de um grupo de naturalistas, declara em “Voyage au Brésil” referindo-se a Fortaleza:  a manhã do dia seguinte foi chuvosa, mas a tarde o tempo levantou e durante a noite fizemos um longo passeio pela cidade em companhia do nosso anfitrião, Dr. Félix José de Souza. Amo a fisionomia do Ceará. Amo suas ruas largas, asseadas, bem calçadas, resplandecentes de toda a sorte de cores, porque as casas que as bordam são pintadas de tons os mais variados.

 rua Major Facundo, 1900

Nos domingos e dias santos, todas as janelas são guarnecidas de moças, que trajam alegres toaletes e grupos de rapazes enchem os passeios, conversam e fumam. O Ceará não tem este ar triste, sombrio que apresentam muitas cidades brasileiras; sente-se ali o movimento, vida e prosperidade.  Além da cidade continua o traçado das ruas através dos campos que fecham ao longe belas montanhas.
Em frente corre a larga praia de areias brancas, o murmúrio do mar batendo nos arrecifes, chega a ouvir-se até no centro da cidade. Parece que assim, colocado entre as montanhas e o mar, o Ceará deve ser uma cidade salubre, e é essa a reputação de que goza.

 Rua Floriano Peixoto, em 1910

A evolução urbana de Fortaleza foi lenta no século XIX e com baixo crescimento demográfico. A população que era de 12.195 habitantes em 1813 passa a 16.557 em 1837 e chega ao final do século com 50.000 habitantes.
Em 1800 havia um arruador para organizar o traçado das ruas e treze anos depois a Câmara Municipal possuía uma planta parcial da Vila elaborada pelo engenheiro Antônio José da Silva Paulet.



Extraído do artigo Patrimônio Edificado de Fortaleza, de José Capelo Filho, publicado no livro Ah, Fortaleza!
fotos do arquivo Nirez 

2 comentários:

Anônimo disse...

Nem parece o centro imundo que a prefeitura não MANTÉM limpo.

Fátima Garcia disse...

Não parece mesmo, anônimo
abs