Pouco mais de dez anos após sua elevação a cidade, Fortaleza
dá os primeiros passos para a introdução da iluminação pública. A pequena
cidade evoluía, embora ainda bem atrás de outras vilas cearenses, como Aracati
e Icó. Surge em 1824 o seu primeiro jornal, o Diário do Ceará, dirigido pelo
Padre Mororó (Gonçalo de Loiola Albuquerque Melo). As letras e as artes são
incentivadas. Cidade ganha um arruamento
ordenado, contando com novos prédios públicos, como a Alfândega e o Mercado Municipal.
Passeio Público - Avenida Caio Prado em 1908
Em 25 de julho de 1834, o Conselho da Província, refletindo
o anseio coletivo de dotar a cidade de melhoramentos que contribuíssem para o
seu progresso, propõe ao Presidente Inácio Correa de Vasconcelos, que fossem
instalados 100 lampiões de azeite de peixe nas principais ruas e travessas.
Acolhendo a proposição, o presidente da província oficiava
então, a 5 de abril de 1834, ao ministro do Império Chichorro da Gama, pedindo
que intercedesse junto à Assembleia Legislativa para que esse benefício fosse
concedido à população, enfatizando na sua justificativa que “da escuridão da
noite se valem os malvados”.
O primeiro ato efetivo para a introdução da
iluminação pública ocorreria, porém, na gestão do padre José Martiniano de
Alencar, que pela lei n° 18, de 6 de outubro de 1835 proclamava, em seu artigo
1°, que “haverá lampiões para iluminação das ruas desta cidade”.
Palacete Guarani, esquina da Rua Formosa com a Rua das Hortas (Barão do Rio Branco com Senador Alencar) foto de 1908
O assentamento dos postes e a previsão orçamentária, no
valor de um conto de reis, para o contrato de fornecimento de azeite de peixe,
indicam o esforço do Presidente da província em cumprir o texto legal. Seu governo,
porém, termina a 25 de novembro de 1837, quando renuncia, alegando enfermidade.
Avenida Epitácio Pessoa, atual Almirante Tamandaré
Da efetividade das medidas então tomadas para instalar na
cidade a iluminação pública não se tem comprovação, no que pese o historiador
Paulino Nogueira afirmar que “Alencar dotou-a também de uma iluminação a
azeite, da qual ainda hoje se encontram nas esquinas de alguns edifícios particulares os aparelhos já envelhecidos em que se
dependuravam os lampiões”.
Praça do Ferreira com o cajueiro da mentira e alguns lampiões
O momento histórico da introdução de iluminação pública na
província, passa a ser definitivamente 1° de março de 1848, data em que por
iniciativa do presidente Casimiro José
de Morais, são iniciados os trabalhos de instalação dos lampiões.
Os termos contratuais do governo com Vitoriano Augusto Borges, cidadão português que se integrou à vida da cidade, para instalação de 44 lampiões, obrigava o contratado a mantê-los sempre limpos e brilhantes; a conservá-los acesos desde as 6 horas da tarde ate que amanhecesse o outro dia, ou, até que viesse a lua. Nas noites de luar, ficava obrigado a fazer acendê-los, do seu ocaso em diante.
Os termos contratuais do governo com Vitoriano Augusto Borges, cidadão português que se integrou à vida da cidade, para instalação de 44 lampiões, obrigava o contratado a mantê-los sempre limpos e brilhantes; a conservá-los acesos desde as 6 horas da tarde ate que amanhecesse o outro dia, ou, até que viesse a lua. Nas noites de luar, ficava obrigado a fazer acendê-los, do seu ocaso em diante.
Avenida Pessoa Anta (antiga Rua da Praia)
A opção pelo azeite de peixe acompanhava, àquela época, uma
tendência nacional. Cidade como o Rio de janeiro já industrializavam a extração
do óleo de baleia, comercializado para uso nos lampiões de óleo. Em 1810, na
então capital do país, eram cobrados impostos para aplicação nos serviços de
iluminação por lampiões de azeite de peixe, constatando que os mesmos eram
falhos e deficientes.
Na costa do Ceará, teria ocorrido a dizimação das baleias e
do peixe-boi a partir do século XVIII, utilizados para o consumo da carne e na
produção de óleo, consequência da atividade predatória dos corsários e dos Tremembés,
índios célebres pela ferocidade e que eram hábeis pescadores, o que se leva a
deduzir que o azeite usado na iluminação de Fortaleza era importado de outros
Estados.
A
do gás carbônico sucedeu a do azeite de peixe , que começou em 17 de
setembro de 1866 com a iluminação de algumas ruas, do clube cearense e
de alguns edifícios. Os combustores de gás foram instalados em
ziguezague, com distância de 30 metros entre cada um e colocados do
mesmo lado da rua.
Antiga Rua Direita dos Mercadores (atual Rua Conde d'Eu) restaurada pro Sidney Souto
Os
lampiões tinham 4 faces, eram mais estreitos em baixo do que em cima,
com tampa e fundo de metal. Ficavam suspensos de uma armação de metal,
cravados nas esquinas de modo que iluminassem tanto as ruas como as
travessas. Pendiam de uma corda, que passavam por duas roldanas que
permitia que descessem até a altura necessária a que se pudesse limpar e
acender. (imagem meramente ilustrativa, do blog vias positronicas)
Fotos do Arquivo Nirez
Extraído do livro de Ary Bezerra Leite
História da Energia no Ceará
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