Em 1860 teve início em Fortaleza a primeira tentativa de
construção do porto de Fortaleza. Não se sabe com exatidão qual o local
escolhido, mas a Praia do Meireles – naquele tempo deserta e muito extensa, sem
as subdivisões, no trecho fronteiriço ao ideal Clube – é uma possibilidade, devido
a existência de um antigo espigão.
Quatro anos depois se instalou o Seminário da Prainha, por
iniciativa de Dom Luis, primeiro bispo do Ceará, assim como o Colégio da
Imaculada Conceição e a Escola de Aprendizes Marinheiros , nenhum deles onde
atualmente se acham, mas a segunda em prédio então existente no lugar em que
foi construída mais tarde a Secretaria
da Fazenda do Estado, enquanto o primeiro se instalou em sobrado da então Rua
Formosa, esquina noroeste com a rua Guilherme Rocha.
Rua Barão do Rio Branco com Guilherme Rocha em 1910, com lampiões de gás que não eram acesos em noites de luar.
O ano de 1887 assinalou a substituição do óleo de peixe pelo
gás carbônico na iluminação pública da cidade. É digno de nota o costume de não
serem acesos os combustores nos dias de lua cheia, hábito que se prolongou até
1935, quando teve fim esse tipo de iluminação pública.
Prédio da Assembleia Provincial
Em 1871 se deu a inauguração do novo prédio da Assembleia,
para cuja construção foi necessário derrubar vários casebres, conhecidos como “quartos
da Agostinha”. Dois anos depois, em 1873, corria o primeiro trem, cujos trilhos
passavam pela atual Avenida Tristão Gonçalves, motivo pelo qual essa artéria e
mais larga em relação às do perímetro central da cidade e era conhecida como
Rua do Trilho, depois de ser chamada de Rua da Lagoinha. Na praça desse último
nome, que depois se chamou Comendador Teodorico e hoje é chamada de Capistrano
de Abreu , havia uma caixa d’água para o abastecimento dos trens. Mas adiante,
na esquina da Rua Pedro Pereira com a atual Avenida Tristão Gonçalves, havia
uma calçada alta, denominada Parada do Chico Manuel, usada por passageiros que
vinham de Maranguape, ou para lá se dirigiam.
Antiga Rua do Trilho, atual Avenida Tristão Gonçalves
O ano de 1875 é assinalado pela elaboração de outro plano
Diretor da cidade, da autoria de Adolfo Herbster. Vê-se pela planta respectiva
que a cidade já se dilatara e, de sua análise, se conhece outra realidade da
história de nossa capital – não existe uma Fortaleza, mas pelo menos duas, pois
o trabalho de Adolfo Herbster disciplinou a parte situada à margem direita do Pajeú,
quase sem levar em consideração o que havia sido feito nos terrenos da outra
margem, criando-se assim sérios problemas futuros, especialmente o da ligação
do Outeiro e, menos remotamente, da Aldeota com a parte antiga da cidade, sendo
por isso, sendo por isso necessário rasgar e prolongar ruas interligando-as
como, por exemplo, a Senador Alencar e a Costa Barros, para que o tráfego se
tornasse mais fácil.
Antiga Praça Carolina atual Praça Waldemar Falcão, de onde inicialmente, partia a linha de bondes de burros
Em 1880 inaugurou-se a linha de bonde de burro, que partia
da Praça da Assembleia, também chamada de Carolina, e posteriormente José de
Alencar e Capistrano de Abreu. Essa linha alcançava o bairro onde atualmente se
ergue a Igreja de Nossa Senhora das Dores, hoje denominado Farias Brito.
Passeio Público - Avenida Caio Prado, em 1908
Para a vida social da cidade, o ano de 1880 foi de grande
importância, porque então se deu a inauguração do 1° Plano do Passeio Público.
Mas tarde seriam inauguradas mais duas alamedas, conhecidas como avenidas.
Caio Prado, olhando para o mar; a do centro, denominada Carapinima, fronteiriça
à porta principal da Santa Casa; e a Mororó, mais próxima do calçamento da Rua
João Moreira. Nelas se observava uma
separação voluntária das classes sociais: numa alameda, a grã-finagem; na
outra, a classe média; e na terceira as domésticas. Carlos Câmara, na burleta “Casamento
da Peraldiana” descreve todos esses aspectos do Passeio Público de então.
Extraído do
livro de Mozart Soriano Aderaldo
História Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade Amada
fotos do Arquivo Nirez
História Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade Amada
fotos do Arquivo Nirez
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