domingo, 9 de junho de 2013

A Cidade em Construção - 1860-1880

Em 1860 teve início em Fortaleza a primeira tentativa de construção do porto de Fortaleza. Não se sabe com exatidão qual o local escolhido, mas a Praia do Meireles – naquele tempo deserta e muito extensa, sem as subdivisões, no trecho fronteiriço ao ideal Clube – é uma possibilidade, devido a existência de um antigo espigão. 

 Seminário da Prainha em 1905

Quatro anos depois se instalou o Seminário da Prainha, por iniciativa de Dom Luis, primeiro bispo do Ceará, assim como o Colégio da Imaculada Conceição e a Escola de Aprendizes Marinheiros , nenhum deles onde atualmente se acham, mas a segunda em prédio então existente no lugar em que foi construída  mais tarde a Secretaria da Fazenda do Estado, enquanto o primeiro se instalou em sobrado da então Rua Formosa, esquina noroeste com a rua Guilherme Rocha.

 Rua Barão do Rio Branco com Guilherme Rocha em 1910, com lampiões de gás que não eram acesos em noites de luar. 

O ano de 1887 assinalou a substituição do óleo de peixe pelo gás carbônico na iluminação pública da cidade. É digno de nota o costume de não serem acesos os combustores nos dias de lua cheia, hábito que se prolongou até 1935, quando teve fim esse tipo de iluminação pública. 

 Prédio da Assembleia Provincial

Em 1871 se deu a inauguração do novo prédio da Assembleia, para cuja construção foi necessário derrubar vários casebres, conhecidos como “quartos da Agostinha”. Dois anos depois, em 1873, corria o primeiro trem, cujos trilhos passavam pela atual Avenida Tristão Gonçalves, motivo pelo qual essa artéria e mais larga em relação às do perímetro central da cidade e era conhecida como Rua do Trilho, depois de ser chamada de Rua da Lagoinha. Na praça desse último nome, que depois se chamou Comendador Teodorico e hoje é chamada de Capistrano de Abreu , havia uma caixa d’água para o abastecimento dos trens. Mas adiante, na esquina da Rua Pedro Pereira com a atual Avenida Tristão Gonçalves, havia uma calçada alta, denominada Parada do Chico Manuel, usada por passageiros que vinham de Maranguape, ou para lá se dirigiam. 

Antiga Rua do Trilho, atual Avenida Tristão Gonçalves

O ano de 1875 é assinalado pela elaboração de outro plano Diretor da cidade, da autoria de Adolfo Herbster. Vê-se pela planta respectiva que a cidade já se dilatara e, de sua análise, se conhece outra realidade da história de nossa capital – não existe uma Fortaleza, mas pelo menos duas, pois o trabalho de Adolfo Herbster disciplinou a parte situada à margem direita do Pajeú, quase sem levar em consideração o que havia sido feito nos terrenos da outra margem, criando-se assim sérios problemas futuros, especialmente o da ligação do Outeiro e, menos remotamente, da Aldeota com a parte antiga da cidade, sendo por isso, sendo por isso necessário rasgar e prolongar ruas interligando-as como, por exemplo, a Senador Alencar e a Costa Barros, para que o tráfego se tornasse mais fácil.

  Antiga Praça Carolina atual Praça Waldemar Falcão, de onde inicialmente, partia a linha de bondes de burros

Em 1880 inaugurou-se a linha de bonde de burro, que partia da Praça da Assembleia, também chamada de Carolina, e posteriormente José de Alencar e Capistrano de Abreu. Essa linha alcançava o bairro onde atualmente se ergue a Igreja de Nossa Senhora das Dores, hoje denominado Farias Brito.

 Passeio Público - Avenida Caio Prado, em 1908

Para a vida social da cidade, o ano de 1880 foi de grande importância, porque então se deu a inauguração do 1° Plano do Passeio Público. Mas tarde seriam inauguradas mais duas alamedas, conhecidas como avenidas. Caio Prado, olhando para o mar; a do centro, denominada Carapinima, fronteiriça à porta principal da Santa Casa; e a Mororó, mais próxima do calçamento da Rua João Moreira.  Nelas se observava uma separação voluntária das classes sociais: numa alameda, a grã-finagem; na outra, a classe média; e na terceira as domésticas. Carlos Câmara, na burleta “Casamento da Peraldiana” descreve todos esses aspectos do Passeio Público de então.


Extraído do livro de Mozart Soriano Aderaldo
História Abreviada de Fortaleza e Crônicas sobre a Cidade Amada
fotos do Arquivo Nirez

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