sábado, 8 de junho de 2013

A Praça do Ferreira que eu Conheci



Quarteirão que ficava entre a Rua pará e a Praça do Ferreira, demolido na década de 40

Onde até os anos 60 havia o Abrigo Central, que separava a Rua Pará da Praça do Ferreira, havia um quarteirão com casas comerciais: do lado que dava para a praça, ficava na esquina com a Rua major Facundo, o Café Emídio, dos irmãos Emídio. Seguindo-se em direção ao nascente, encontrava-se a loja O Crisântemo, de M. Guilherme, assim como o Café Iracema e o Café do Comércio( não se trata ainda os quiosques, de que falarei), a Maison Chic (depois A Tentação), a Casa Mundlos e a Intendência Municipal.



Cruzamento da Rua Floriano Peixoto com a Guilherme Rocha

No lado sul da praça, a partir da Major Facundo na mesma direção, ficavam: na esquina, a fábrica de guarda-sol de Dionísio Torres, a Alfaiataria Amâncio, a casa de molduras de Arnaldo Medeiros, a Casa do Fumo de J. Agostinho, Pedro Francês e a torrefação de café de Joaquim Sá. Na esquina da Pedro Borges com Floriano Peixoto, atravessando-se a rua, via-se o American Kinema, no lugar onde depois foi a Cearense e o Armazém Nordeste.



Esquina da Rua Major Facundo com a Rua Pedro Borges

O lado leste compreendia a partir da esquina da Pedro Borges, a Funilaria Central, o engraxate Cruz, a Molduraria Araújo, o Bazar Alemão, os irmãos Patrício, a Empresa Telefônica, a Barbearia Fenelon, J. Leitão, e no local onde hoje é a Caixa Econômica, a Delegacia de Polícia. Atravessando-se a Rua Guilherme Rocha, havia, na esquina, a Rosa dos Alpes, de João Carvalho. 



Rua Major Facundo, trecho das Farmácias Galeno e Oswaldo Cruz

Do lado do poente, no sentido norte-sul, encontrava-se a Maison Art-Nouveau, a Gruta, de Teófilo Cordeiro, barbearia e restaurante de uma vez.; a Livraria Americana, o Cine Politeama, a loja Machado Coelho, a Farmácia Pasteur, a Farmácia Galeno, a Casa Almeida, o Majestic, a Livraria Araújo, a Drogaria Oswaldo Cruz, o Foto Ribeiro, a Confeitaria Cristal e, na esquina, a Casa Nery, de ferragens, que foi destruída por um incêndio.


Esquina da Rua Guilherme Rocha com a Major Facundo, com o Sobrado do Comendador machado, que antecedeu o Excelsior Hotel

Na esquina da Major Facundo com Guilherme Rocha, ficava o café Riche, nos baixos do sobrado do Comendador Machado, e depois, com a construção do Excelsior, a Farmácia Francesa.   
Todas essas casas existiram em épocas não contemporâneas. Na praça propriamente dita, até 1920 aproximadamente, erguiam-se cinco artísticos quiosques que abrigavam quatro cafés e um servia de posto de fiscalização da Companhia de Luz. No centro da praça, rodeada por colunas de concreto e grades de ferro, ficava a Avenida ou Jardim 7 de Setembro. Ali existiam também os célebres frades de pedra, com argolas, onde se amarravam os animais. Eram feitos de pedra de lioz, vindas de Portugal. 
Havia também, no centro do jardim, uma caixa d’água e um catavento, que puxava água para aguar os jardins.
Depois os quiosques foram retirados, a praça foi reformada e surgiu em seu centro um coreto, onde a banda da polícia executava às quintas-feiras, suas afamadas retretas. 


Segunda metade dos anos 20, já sem os quiosques e com o coreto

Os quiosques eram os seguintes:

Café Java – ocupava o ângulo nordeste da Praça, defronte a Intendência Municipal. Foi o primeiro a funcionar, e seu dono era o aracatiense Manuel Pereira dos Santos, o popular Mané Coco, que o ergueu por volta  de 1886. Depois o café passou às mãos de Ovídio Leopoldino da Silva. 


Café do Commércio

Café do Comércio – situava-se no ângulo noroeste, defronte ao Café Emídio. Era o maior de todos. Pertenceu inicialmente a José Brasil de Matos e, depois, às firmas Lopes e Filho, Virgílio Bezerra e Barbosa e Moreira. 


Café Java

Café Elegante – estava situado no ângulo sudeste, defronte à funilaria São José, à torrefação de Joaquim Sá e no American Kinema. Seu primeiro proprietário foi Arnaud Cavalcanti Rocha (chamava-se então Café Chic). Já com o nome de Café Elegante passou para a firma Porto & Irmão. Posteriormente, com o nome de café Fênix, pertenceu a Sousa & Brasil, Américo Sá e José Leopoldino da Silva. O Café Elegante, como o do Comércio, tinha um primeiro andar.


Café Elegante

Café Iracema – era mais um restaurante, e localizava-se no ângulo sudoeste da praça. Pertencia a Antônio Teles de oliveira, que o passou à firma Pereira e Silva e esta a Ludugero Garcia, que fez do restaurante um ponto muito frequentado.


Vista da Praça do Ferreira

Tudo isso era iluminado à noite por combustores de gás carbônico, gás este utilizado também nas cozinhas dos cafés e restaurantes de Fortaleza.  Foi essa a Praça do Ferreira que conheci e que vi modificar-se com o correr dos tempos, até a construção da coluna da hora, antes de se fazer aquele aleijão que lá esta e que é repudiado por quantos tem a oportunidade de se pronunciar a respeito.


(o autor no último parágrafo se refere à reforma da Praça do Ferreira nos anos 60, que descaracterizou totalmente o logradouro)

fotos do Arquivo Nirez
Crônica Rodeando a Praça do Ferreira, de Otacílio de Azevedo
Extraído do livro Fortaleza Descalça



Um comentário:

Juliana B. disse...

Boa Noite, Fátima!

Adorei conhecer mais sobre a antiga Fortaleza através do seu blog!
Procuro mais informações sobre uma pessoa mencionada no texto, o Sr. Pedro Francês, também conhecido como Leon Pierre Capoulade. Você poderia me ajudar?

Desde já, muito agradecida!