Antônio Sales nasceu em 13 de junho de 1868, filho de Miguel
Ferreira Sales e Delfina de Pontes Sales. A pequena localidade de Parazinho,
próxima a Paracuru, quando foi soterrada pelo avanço das dunas, mereceu os
seguintes versos do poeta:
A casa onde nasci, no Parazinho/ Já não existe mais/ sou no
mundo como a ave cujo ninho/ desmancharam os rudes temporais/não somente meu
lar, mas toda aldeia/
pousada a beira mar/ jaz sepultada num lençol de areia.
E
ali ninguém jamais há de habitar.../ mesmo os grandes coqueirais cuja fronde/
se
erguia a farfalhar/ sumiram-se, e a graúna não tem onde/
ao cair do crepúsculo
cantar.
Depois de aprender as primeiras letras em Parazinho, Antônio
Sales veio morar em Fortaleza, onde trabalhou como caixeiro em diversos
estabelecimentos do comércio local. Nas horas vagas dedicava-se à literatura.
Em 1887 publica o primeiro soneto no jornal “A Quinzena”, veículo que divulgava
as produções do Clube Literário, composto por Juvenal Galeno, Oliveira Paiva,
Farias Brito, Justiniano de Serpa e outros nomes famosos.
No ano seguinte,
funda, juntamente com amigos interessados no estudo da língua portuguesa, o
Clube Educando Caixeiral, que mais tarde se transformaria na conhecida Fênix
Caixeiral. Partidário das ideias republicanas colaborou para a instalação do Centro Republicano Cearense.
membros da padaria Espiritual, vendo-se em pé, da esquerda p/direita:
Artur Teófilo, Sabino Batista, José Nava, Rodolfo Teófilo, Lopes Filho, Ulisses Bezerra, Antônio de Castro Vital Barbosa.
Sentados, mesmo sentido: José Carvalho, Almeida Braga, Valdemiro Cavalcante, Antônio Sales, José Carlos Júnior e Roberto de Alencar.
Antônio Sales participou de várias outras associações: Clube
Literário, Clube de Letras e Clube Americanista. Mas sua maior atuação foi na
Padaria Espiritual, que teve projeção nacional. Antônio Sales foi o inspirador
e principal articulador dessa original agremiação literária. Idealizada nas
mesas do Café Java e instalada solenemente às 19 horas do dia 30 de maio de 1802,
na Rua Formosa n° 105, ele a batizou, deu-lhe prestígio, traçou-lhe a presidência,
entregando-a a Jovino Guedes.
Café Java, berço da Padaria Espiritual
O Pão foi o órgão de divulgação da Padaria Espiritual, que
reunia o pensamento dos jovens escritores interessados em revolucionar o meio
literário cearense. Antônio Sales teve
papel importante ao escrever o estatuto-manifesto que expressava a ironia e o
humor dos membros. A imprensa do Sul do país destacou a movimentação dos jovens
escritores, publicando o programa de ação.
Bandeira da Padaria Espiritual - peça que se faz parte do acervo do Museu do Ceará (foto do acervo do blog)
Funcionário público, o escritor foi removido para o Rio de Janeiro, onde participa da fundação da Academia Brasileira de Letras. Enquanto isso,
assinava a coluna satírica “pingos e respingos”, publicada no jornal Correio da
Manhã. Por tecer críticas ao Ministro J.J.
Seabra, foi transferido para o Rio Grande do Sul onde passou alguns meses.
Com fama nacional através de jornais do Rio, São Paulo e Recife, Antônio Sales retornou ao Ceará em 1920. Em Fortaleza, tratou de reorganizar a Academia Cearense de Letras, tendo sido seu presidente no período de 1930 a 1937. Com 72 anos, faleceu em 14 de novembro de 1940, vitima de arteriosclerose renal.
Com fama nacional através de jornais do Rio, São Paulo e Recife, Antônio Sales retornou ao Ceará em 1920. Em Fortaleza, tratou de reorganizar a Academia Cearense de Letras, tendo sido seu presidente no período de 1930 a 1937. Com 72 anos, faleceu em 14 de novembro de 1940, vitima de arteriosclerose renal.
exemplar do Jornal O Pão
Wilson Bóia, autor do livro Escritores na Intimidade, narra o sepultamento do escritor:
- por uma gloriosa coincidência, o nosso morto, que tanto lutara pela implantação do regime republicano, seria enterrado num 15 de novembro, às nove horas, saindo o féretro de sua residência, na Rua Liberato Barroso, n° 1377 (hoje 1383), de propriedade do magistrado Carlos Livino de Carvalho, com destino ao Cemitério de São João Batista, funerais custeados pelo Estado.
A bandeira já descorada da Padaria Espiritual cobria o caixão funerário, testemunha muda de toda uma época irreverente. um grupo de intelectuais e de amigos conduziu o féretro à mão, acompanhado pelo povo em geral, estudantes, representantes do Interventor e do Prefeito e ladeado pelas alunas da Escola Doméstica de Fortaleza. O coche fúnebre levava numerosas coroas, tomando ainda parte no cortejo, 72 automóveis e 4 ônibus.
fotos do Arquivo Nirez
extraído do livro de Rogaciano Leite Filho
A História do Ceará passa por esta Rua
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