segunda-feira, 24 de maio de 2010

TV Ceará canal 2 – A Fábrica de Sonhos

Studio A - Cenário dos dramas de rua e de lutas encenados na programação
Inaugurada em 26 de novembro de 1960, a TV Ceará iniciou sua programação logo no dia seguinte a sua festa inaugural.
A chegada da TV à Fortaleza, dez anos depois da sua inauguração no Brasil, representou muito mais do que uma simples opção de lazer – foi um acontecimento, um fenômeno social que revolucionou a vida da cidade.
Na Fortaleza dos anos sessenta as pessoas tinham o hábito de sentar na calçada, o rádio ligado. As rodas de cadeiras na calçada às vezes se desfaziam durante uma novela ou um programa, mas logo se recompunham.
Naquelas pequenas assembléias formadas por vizinhos, se falava (mal) de tudo, da vida alheia, do governo, do custo de vida, sobre os acontecimentos do dia a dia.
As crianças se entretinham com as brincadeiras de roda, com o jogo de bola na rua. Quando a televisão chegou, botou todo mundo para dentro de casa.
A programação era ao vivo, gerada com talento local: cantores, atores, escritores e diretores, técnicos.
O Diretor de Programação Péricles Leal veio do Rio trazendo uma programação mais ou menos nos moldes das TV’s de São Paulo e do Rio de Janeiro: teatro de romance, videorama, contador de histórias e aos domingos, um show musical e mais os programas TV de mistério e TV de comédia.
O cearense Emiliano Queiroz, um dos pioneiros na TV, conta que todos eram polivalentes; que ele, em uma semana, fazia cinco ou seis personagens, escrevia os comerciais ao vivo, fazia contato com clientes, ensaiava e levava ao ar, realizava sorteios de carnês das lojas Romcy Magazine e era também apresentador.
Adaptou contos, e escreveu textos para o “Contador de Histórias”.
“O Contador de Histórias” foi um ambicioso projeto dirigido por Péricles Leal, onde adaptações de peças teatrais de autores famosos foram apresentados na série.
Havia um show, patrocínio da “Linholene”, que trazia para Fortaleza cantores do eixo Rio-São Paulo, onde se apresentaram Ângela Maria, Dalva de Oliveira e Norma Suely.
No departamento das anunciadoras, (as garotas-propaganda) cinco delas se tornaram estrelas de televisão: Rita, (que anunciava a loja Flama – símbolo de distinção); Stelinha (Banco União Sociedade Anônima, para servi-lo); Shirley, Adalgisa e Tatiana.
A TV ao vivo era pródiga em acidentes.
No teleteatro, numa cena entre Emiliano Queiroz e João Ramos – o grande nome do rádio e televisão do Ceará – numa cena de briga, o primeiro não desviou o rosto a tempo e teve o nariz quebrado no ar.
Em outra ocasião, em determinada cena, o ator deu um soco tão forte na borda de uma cama que ela quebrou e o cortinado do dossel caiu sobre sua cabeça. O programa saiu do ar por alguns minutos. Entrou o slide do indiozinho com a música.
Minutos depois a cena continuou com a cama, sem o dossel. Ninguém reparou.
Com o advento do vídeo-tape, mudou o modo de se fazer televisão no Brasil. O avanço tecnológico possibilitou a gravação dos programas, permitiu a correção dos erros e o estabelecimento de horários dos programas, mas, em compensação, decretou o fim da programação ao vivo.
A tele-dramaturgia estava com os dias contados.
Estúdio B em dia de programa de auditório. Os programas eram
animados por AugustoBorges


Jane Azeredo, Augusto Borges, (que também era apresentador) no centro, entre dois figurantes. Destaque para o guarda-roupa de época.
Cena do romance A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas. Emiliano Queiroz é o galã . Cleyde Holanda, a própria Dama
João Ramos e Emiliano Queiroz, vivendo papéis
importantes, em peça ambientada no século passado. Possivelmente cena do romance Lucíola, de José de Alencar
Emiliano Queiroz, Cleyde Holanda, Glice Sales, Maria Luiza e Lourdes Martins, no cenário concebido para o romance Diva, de José de Alencar
Ao fundo Augusto Borges e Rinauro Moreira.
À frente: Emiliano Queiroz e Wilson Machado). Em "A morte prepara o laço"

fontes:
LETÍCIA, Maria. Emiliano Queiroz na sobremesa da vida. Imprensa oficial: São Paulo, 2006.
CAMPOS, Eduardo. TV Ceará a Fábrica de Sonhos. UFC – Casa José de Alencar – Programa Editorial, 1999.

13 comentários:

Lúcia disse...

Danadinha, você, hein Fátima? Conseguiu o material que queria sobre a TV Ceará! Ótimo! Parabéns!

fatima garcia disse...

as fotos são do livro de Eduardo campos, o texto são de autorias diversas, mas a fonte principal é o livro sobre emiliano queiroz

Unknown disse...

qdoreiiiiiiiiii
Fatima! que boas lembranças da tv ceará...nossa passou um filme na minha cabeça srrsrsr, sabe eu fazia figuraçao em alguns casos especiais, minhas irmãs, como vc sabe, também estavam lá,Sobre este livro a fabrica de sonhos, meu irmao assis martins foi que fez a capa.Ele trabalha na reitoria e fez varias pesquisas pra fazer esta capa.muito bom este livro do Eduardo Campos!bjossssssss

Anônimo disse...

Trabalhei em novelas na TV Ceará Canal 2 no primeiro lustro dos anos sessenta. À época, claro a programação era "ao vivo", mas, eu me lembro que havia quase sempre alguém fotografando as cenas. Com quem ficaram essas fotos, por que não as expõem. Não ficariam melhor em um Museu de Imagens? Deve haver muitas outras fotos importantes guardadas. Quem sabe, até uma minha... Meu nome artístico era "Tony Rossas"

Fátima Garcia disse...

Olá Druca,
nesse livro do Eduardo Campos ele cita um fotógrafo chamado Leocádio Ferreira, que teria documentado todos os espetáculos da TV Ceará, e que são dele as fotos colocadas no livro, algumas delas eu coloquei no post. No Museu da Imagem e do Som deve haver material sobre a TV Ceará, vi algumas coisas lá, inclusive câmeras. Problema do MIS é que lá é cobrado R$3 por cada cópia de foto que vc solicitar, ou seja, se adquirir só uma foto não compensa, se adquirir várias, sai caro. E pensar que todo aquele material está lá, mofando nas prateleiras do MIS...
abs

Anônimo disse...

PARECIAMOS LOS ANGELES E BOLLYWOOD E OS GALÃS E MOCINHAS TINHAM NOSSAS FEIÇÕES E NOSSO ACCENT LATINO AMERICANOS A ZONA ALOGENA NUNCA ADMITIU ISSO ESCURRAÇADA DO INDICO E AGORA DO PROPRIO HOMELAND POR QUE NUNCA ENCONTRARAM MELHOR CORDEIRO QUE NA ZONA CATOLICIZADA MOR DO PLANETA

Zeca Zines disse...

Fátima Garcia, você sabe onde pode se ter acesso para leitura deste livro completo do Eduardo Campos - TV CEARÀ - A FÀBRICA DOS SONHOS

Manaus: Sua Historia disse...

a oportunidade me concedeu conhecer o filho de Leocadio Ferreira, em verdade ele possui um dos acervos mais ricos de fortaleza. parabens também pelo belo trabalho de restauro da Historia de Fortaleza!

Unknown disse...

Eu tinha 08 anos na época , lembro do programa Irapuan Lima , do João Ramos nas novelas que não lembro o nome , do praxedinho e da nicetinha que eram o sucesso da época ,da Ayla Maria cantando , ah e o nome do progama do praxedinho , ( dois na berlinda ) , que saudades do tempo bom que passou e não volta mais , mas restaram as boas lembranças !!!!

Dorelland Lima disse...

Eu era muito criança quando comecei a acompanhar a programação da TV Ceará. Contudo, aquelas imagens me marcaram de tal forma, que ainda posso lembrar vários nomes de atores, apresentadores e programas. Das atrizes, Carla Peixoto, Maria Luiza, Cleyde Holanda e Íris Bruno eram as melhores. Lembro de uma novela que fez muito sucesso, chamada As duas órfãs. Foi estrelada por Valdir Duarte e Lourdes Martins. Maria Luiza Moreira fazia uma vilã inesquecível. Dos atores, Emiliano Queiroz, Ary Sherlock e João Ramos, eram os mais destacados. Nunca esqueci de João Ramos fazendo O Médico e o monstro ao lado de Dora Barros. Joao Ramos fazia de tudo. Era ator, apresentador, narrador de futebol, até atuava como eletricista. Ele apresentava um programa chamado Sete dias em destaque e entregava uma jangadinha de metal aos homenageados. Ele também dava show no Contador de Histórias. Ary Sherlock brilhou interpretando São Francisco na novela O pobrezinho de Assis. Ainda consigo lembrar de algumas cenas dessas novelas inesquecíveis. Uma briga de ciganos em Quando as nuvens passam. O Emiliano também se destacava. Ainda o vejo ao lado de Cleyde Holanda numa cena de A dama das camélidas. Também não me sai da cabeça uma cena dele agredindo alguém na novela A maldição da Serra Azul. Das cantoras lembro das irmãs Ísis e Lourdes Martins e da Salete Dias. E havia os conjuntos de Moreira Filho e Ivanildo, com seu famoso sax. Na comédia havia o Videoalegre, com Renato Aragão, Rinauro Moreira en outros cujos nomes não recordo. Creio que o Wilson Aguiar, o “Cheiroso” também participava. Ele faria sucesso como o Nezinho do Jegue na novela O bem amado. Marcou época o programa Dois na Berlinda, com Marcus Miranda, Maria Luiza Moreira e Francisco Arruda como Seu Vigário. Anos depois Arruda reapareceria como jurado no Programa do Irapuã Lima ou do Augusto Borges. Dos noticiaristas lembro do Narcelio Lima Verde, Cândido Colares e Aderson Brás. Das garotas-propaganda, a melhor era a Shirly. Lembro também da Tatiana, Rita Angélica, Stelinha e Adalgisa e aStelinha. Estou me lembrando de outra, que fazia comerciais de sapataria e trabalhou na então TVE canal 5. E como esquecer a Neide Maia? Antônio Mendes, o Toinho, também era muito admirado. Que saudades.

Dorelland Lima disse...

Corrigindo, A Íris era Breno. Dela ainda recordo cenas de CASA DE BONECAS, ao lado de Gonzaga Vasconcelos.
.

Dorelland Lima disse...

Outra correção: a outra estrela de AS DUAS ÓRFÃS era VALDORA DUARTE, não Valdir Duarte.

Dorelland Lima disse...

E aqui vão mais lembranças da saudosa e inesquecível TV CEARÁ CANAL 2. Ainda tenho na mente uma cena de um garoto pintando uma cerca de madeira em AS AVENTURAS DE TOM SAWYER. Um dos atores-mirins era o filho de Rinauro Moreira. Havia nessa novela outras crianças, inclusive uma garota. Ela aparece numa cena tocando violão e cantando “sereno da madrugada, não deixou meu bem dormir”. Da novela MARAPONGA, lembro que era uma história trágica e tinha a participação de Lourdes Martins. Foi nessa novela que ouvi falar pela primeira vez em catalepsia, pois uma personagem teria sido enterrada viva. Na época isso me deixou muito impressionado. O grande João Ramos fez um par romântico com Íris Breno, numa história em que ela morre envenenada. Seria o DEMÔNIO E A ROSA? Outra cena solta a brotar da minha memória é uma briga de faca entre ciganos na novela QUANDO AS NUVENS PASSAM. De LUZIA HOMEM, se não me engano, lembro de um homem tentando subjugar a força uma mulher. Ainda vejo ondas quebrando sobre rochas ao som do Estudo Revolucionário de Chopin na abertura de TV DE ROMANCE. Era uma filmagem do grande POLION LEMOS.