sábado, 22 de maio de 2010

A construção do Porto do Mucuripe



O primeiro projeto relativo a instalação do porto do Mucuripe foi apresentado em 1870, por um engenheiro inglês, que recomendava o inicio das obras na enseada ali existente. Mas somente em 1886 os trabalhos foram iniciados. Apesar do conhecimento das condições do ancoradouro na ponta do Mucuripe, a quase ausência de arrecifes era apontada como um ponto desfavorável à instalação do porto naquele local.
Em pouco tempo a intensidade das ondas destruiu o que já havia de obras inclusive o próprio ancoradouro, o que foi determinante para o abandono do projeto. E as mercadorias continuaram sendo levadas em embarcações pequenas para os navios que ficavam a 500 metros da praia. Conta-se que as mercadorias chegavam molhadas e quem desembarcava não deixava de tomar um banho salgado.
Em 1908 foram feitos novos estudos e a construção do porto foi contratada e iniciada, Mas as obras federais em andamento no Nordeste foram suspensas ao final do governo do Presidente Epitácio Pessoa (1919-1922), quando somente 250 metros de viaduto haviam sido construídos, de um total de 800 metros projetados.
Desde 1920 que o governo estadual era concessionário das obras do porto, mas os problemas que afetam as administrações estaduais, já se faziam sentir desde aquela época: a atitude de descaso no trato das obras públicas, tanto no plano federal quanto no estadual, a falta de aplicação de recursos, além da quebra da continuidade da obra, arrastava as obras de construção do porto.
A morosidade da obra passou a fazer parte do anedotário popular, segundo o qual havia três sinfonias inacabadas em Fortaleza: a catedral, o cine São Luis e o porto do Mucuripe.
Em 1921 foi contratada a firma Norton Griffths, sob administração, para executar as obras. Os trabalhos tiveram andamento em 1922 e 1923, mas logo depois foram suspensos por motivos administrativos diversos;
Em 1939, foi instalado o canteiro de obras para construção do primeiro trecho de cais. Foram construidos 426 metros de cais acostável ao Porto de Fortaleza;
Em 1952, foram construídos os armazéns A-1 e A-2.
Em 1953, deu-se a atracação do Vapor Bahia, primeiro navio a atracar no novo Porto.
No decorrer do ano de 1964, deu-se a construção do armazém A-3, bem como foram iniciados os trabalhos de construção da estação de passageiros, do muro de fechamento e do cais 8 metros de profundidade;
Em 1968 foram inaugurados o armazém A-4, o prolongamento do cais de 10 metros de profundidade e a “Estação de Passageiros”.
Em 1980 foi inaugurado o cais pesqueiro, em 1982 foi inaugurado o píer petroleiro do Porto e em 1984 o armazém A-5.
Entre o inicio do segundo projeto e o final das obras, a construção do porto do Mucuripe durou mais de setenta anos, num monumental atestado de incompetência, passado por diversos governos estaduais, consumiu recursos incalculáveis e de quebra, destruiu a Praia de Iracema.
O Porto tornou-se um obstáculo para o fluxo de areias do litoral leste para o oeste, causando a drástica diminuição da faixa de praia na região da Praia de Iracema e o progressivo abandono das atividades portuárias e comerciais na área.
Ao mesmo tempo em que impulsiona o desenvolvimento, o novo porto é também fator de decadência das áreas tradicionais. Essa decadência atingiu o próprio centro da cidade e a zona da Praia Formosa, em torno do Dragão do Mar, onde havia atividades ligadas ao movimento portuário

Fotos: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=774672
Fontes: Verso e reverso do perfil urbano de Fortaleza, de Gisafran Nazareno Mota Jucá
Revista Fortaleza, fascículo 10
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