quarta-feira, 5 de maio de 2010

História de Fortaleza: A Queda do Governo Accioly

Praça Marquês do Herval, em 1906 (atual Praça José de Alencar) após a remodelação: jardins, estátuas e coreto. A Praça foi completamente destruída durante a revolta popular de 1912. ((Arquivo NIREZ))


Em Janeiro de 1912 as ruas e praças de Fortaleza se transformaram em campos de batalha. Na maior revolta urbana que o Ceará já conheceu, a população depõe o grupo político que dominou o Estado durante 20 anos, de 1892 a 1912. Comandado por Antonio Pinto Nogueira Accioly, o grupo teve como um dos principais representantes em Fortaleza o Intendente Guilherme Rocha, que ficou duas décadas no poder (de 12/07/1892 a 03/02/1912).
Chefe político desde o final da monarquia, quando chegou a ser deputado, senador e vice-presidente da Província, Nogueira Accioly reorganizou seu grupo tão logo foi proclamada a República.
Fundou o Partido Republicano Federal em 1890. A partir daí passou a comandar uma máquina política que ia da Assembléia, passava pela Câmara dos Deputados (onde elegeu toda bancada) até à maioria dos chefes políticos do interior, os chamados coronéis.
Essa situação favorecia práticas de nepotismo, fraudes, corrupção e atos de violência contra os adversários.
A situação de violência extrema chegou ao ápice quando a oposição lançou Franco Rabelo para a disputa do governo do Estado. Diante da ampla aceitação do opositor na cidade, os partidários de Accioly passaram a usar da violência e intimidação.
O clima político, tenso, agravou-se com três passeatas pró-Rabelo reunindo milhares de pessoas. Nas duas primeiras a polícia interveio atirando, provocando correrias, atropelos e deixando pessoas feridas.
Mas foi na terceira, uma passeata reunindo mais de 600 crianças, no dia 21 de janeiro de 1912, que o inesperado aconteceu: A cavalaria investiu sobre a marcha, atropelando e pisoteando quem encontrasse pela frente.
A partir desse fato começou o enfrentamento armado entre civis e policiais. A revolta teve inicio no dia 21 e só terminou no dia 24 com a deposição do oligarca.
Embarque do Presidente Antonio Pinto Nogueira Accioly (de cartola) quando de sua deposição (Arquivo NIREZ)
Durante a revolta popular, Fortaleza se transformou em palco de guerra, com tiroteios, emboscadas, trincheiras e barricadas.
A população enfurecida ocupou vários pontos da cidade, inclusive o Palácio do Governo, onde estava Accioly; promoveu saques e depredações, destruiu postes de iluminação, saqueou lojas, virou bondes e destruiu a fábrica de tecidos de Tomás Pompeu.
Entre os alvos da depredação, a Praça Marquês do Herval, atual Praça José de Alencar e a Avenida Nogueira Accioly, instalada no seu interior.
As eleições vieram logo após a revolta, com a vitória do candidato da oposição Franco Rabelo, que não governaria mais do que 2 anos.
Em 1914, da região do Cariri veio um exército de sertanejos, comandados por partidários de Accioly e abençoados pelo Padre Cícero, para depor pela força das armas, o novo governo. Novamente a população se preparou para o enfrentamento que acabou não acontecendo, face a intervenção do Governo Federal que substituiu Rabelo pelo Interventor Setembrino de Carvalho.

Fontes: Revista Fortaleza fascículo 4
Fortaleza Belle Epoque de Sebastião Rogério Ponte

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