A urbanização de Fortaleza foi bastante lenta no
século XIX, com baixo crescimento demográfico. A população que era de 12.195
habitantes em 1813 passa a 16.557 em 1837 e chega ao final do século com 50.000
habitantes. Em 1800 havia um “arruador”, para organizar o traçado das ruas e
treze anos depois a Câmara Municipal mandou elaborar uma planta parcial da
Vila, executada pelo engenheiro Antônio da Silva Paulet.
Poucas edificações se destacavam. O sobrado do Comendador Machado, com três pavimentos era o mais alto. Inicia-se a partir da metade do século, a época de maior florescência da cidade, corresponde ao atual centro, possuindo um acervo de 1418 casas, das quais 517 eram de tijolo e telha.
Poucas edificações se destacavam. O sobrado do Comendador Machado, com três pavimentos era o mais alto. Inicia-se a partir da metade do século, a época de maior florescência da cidade, corresponde ao atual centro, possuindo um acervo de 1418 casas, das quais 517 eram de tijolo e telha.
No período definido entre a metade do século XIX e a
Segunda Guerra Mundial no século XX é que foi construído praticamente todo o
patrimônio edificado de maior relevância da cidade e era composto por um
fabuloso e harmônico conjunto de edifícios residenciais e, inserido nele, um
moderado número de monumentos arquitetônicos de maior importância, em sua
maioria construções modestas, mas significativos para recontar do seu
crescimento.
A arquitetura da casa compondo com seu entorno imediato foi e será um dos legados mais importantes deixados para a nossa história. Ela é em geral mais humilde que os monumentos eclesiásticos e militares, mas tinha seu ponto alto na grande riqueza dos conjuntos edificados geradores dos seus espaços urbanos, que eram coerentes, extremamente proporcionais, harmoniosos em beleza, formas, escala humana e cores que delinearam a silhueta da cidade e geraram seu maior patrimônio.
Foi esse espaço organizado de maneira esmerada que deu importância a cidade. A largura das ruas, os espaços abertos, as praças, o dimensionamento dos lotes, a altura homogênea das edificações foram o que construíram essa coerência.
É precisamente nesse período que grandes empreendimentos que envolviam novas tecnologias construtivas foram feitos no Estado e fundamentalmente em Fortaleza. A estrada de Ferro, inaugurada em1873, insere na construção a estrutura metálica na execução de suas pontes e armazéns, chamando a atenção para esse novo método prático de construir, trazendo interessantes intervenções urbanas ao nível da edificação pelo poder público.
A cidade começava a despontar no cenário político e econômico da região, passando por um processo de modernização provocado pelo florescimento da ciência e da tecnologia, gerado pela revolução industrial. O algodão foi o produto que impulsionou o crescimento e o intercâmbio comercial contínuo com a Europa, fez com que informações sobre novos produtos chegassem até aqui com bastante rapidez, através de serviços de tecnologia moderna como o telégrafo e a telefonia.
É nesse contexto que a ideia de um mercado público
para Fortaleza, executado em ferro, onde foi aventada sua construção ainda em
1873. A ideia só veio a se concretizar duas décadas depois, 8 anos depois da
Exposição de Paris, comemorativa do centenário da tomada da Bastilha em 1889,
onde foi apresentado ao mundo o que havia de mais moderno na indústria
siderúrgica aplicada à engenharia como a Torre Eiffel, a Casa das Máquinas e
muitas outras edificações. O mercado da Carne foi inaugurado em 1897.
A partir desse evento a cidade adota uma maneira fugaz
de construir. A Capela do Pequeno Grande, com sua bela estrutura da coberta e
do coro, foi inaugurada em 1903. As praças se enchem de quiosques, coretos,
bancos de jardins, balcões, varandas e uma infinidade de novos elementos que
compuseram de uma maneira graciosa a fisionomia da arquitetura fortalezense,
que chegou a seu momento de maior esplendor com a construção do Teatro José de
Alencar, em 1910.
Até 1930, Fortaleza era uma cidade homogênea, com edificações que não ultrapassavam a dois pavimentos e uma escala bastante agradável. O seu perfil observado desde o mar era praticamente uma linha no horizonte. A Estação João Felipe, a Santa Casa da Misericórdia, a Cadeia Pública, a Fortaleza de N. S. da Assunção e a Catedral eram os edifícios mais representativos da paisagem da cidade, com apenas o contorno de seus telhados, chaminés e torres desenhando sutilmente seu perfil, emoldurados pelas serras ao fundo.
extraído do artigo: Patrimônio Edificado de Fortaleza,
de José Capelo
Filho. Do livro Ah, Fortaleza!
fotos: postais de época e arquivo Nirez
fotos: postais de época e arquivo Nirez
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