terça-feira, 2 de junho de 2015

Os Negócios realizados em Armazéns e Praças

Planta Exacta da Capital do Ceará, de Adolfo Herbster

O comércio de Fortaleza se estabelece no Centro. Armazéns, e prédios como os da Alfândega, Receita Estadual, e da administração municipal foram erguidos próximos ao porto. Com o desenvolvimento desta indústria exportadora, organizavam-se casas comerciais, como a Fábrica Philomeno Gomes nas Avenidas Francisco Sá e Sargento Hermínio. As ruas do centro adquiriram funções especializadas: determinada via concentrava o comércio de linhas e fios, outras de peças, um modelo evidente até hoje para quem percorre vias como as Ruas Pedro I e Castro e Silva.

Alfândega
O comércio se desenvolvia também na Avenida Alberto Nepomuceno e Rua Conde D’Eu. O Mercado São José coletava produtos do interior e os armazéns da Rua Governador Sampaio formavam o polo especializado na movimentação portuária. A cidade crescia na perspectiva do Riacho Pajeú: Catedral, Palácio da Luz, Assembleia Provincial, o porto e a produção de energia, e o Parque da Liberdade na saída da cidade.
Existiam territorialidades diferenciadas no centro da cidade: na Praça do Ferreira acontecia a feira da elite, mais selecionada. Naquela porção do centro tinha-se a distinção clara entre lazer e trabalho. O ócio era desfrutado no Passeio Público e os negócios eram feitos na Praça do Ferreira. A cidade se expandia, mas o Centro ficou restrito ao que foi projetado por Adolfo Herbster, na Planta Exacta do Ceará, em 1875.


Praça do Ferreira década de 1940


A feira popular acontecia na Praça Carolina, junto ao Mercado Central, na região onde hoje se encontra o Palácio do Comércio. A Praça do Ferreira exercia ainda uma função hoteleira, mas nada ligado a atual perspectiva de Fortaleza como cidade turística. Era a rota comercial que justificava a rede hoteleira. Hotéis como o Savanah recebiam os caixeiros viajantes, responsáveis pelo abastecimento da idade. Traziam artigos do Rio de Janeiro, Recife e de outras cidades maiores. Tornavam Fortaleza interessante, mas com uma sociedade de consumo limitado. Só com a abertura da Avenida Beira Mar nos anos 60, é que a cidade recebe equipamentos hoteleiros na praia com foco no turismo, hoje um dos  principais destinos turísticos do País.

 Até a década de 40 a cidade dava as costas para o mar e os deslocamentos tinham a ver com as visitas à familiares, idas às igrejas e as escolas. Fortaleza tinha formato estelar, com saídas para os eixos Bezerra de Menezes, Parangaba, através do Benfica, Estrada do Gado, pelo Montese; eixo Atapu, para Messejana e eixo Mucuripe, na região onde hoje fica o corredor comercial da Avenida Monsenhor Tabosa.

Outro fator interessante é que a parte do dinheiro arrecadado com o crescimento comercial foi utilizada para fazer melhorias na cidade, como a construção de chafarizes, colocação de um novo sistema de iluminação pública e o calçamento de ruas.



Extraído da revista Fortaleza – fascículo 3, de 23/04/2006 
fotos do IBGE e arquivo Nirez 

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